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Semana da Amazônia
Representantes da América Latina e Caribe fortalecem desenvolvimento sustentável na Amazônia
Diálogos Sobre Governança Responsável da Terra na Amazônia foi coordenado pelo Incra - Foto: Ascom/Incra
Durante três dias de debates e trabalho conjunto, a Semana da Amazônia: Desenvolvimento Rural Sustentável e Sistemas Agroalimentares, reuniu representantes de governos, organismos internacionais, academia, organizações indígenas, camponesas e da sociedade civil. A iniciativa, realizada de 2 a 4 de setembro, foi organizada pelo Governo do Brasil e Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), no âmbito do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO.
O evento buscou impulsionar as agendas de desenvolvimento sustentável na Amazônia e a integração regional da América Latina e do Caribe, promovendo espaços de diálogo e de construção de políticas para a transformação rural inclusiva, com o acompanhamento técnico da FAO em aliança com o Governo brasileiro.
O Economista-Chefe e Representante Regional da FAO para a América Latina e o Caribe ad interim, Máximo Torero, afirmou que encontros como este oferecem a oportunidade de avançar em uma agenda conjunta de transformação que integre políticas públicas sólidas, investimentos estratégicos que visem à adoção de novos modelos de economia amazônica, visibilizando as contribuições da agricultura familiar, dos povos indígenas e das comunidades tradicionais para o desenvolvimento sustentável da Amazônia.
O presidente do Incra César Aldrighi, por sua vez, falou sobre a importância da Amazônia como um espaço simbólico, que oferece grandes exemplos de como podemos seguir avançando em uma agenda de inclusão, de combate às desigualdades e de valorização dos saberes locais.
Já o diretor da ABC/MRE, embaixador Ruy Pereira, ressaltou que o compromisso do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO com a realização da Semana da Amazônia reflete o empenho com a agenda integrada de combate à fome e promoção do desenvolvimento sustentável.
Para a Secretária-Executiva do MDA, Fernanda Machiavelli, o bioma amazônico oferece ao mundo mais de mil variedades de alimentos, que são cultivadas nas florestas e são capazes de alimentar as pessoas.
Diálogo
Coordenado pelo Incra, o painel Diálogos Sobre Governança Responsável da Terra na Amazônia, privilegiou a troca de experiências e informações entre os países, apontou para a necessidade de avanço em uma agenda de transformação rural inclusiva e enfrentamento aos desafios das mudanças climáticas, por meio do fortalecimento de políticas de acesso à terra e da governança responsável da posse. O objetivo: reduzir desigualdades e empoderar as comunidades indígenas, afrodescendentes e camponesas da Amazônia.
Um dos destaques da agenda aconteceu no segundo dia de debates com a visita ao Projeto de Assentamento Agroextrativista Santa Luzia - Ilha do Baixio, localizado no município de Iranduba, a cerca de 45 minutos de barco de Manaus. Na área, 250 famílias trabalham com o plantio de hortaliças durante a estação seca e a pesca. O projeto foi criado em 2007 e é um exemplo de sustentabilidade.
Representantes dos países participantes conheceram as experiências desenvolvidas no local, visitaram plantios, tiraram dúvidas e debateram soluções coletivas para os problemas da comunidade.
O vice-presidente da Associação Indígena Mapuche Atkemun (Chile), Rodrigo Candiakare saudou a experiência vivida durante a visita ao projeto. Natural do sul do Chile, onde vive o grupo indígena, ele destaca que tanto em seu país quanto no Brasil, os povos originários e comunidades tradicionais tem uma relação de respeito com a terra. “Nós temos uma relação de respeito e cuidado com a terra e ela nos oferece os frutos para nossa alimentação e sobrevivência”, disse.
Para a diretora de Programa e Projetos Especiais do Incra, Débora Mabel Nogueira Guimarães, a oportunidade de apresentar a experiência da reforma agrária na Amazônia para as delegações estrangeiras é fundamental para enriquecimento das relações entre os povos.
Pautas
Durante a Semana também foram destacadas as contribuições da região para marcos internacionais como a Década da Agricultura Familiar das Nações Unidas, a Década da Restauração de Ecossistemas, a relevância dos acordos climáticos, especialmente em vista da COP30, que será realizada no Brasil em novembro de 2025; e o Fórum de Investimento da Iniciativa Mão a Mão.
Já a agricultura familiar, camponesa e indígena foi destacada nas atividades realizadas como um pilar estratégico para o desenvolvimento amazônico, contribuindo para a soberania e a segurança alimentar, a conservação dos recursos naturais e o fortalecimento das economias locais. Mais de 85% dos estabelecimentos agropecuários nos municípios amazônicos correspondem a agricultores familiares.
No III Diálogo Técnico Regional sobre Bioeconomia Amazônica e Transformação Rural Inclusiva foram tomados como base dois elementos estruturais: a estratégia regional amazônica de segurança alimentar, recentemente aprovada pela Declaração de Bogotá; e a iniciativa regional Amazônia Mão a Mão. Como resultado deste processo, foram identificados casos concretos de bioeconomia amazônica em nível de país.
Durante o Fórum Habitar a Amazônia, Alimentar o Futuro, os participantes trocaram experiências e boas práticas em torno do fortalecimento dos sistemas agroalimentares urbanos amazônicos. Produto de um diálogo entre representantes da Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador e Peru. De forma conjunta, com a FAO, a ABC, o MDS, juntamente com o Governos Locais pela Sustentabilidade (ICLEI) e o Comida do Amanhã, foi elaborada uma Rota para a sustentabilidade dos sistemas alimentares amazônicos que compreende ações em seis áreas-chave: mercados, circuitos de comercialização e oferta social; programas de compras públicas, alimentos e equipamentos de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN); nexo entre clima e alimentos; economia circular, perdas e gestão de resíduos; financiamento e investimento; e governança dos sistemas alimentares.
Cooperação Sul-Sul entre Brasil e FAO
A Semana da Amazônia também foi um espaço para reafirmar a aliança entre o governo do Brasil e a FAO, consolidada em uma trajetória de quase 20 anos. Por meio da Cooperação Sul-Sul, foram posicionadas iniciativas inovadoras baseadas na experiência do Brasil em políticas públicas de segurança alimentar e nutricional, além de ser um parceiro estratégico na luta contra a fome e na promoção do desenvolvimento rural no Sul Global.
A iniciativa foi organizada conjuntamente pela FAO, a Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE), o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), o Ministério do Desenvolvimento, Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e a Reunião Especializada da Agricultura Familiar do MERCOSUL (REAF Mercosul).
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