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Crédito Instalação
Crédito viabiliza retomada produtiva a quatro mil famílias assentadas no Rio Grande do Sul
Replantio da horta foi a primeira providência de Nelson Barbosa com o Crédito recebido - Foto: Incra/RS
Um ano após as chuvas que devastaram o Rio Grande do Sul em 2024, assentados no estado estão restabelecendo atividades produtivas dos lotes com recursos do Crédito Instalação do Incra, na modalidade Fomento. O valor de R$ 16 mil por família foi assegurado pelo Governo Federal e já proporcionou a concretização dos projetos de milhares de beneficiários.
Até o momento, 4.064 famílias gaúchas receberam os recursos financeiros do Crédito Instalação, totalizando R$ 65 milhões liberados em três remessas - realizadas em março e maio de 2025. A prioridade foi para os 13 municípios que decretaram estado de calamidade pública – muitos na mancha de inundação. No total, o Incra vai operacionalizar o aporte de R$ 193 milhões - suficiente para contemplar 12.005 unidades familiares.
Luiz Antonio e Ivani Piovesan são do assentamento Tempo Novo - localizado no município de Taquari -, e receberam o auxílio financeiro na primeira leva de liberações. Eles sacaram o dinheiro no caixa eletrônico com o cartão do Crédito Instalação e empregaram o montante em gado e estufa. “Eram coisas que a gente vinha conversando e planejando fazia tempo, mas não tinha oportunidade de fazer”, revela a esposa.
Os assentados compraram duas novilhas da raça angus com o objetivo de aumentar o padrão genético do rebanho destinado a corte. “É nossa principal fonte de renda. Vendemos as reses grandes para um frigorífico e as menores para terceiros, que fazem engorda”, explica Ivani. O casal comprou mais uma vaca, prenhe e de aptidão leiteira, para gerar excedente com o qual a agricultora pretende confeccionar queijos.
A segunda linha de aplicação foi a estufa, que já fornece alface, vagem, rúcula e temperos para a família. Luiz e Ivani tiveram horta comercial anteriormente, mas pararam por falta de rentabilidade. A intenção é reestruturarem a atividade até alcançar produção suficiente para participar de feiras. “Com estufa é outra qualidade”, menciona o esposo.
Segundo Ivani, os novos projetos ajudam a superar a lembrança do tempo em que o casal ficou desalojado por conta da enchente. “Daqui até o rio tem oito lotes e todos ficaram embaixo d’água”. O município foi um dos mais atingidos pelas cheias e, por isso, entrou no grupo prioritário de operacionalização dos recursos.
Também na Região Metropolitana, o casal Patrícia da Silva Ramos e Nelson Marques Barbosa aproveitou os R$ 16 mil para incrementar a diversidade do lote no assentamento Apolônio de Carvalho, em Eldorado do Sul. Eles sacaram o recurso na agência do Banco do Brasil no município - portando documento de identificação com foto -, e já aplicaram quase todo o valor.
Os investimentos deram suporte a três atividades econômicas nos 2,5 hectares em torno da casa - os outros dez são ocupados por arroz orgânico em regime coletivo. “O objetivo é subsistência e renda para não ter que trabalhar fora”, informa Patrícia.
Quase metade da verba financiou a compra uma vaca prenhe destinada à produção de leite, queijos e doces. A segunda maior parcela virou material e ferramentas para construir um galpão capaz de abrigar o animal e pelo menos vinte galinhas poedeiras. O crédito ainda rendeu forno, cilindro e sovadeira, onde a assentada passou a produzir pães e bolachas comercializados nas redondezas.
Até então, a ocupação principal da família era a horta de dois hectares, que ficou um mês alagada durante as chuvas. “Saímos de casa de barco, na noite de 4 de maio”, lembra Patrícia.
Os canteiros foram prioridade na reconstrução e ganharam mudas de hortaliças adquiridas com recursos do crédito - plantadas em março. “Já estamos colhendo. Foi o primeiro lucro do Fomento”, relata a agricultora. A intenção é fortalecer a participação do núcleo familiar como fornecedor do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e na vizinhança.
“Fazemos entregas de encomendas na cidade e vendemos direto no lote. É só pedir que vamos na hora colher alface, cenoura, beterraba. O que a pessoa pedir. Tudo fresquinho”, anuncia a agricultora.
Planejamento
Na Região Sul do estado, o Crédito promoveu incremento nas linhas produtivas existentes e na infraestrutura dos lotes. “A maioria das famílias optou por melhorar o rebanho de corte e de leite, mas muitas aproveitaram para construir açudes e reforçar a reservação de água”, relata o técnico da Emater-RS/Ascar em Pedras Altas, Sergio Madruga Furtado.
O profissional explica que o investimento em reservatórios deve favorecer a agricultura e o abastecimento das famílias, uma vez que o município vinha enfrentando longos períodos de estiagem. Já a aquisição de bovinos pelos assentados chegou a aquecer o mercado do setor na região.
Juarez José Faco da Silva comprou cinco terneiras / bezerras com o Fomento e seis com economias próprias. “Para fechar o lote de 11 cabeças e aproveitar o frete”, justifica. O agricultor conta que dedicava o lote de 23 hectares exclusivamente ao plantio de grãos há mais de dez anos, mas secas sucessivas estavam inviabilizando a agricultura. “É muito caro para o pequeno produtor e o clima da região é ruim para lavoura”, reflete.
Há três anos, ele começou a cercar o lote pensado em reingressar na criação de gado. Os R$ 16 mil do crédito Instalação foram o aporte que faltava para concretizar o projeto. Parte da área será ocupada por milho para silagem e o restante por piquetes com pastagem. “Vou botando mais bichos aos poucos até chegar em 25 ou 30 cabeças. Ir comprando em uma época do ano e vendendo na outra, para viver disso”, programa.
Produção leiteira
No assentamento Estância Velha I, no município de Hulha Negra, a agricultora Gladis Winck também já investiu o recurso, pensando em mudar a linha produtiva de seu lote. Ela adquiriu três novilhas e uma vaca leiteira, que vão se somar a outros dez animais que mantém na área. “Vai ajudar muito no melhoramento do rebanho”, comemora.
A ideia é recomeçar na produção leiteira, computando o tempo de gestação dos animais, por setembro deste ano. Ela conta que, de início, a ordenha será feita manualmente, “para depois ir aperfeiçoando”, com possibilidade de entrega do produto através de uma cooperativa da região.
Gladis lembra que o período de chuvas intensas há um ano foi muito complicado na região. “Foi bem difícil. Parte do gado adoeceu. As estradas ficaram horríveis. As crianças sem escola”. Para ela, o recurso do Fomento veio em boa hora, pois “motiva o agricultor a seguir em frente, a melhorar a propriedade”.
Assentada há 18 anos, Gladis já havia trabalhado na produção leiteira, mas desistiu em função das estradas. Agora, ela conta também com os investimentos que o Incra/RS direcionou, por meio de convênio com o município de Hulha Negra. Serão recuperados 206,53 km de vias em assentamentos do município com custo total de R$ 15,4 milhões. Os projetos foram aprovados pelo Instituto, e a Prefeitura Municipal já foi autorizada a licitar a execução.
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