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Extrativismo
Projeto em assentamento cearense é destaque de audiência sobre extração de carnaúba
Na audiência se debateu a sustentabilidade e fortalecimento da cadeia produtiva da carnaúba - Foto: Incra/CE
Projeto desenvolvido no projeto de assentamento Aragão, voltado à geração de renda por meio da extração sustentável de carnaúba, foi destaque em audiência pública na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece). O evento abordou a atividade extrativista da palmeira, nativa do bioma da caatinga. Cera produzida a partir do pó extraído das palhas da planta integra lista de produtos cearenses exportados para o mercado internacional.
Na audiência - realizada em 20 de outubro no auditório do complexo das comissões técnicas da Alece, Fagna Sousa, do assentamento Aragão -, gestores públicos e representantes de organizações sociais e de movimentos do campo, além de assentados da reforma agrária e agricultores familiares, debateram temas relativos à sustentabilidade e fortalecimento da cadeia produtiva da carnaúba.
Os participantes focaram principalmente em questões como a melhoria das condições de trabalho dos extrativistas, financiamento de iniciativas produtivas envolvendo a planta, agregação de valor e aumento da geração de renda, além do uso de tecnologias na ação. Outro tema abordado foi o desenvolvimento de estudos para o combate da “Unha-do-Diabo”, planta trepadeira e parasitária que vem ameaçando os carnaubais.
O superintendente substituto do Incra/CE, Marcos Cândido, destacou a presença da ação extrativista em assentamentos do Estado e a importância em qualificar essa atividade em benefício dos extrativistas. “É importante priorizarmos essa ação, que é uma atividade muito importante para os nossos assentamentos, mas o que temos que fazer é qualificar, buscar metodologias adequadas de exploração, para fortalecer a cadeia produtiva da carnaúba”, disse.
Extração sustentável
Os participantes tiveram a chance de conhecer uma experiência inovadora e sustentável na extração de derivados da carnaúba, desenvolvido no assentamento Aragão - localizado no município de Miraíma (CE), a 191 km da capital Fortaleza.
Lá, um projeto aliou práticas tradicionais com o uso de equipamentos adequados para o trabalho, além da construção de uma estrutura inovadora, para obtenção de um pó cerífero (matéria-prima principal da produção) com mais de 90% de pureza, o que contribuiu para gerar mais renda para as famílias por meio da venda da substância, usada na produção da cera de carnaúba.
A qualidade do pó foi obtida graças a uma inovação: a construção de um secador solar, uma estufa onde é feita a secagem da palha e extração do pó, preservado na estrutura de impurezas trazidas pelo vento. A experiência foi relatada na audiência pela coordenadora de Programas Socioambientais da Associação Caatinga, Marília Nascimento, e pelo presidente da Associação Comunitária do Assentamento Vida Nova / Aragão (Ascavin), Leoncio de Melo.
A Associação Caatinga - organização social que atua em projetos voltados à preservação do bioma -, pretende agora expandir a ação em outras áreas reformadas no Estado. Em Aragão, o desejo é partir para a produção da cera no próprio assentamento, por meio da instalação de uma minifábrica na comunidade.
O trabalho, realizado entre agosto de 2023 e maio do ano passado, foi tema de reportagens exibidas no programa Globo Rural, em setembro, e repetida no Nordeste Rural, da afiliada da TV Globo no estado, em 19/10/2025. Também foi pauta de matéria publicada no portal do Incra.
Carnaúba
No Ceará, a prática extrativista da carnaúba é bastante disseminada nas comunidades rurais e assentamentos locais, importante para obtenção de renda nos períodos de seca. Da planta símbolo do estado, desenhado no brasão da bandeira estadual e muito presente no cenário das estradas do interior, além do pó para produção da cera é possível obter peças artesanais feitas da palha e ração animal da retirada dos frutos.
Na indústria, a cera da carnaúba vem sendo usada na produção de alimentos, cosméticos e medicamentos, além de plásticos e diversos outros produtos, como os automobilísticos. Em 2024, o estado exportou 11,9 toneladas do artefato, movimentando US$ 76,9 milhões na exportação do produto. A venda do artigo teve um incremento na participação da pauta de exportações local, passando de 2,11% em 2022 para 5,14% no ano passado. Os dados foram divulgados no último dia 10 de outubro pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).
Conclusões
No final do evento entregou abaixo-assinado reivindicando melhorias nas condições de extração da carnaúba. Ficou definido que um Grupo de Trabalho, com a participação da autarquia e outras instituições, será formado para discussões acerca da atividade no estado.
Além da Regional cearense do Incra participaram da audiência o superintendente do Ministério do Desenvolvimento Agrário no Ceará (MDA/CE), José Wilson Gonçalves, representantes do Banco do Nordeste (BNB), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Federação das Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais do Ceará (Fetraece), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), da Secretaria estadual de Desenvolvimento Agrário (SDA), além de lideranças de assentamentos e comunidades rurais.
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