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DIREITOS INDÍGENAS
MDHC fortalece formação de jovens indígenas LGBTQIA+ Guarani-Kaiowá em saúde, agroecologia e direitos humanos
(Foto: Equipe do Programa Bem Viver+)
O Programa Bem Viver+ realizou o curso Tekoporã, iniciativa voltada ao fortalecimento das juventudes indígenas LGBTQIA+ Guarani-Kaiowá, em parceria com a Secretaria Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ do Ministério dos Direitos Humanos (MDHC), a Escola Política de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) e a Faculdade de Direito e Relações Internacionais da Universidade Federal da Grande Dourados (FADIR/UFGD).
Entre os dias 21 e 29 de novembro, o programa consolidou uma formação inédita voltada ao fortalecimento de jovens indígenas LGBTQIA+ Guarani-Kaiowá em saúde, agroecologia e direitos humanos. A segunda etapa do curso, realizada em Dourados (MS), certificou 40 jovens de diferentes aldeias do estado.
Alessandro Mariano, chefe de Gabinete da SLGBTQIA+, destacou a importância do curso: “Nesta etapa do Curso Tekoporã, as indígenas LGBTQIA+ Guarani Kaiowá têm encontrado caminhos para curar dores profundas, feridas marcadas pela LGBTfobia que tem vitimizado amigos, que foram mortos por ser LGBTQIA+ ou vítimas de suicídio nas aldeias”.Ele ressaltou que, por meio da abordagem da agroecologia, as pessoas indígenas LGBTQIA+ reaprendem os conhecimentos da terra e se reconectam aos saberes ancestrais e à espiritualidade de seu povo, cultivando autoestima, coragem, organização coletiva e pertencimento.
“Por meio do plantio de sementes e árvores, e da valorização dos conhecimentos tradicionais, elas fortalecem sua identidade, reconstroem vínculos comunitários e reafirmam seu direito de ser e existir como são, sem medo e com esperança”, finalizou.
Segundo Anakeila Barros, da EPSJV/Fiocruz, “o eixo pedagógico desta etapa foi a agroecologia, fortalecendo o diálogo entre os saberes tradicionais indígenas e os conhecimentos científicos, com foco na prática política e educativa necessária à produção agroecológica”. Ela explica que, além das aulas teóricas, “os estudantes puderam realizar práticas no território, recebendo sementes e mudas para plantarem em seus Tekohas”.
Anakeila acrescenta que a formação também ampliou o repertório cultural dos jovens: “tivemos aulas de teatro e dança com docentes indígenas, com apresentações na noite cultural”. Segundo ela, “a Língua Portuguesa continuou sendo trabalhada como instrumento de organização política, por meio da leitura, interpretação de textos e imagens e produção escrita”, e os resultados já são perceptíveis: “o trabalho comunitário começa a gerar frutos, com o registro do plantio das mudas e sementes”.
No contexto específico dos territórios Guarani Kaiowá, localizados no Mato Grosso do Sul, estado que abriga a segunda maior população indígena do país, o projeto reforça o compromisso do MDHC com ações estruturantes de enfrentamento às múltiplas formas de violência vividas por jovens LGBTQIA+ indígenas. Esses jovens enfrentam vulnerabilidades agravadas pelo racismo estrutural, pela LGBTQIAfobia, pela violência territorial e pelo acesso limitado a direitos fundamentais, como saúde, educação e segurança.Diante desse cenário, o Ministério tem desenvolvido estratégias formativas voltadas ao fortalecimento cultural e à defesa de direitos, incluindo o direito à saúde, promovendo condições para que as juventudes possam atuar de forma autônoma e comunitária em seus territórios.
Educação, ancestralidade e sustentabilidade
Com 478 horas de duração, o curso é organizado pela pedagogia da alternância, combinando períodos presenciais intensivos e atividades práticas nas aldeias. As formações abordam temas como bem viver, sexualidade e gênero, direitos humanos, saúde indígena, agroecologia, soberania alimentar e comunicação popular.
Os jovens também desenvolveram um diagnóstico participativo de seus Tekohas, palavra de origem guarani que significa “lugar onde se é”, e um plano de vida, que orientará ações locais de reflorestamento, plantio de espécies nativas e fortalecimento cultural.
As participantes saíram com tarefas a serem realizadas em suas comunidades, incluindo o plantio de sementes e mudas de árvores, além do registro dessas experiências para compartilhar na próxima etapa do curso, prevista para março de 2026.
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Texto: R.M.
Edição: G.O.
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