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Meio Ambiente
Reserva particular em assentamento gaúcho recebe pagamento por serviços ambientais
Pagamento por serviços ambientais estimula partilha de conhecimentos gerados na RPPN Sonho Camponês - Foto: Incra/RS
Implantada no assentamento Itapuí / Meridional - localizado no município de Nova Santa Rita (RS) -, a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Sonho Camponês receberá recursos financeiros por serviços ambientais.
A área de 6,95 hectares do casal Olímpio Wodzik e Azilda Ristow foi oficializada em junho de 2024 e compõe o projeto familiar de educação voltada ao meio ambiente.
A reserva foi a primeira em um lote da reforma agrária com acompanhamento do Incra no Rio Grande do Sul. Em julho deste ano, ficou entre as sete vencedoras no 1º Edital do Programa de Pagamento por Serviços Ambientais do Governo gaúcho. Como recompensa, terá direito a três parcelas anuais de R$ 3.890,00. “O mais importante é a visibilidade. A intenção é não ficar só para a gente. Se mais pessoas ficarem sabendo, talvez alguém se encoraje a criar uma RPPN também”, sugere Wodzik.
O dinheiro ajudará a pagar placas de identificação, obrigatórias por lei, além dos custos de implantação e dos documentos exigidos pelo edital. O segundo destino do recurso será a elaboração do plano de manejo. O objetivo é ampliar a pontuação da Sonho Camponês na tábua de valores por serviços ambientais e facilitar o ingresso em outros programas.
Este trabalho inclui levantamento da flora e da fauna, introdução de novas espécies nativas e controle das invasoras exóticas. A tarefa está sendo coordenada pelos filhos do casal, com apoio de pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Prefeitura Municipal de Nova Santa Rita.
Trajetória
Wodzik e a esposa conciliam atividades produtivas com meio ambiente desde que chegaram ao assentamento, em 1988. O lote de 14 hectares abriga agricultura orgânica, pecuária leiteira e recomposição florestal em constante rearranjo.
O sistema resultou na diversificação da biota, ressurgimento de animais não vistos há anos e na regeneração de uma fonte de água. Em 2017, o lote passou a ser objeto de estudos de aprendizado. "Recebemos grupos de quase todas as escolas do município”, conta o marido enumerando visitas vindas de outras cidades, universidades e realização de dias de campo.
A experiência mais recente e já compartilhada é o cultivo de morangos na palha. A estratégia evita o apodrecimento das raízes durante o excesso de chuvas e mantêm a umidade nos períodos de seca, em que a prioridade é diminuir a evaporação. “O manejo correto também cria raízes mais profundas e as plantas ficam mais resistentes”, ensina Wodzik.
Neste contexto, o pagamento por serviços ambientais contribui para concretizar o maior projeto da família: o Centro de Educação Ambiental Camponês (Ceacamp). “Usamos esse nome porque ser camponês significa viver da produção com a natureza”, justifica Wodzik. A ideia por trás da proposta é utilizar as experiências de agricultura regenerativa ambientadas no lote para impulsionar práticas semelhantes dentro e fora dos assentamentos. “Os eventos climáticos estão aí e vão ficar cada vez mais fortes se não fizermos nada para amenizar os problemas”, alerta o agricultor.
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