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Primeira ação integrada de 2025 atende assentados de Cambucaes, em Silva Jardim (RJ)
Atividade teve participação de dezenas de assentados e integrantes de órgãos públicos - Foto: Incra/RJ
O sol quente e o dia seco e abafado não desmotivaram dezenas de famílias a comparecerem à sede da Associação Unidos Venceremos dos Pequenos Agricultores do Assentamento de Cambucaes – localizado no município de Silva Jardim, na região das Baixadas Litorâneas, no Rio de Janeiro -, para a primeira ação integrada de 2025 do projeto Defensoria em Ação no Campo.
A atividade, realizada em 15/2/2025, teve participação, além do Incra e da Defensoria Pública Estadual, integrantes da Defensoria Pública da União; do Departamento Estadual do Trânsito do Rio de Janeiro (Detran/RJ); Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de Janeiro (Emater/RJ), Programa ProforEXT-UFF e Prefeitura Municipal de Silva Jardim.
Criado pelo Incra em 28/12/1995, o assentamento de Cambucaes tem atualmente 101 famílias numa área de 1.588,42 hectares – a partir de ação de desapropriação em 27/12/1983 de parte da antiga Companhia Açucareira Paraíso.
O assentamento de Cambucaes é fruto de um processo de ocupações de várias usinas canavieiras falidas nas regiões da Baixada Litorânea e Norte Fluminense durante os anos de 1980 e 90. O território do assentamento de Cambucaes tem em seu limite a Reserva Biológica Poço das Antas, destinada ao projeto de preservação da Mata Atlântica e do mico-leão-dourado.
Produção
Os principais produtos de Cambucaes são aipim / mandioca, inhame, milho, banana e abacaxi. Há também criação de gado de corte e leiteiro, aves, porcos, caprinos e piscicultura. Boa parte da comercialização acontece na feira livre, realizada todos os sábados pela manhã, no centro de Silva Jardim. A produção também é fornecida para a merenda escolar da cidade.
Segundo Aluísio Schumaker - de 58 anos de idade, pai de dois filhos, e que está há 32 anos está em Cambucaes e é pela segunda vez presidente da associação desde novembro de 2024 -, “a dificuldade que nós temos aqui é escoar a mercadoria porque a produção é maior do que nossa capacidade de comercialização, já que o município é muito grande, com mais de mil agricultores para a prefeitura dar assistência”.
Além de Cambucaes, Silva Jardim tem mais dois assentamentos da reforma agrária: Aldeia Velha e Sebastião Lan.
O presidente da associação fala com orgulho da preocupação ambiental que prevalece no assentamento. “A gente tem coleta de lixo regular, estamos investindo em fossas para o esgoto e evitamos ao máximo usar agrotóxicos. Temos aqui um projeto de produção orgânica, trazido pela Associação Mico-Leão-Dourado, que nós abraçamos”, afirma Aluísio, que também ressaltou a diversidade da Diretoria da Associação, informando que de seus nove membros, quatro são mulheres.
Assistência técnica
Atua em Cambucaes desde o primeiro semestre de 2024 o Programa de Formação em Assistência Técnica e Extensão Rural para Assentamentos de Reforma Agrária (ProforEXT), uma iniciativa lançada em 2023 pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) com a participação do Incra e que conta com a atuação de 16 instituições de ensino superior do país.
No estado do Rio de Janeiro, a parceira é a Universidade Federal Fluminense (UFF), que atua nos assentamentos de Cambucaes, em Silva Jardim, e Visconde, em Casimiro de Abreu.
O professor Flávio Castro, que trabalha no Departamento de Engenharia Agrícola e Meio Ambiente da UFF, é o coordenador regional do ProforEXT. Na ação integrada em Cambucaes, além dele, participaram a residente Gabriela, o estagiário Felipe e os três agentes locais de formação – Phâmellah Lemos, João Paulo e Paulo Vitor, jovens moradores do assentamento. “São eles que levam as demandas para as capacitações. O futuro do assentamento é muito vinculado aos jovens. Proporcionar o conhecimento técnico para a melhoria da produtividade e da qualidade, aumenta a geração de renda e garante a produção de alimentos mais saudáveis”, afirmou o professor.
Agente local de formação escolhida pelos assentados de Cambucaes junto com colegas João Paulo e Paulo Vitor, Phâmellah Victóriah Lemos, de 21 anos de idade, é moradora no assentamento desde dois anos de idade com os pais e a irmã. “Estamos aprendendo muita coisa pra passar porque a gente não tinha um conhecimento. Sempre há novas experiências e procuramos ajudar o pessoal que precisa”, declarou ela, que estuda Direito.
As principais demandas de capacitação identificadas em Cambucaes foram técnicas de esgotamento sanitário, bovinocultura de leite, produção de queijo, fertilidade de solos e irrigação.
Ação integrada
Na ação integrada foram entregues pelo Incra 14 Contratos de Concessão de Uso, entre eles o de Ana Lúcia, uma das moradores mais antigas do assentamento, e duas declarações para desbloqueio, além de orientações e encaminhamentos a outros órgãos presentes. “A ação foi um sucesso e demonstra a força desse movimento conjunto para a cidadania plena, quando assentados foram atendidos por instituições com a missão de garantir o acesso aos mais diversos direitos. Essa é a marca do Projeto Defensoria em Ação, que o Incra abraçou desde seu início em junho de 2023”, afirmou a superintendente regional, Maria Lúcia de Pontes.
A jovem assentada Phâmellah compartilha da mesmo opinião: “Foi uma ação perfeita. É uma coisa que não tem há muito tempo, nem no município, que está acontecendo aqui hoje no assentamento. Com benefícios, informações e conhecimento. Foi uma importante ajuda para muita gente”.
Já outro assentado, Ivan Julio Ferreira, de 39 anos de idade, deu nota 10 para a ação, “porque tudo que é realizado para o progresso e melhoria, hoje já tá dando certo e amanhã vai ser melhor ainda”, disse ele, que é filho de fundadores do PA Cambucaes, o casal Paulo Cesar da Cunha e Dilma Gomes da Cunha, atualmente com 96 e 72 anos de idade, respectivamente.
Na avaliação do presidente da associação Aluísio Schumaker, “nunca tivemos uma ação assim em Cambucaes. Nas últimas gestões do Incra, havia muita cobrança e ameaça. Já a atual gestão trouxe pra gente um novo horizonte. Estamos acreditando no Incra. A comunidade participou. Passaram por aqui mais ou menos 70% das famílias”, comemorou.
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