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Mulheres conquistam avanços e são homenageadas no assentamento Visconde (RJ)
Com créditos do Fomento Mulher a produção agrícola sustentável amplia renda no Visconde - Foto: Incra/RJ
Mesmo com a passagem do mês do Dia Internacional da Mulher, as agricultoras do assentamento Visconde, em Casimiro de Abreu (RJ), permanecem comemorando suas conquistas. Ainda em março de 2025, no dia 22, durante a ação integrada do projeto Defensoria em Ação no Campo, elas receberam homenagem do Incra pelo recebimento do Fomento Mulher - crédito no valor de R$ 8 mil que financia projetos produtivos de mulheres titulares de lotes de Reforma Agrária.
Segundo a superintendente regional do Incra/RJ, Maria Lúcia de Pontes, que homenageou as assentadas com a entrega de um cheque simbólico do Fomento Mulher, “essa comemoração, que aconteceu no mês do Dia Internacional da Mulher, simboliza a volta da Reforma Agrária e o empoderamento conquistado pelas mulheres, que com esse crédito então transformando a realidade produtiva dos seus lotes”.
Fomento Mulher
Gilvanete Silva da Rocha, de 48 anos de idade, é moradora no Visconde e filha da assentada Maria da Guia Conceição, que recebeu o Fomento Mulher para fazer a manutenção e melhoria do galinheiro e do apiário. “Além do mel, galinhas e ovos, produzimos milho, aipim [mandioca], feijão, quiabo, abóbora e frutas, que vendemos na feira e fornecemos para a merenda escolar”, informou ela, que também é secretária da Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Assentamento Visconde.
Em Visconde desde 2005, Maria Coelho da Fonseca, conhecida como Graça, já tem seu galinheiro e produz galinhas para consumo da família. “Com o Fomento Mulher, quero comprar pintinhos, mas estou esperando baixar o preço, já que preciso de uns 300”, explicou ela, que também planta feijão e milho e é viveirista, produzindo mudas nativas para o reflorestamento da Bacia do rio São João / Mico-Leão-Dourado, em um projeto do Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade - ICMBio.
Investir o Fomento Mulher em piscicultura, criando tilápias, é o objetivo de Irani da Rocha, assentada no Visconde há sete anos. Segundo ela, que já produz leite, o peixe é de fácil comercialização na região. Transferida do assentamento Floresta de Belém, em Itaperuna (RJ), está muito feliz em Visconde. “Aqui é um grande jardim com muita união, sossego. Todo mundo trabalha no seu lote, vende nas feiras sexta e sábado e ganha seu dinheiro”, afirmou Irani.
Ação integrada
Além do Incra e da Defensoria Pública Estadual, participaram da ação integrada a Defensoria Pública da União, Departamento Estadual de Trânsito do Rio de Janeiro (Detran/RJ), ProforEXT-UFF, Mandato da Deputada Marina do MST e Prefeitura Municipal de Casimiro de Abreu.
“Visconde é sempre bem atendido pelo Incra, pelos programas da reforma agrária. E hoje, especialmente, esta primeira de ação social está muito boa, ajudando as pessoas que estão satisfeitas, elogiando o Incra e os outros órgãos públicos”, comemorou o presidente da Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Assentamento Visconde, Roberto Carlos da Costa Muniz, o Robertão.
Eleito em 2021 e reeleito em 2023, ele fala com orgulho da linda sede da Associação: “era a sede da antiga fazenda, que mantemos com as contribuições dos associados”. Casado e pai de dois filhos, Robertão está em Visconde desde 2006 e produz no seu lote aipim / mandioca, milho, leite e feijão - este último, vendido para a Cooperativa Agro Verde, sendo os demais produtos comercializados em feiras, sacolões e fornecidos para a merenda escolar
Criado pelo Incra em 19/01/1999, o assentamento Visconde tem atualmente 84 famílias numa área de 1,13 mil hectares, resultado da desapropriação em 04/11/1998 da antiga Fazenda Visconde. Ele é fruto de um processo de ocupações de várias usinas canavieiras falidas nas regiões da Baixada Litorânea e Norte Fluminense, durante os anos de 1980 e 90.
O território do assentamento Visconde tem em seu limite a Reserva Biológica Poço das Antas, destinada ao projeto de preservação da Mata Atlântica e do mico-leão-dourado. O assentamento tem vocação para produção de hortaliças, gado leiteiro, queijo e cultivos diversos.
Projeto selecionado
O mês de abril chegou com mais uma boa notícia para as mulheres do Visconde, já que o projeto Feijão sem Veneno, liderado por oito assentadas, foi selecionado pela chamada nacional da Teia da Sociobiodiversidade, em uma iniciativa do Fundo Casa. Com apoio financeiro da Caixa, a Teia pretende impulsionar transformações em comunidades locais e tradicionais, fortalecendo projetos de desenvolvimento sustentável em todo o Brasil.
O projeto Feijão sem Veneno é fruto de uma ampla parceria, que contou com o apoio do Incra e a importante participação do ICMBio, por meio principalmente da analista ambiental Roberta Leocádio Dias, do Núcleo de Gestão Integrada Mico-Leão-Dourado, em Silva Jardim. “Comemoramos a conquista desse recurso que será investido na sustentabilidade da produção rural e na geração de trabalho e renda para as agricultoras de Visconde, que passa pela organização social. Estamos provando que sozinho a gente vai até a esquina, mas juntos, o céu é o limite”, afirmou Roberta.
O objetivo do projeto é permitir que os agricultores adquiram equipamentos e alcancem uma produção de melhor qualidade e quantidade, além de permitir o acesso a mercados alimentares como o Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE. Para isso, é fundamental a reforma do galpão já existente no assentamento para guardar os maquinários com segurança.
O fato do projeto ser liderado por oito mulheres foi destacado por Maria Coelho, uma das participantes. “As mulheres em geral evoluíram. E com essa evolução, viram que podem fazer e não são dependentes do homem. Por isso que a gente entra, faz e cada vez mais está à frente de tudo”, disse ela. Gilvanete completou. “Participo do projeto com minha mãe, que está aqui desde o início do assentamento. A mulherada aqui cai pra dentro do serviço. E são participativas em tudo, em todos os eventos da comunidade”.
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