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POVOS INDÍGENAS
Ministra Macaé Evaristo destaca papel das mulheres indígenas na construção da democracia em abertura da 1ª Conferência Nacional das Mulheres Indígenas
(Foto: Clarice Castro/MDHC)
Na abertura oficial da 1ª Conferência Nacional das Mulheres Indígenas, realizada nessa segunda-feira (4), em Brasília (DF), a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, exaltou a potência transformadora da presença das mulheres indígenas na política e reafirmou o compromisso do governo federal com a proteção dos direitos dos povos originários.
Realizado a partir de parceria entre o Ministério das Mulheres, o Ministério dos Povos Indígenas e a Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA), o evento deve reunir cerca de 5 mil mulheres indígenas de diferentes biomas e povos do país e tem como objetivo principal debater e construir políticas públicas específicas para esta população, com foco no enfrentamento à violência, justiça climática, demarcação de territórios e valorização do conhecimento ancestral.
Compromisso com direitos
Durante sua fala, a ministra Macaé destacou a força simbólica e política da ocupação do espaço público pelas mulheres indígenas. “Pensar a presença de mulheres nesse espaço e na política, por si só, é revolucionário e transformador, porque nunca nos sonharam aqui. Então, é maravilhoso olhar para Brasília e ver tantas mulheres, de tantos povos, ocupando esse lugar que é nosso por direito”, afirmou.Macaé também alertou para as graves violações de direitos humanos enfrentadas por comunidades indígenas, especialmente em função dos conflitos fundiários e da exploração ambiental. “A violência que atinge os territórios indígenas não é ocasional, é cotidiana, estrutural, e atinge inclusive crianças e pessoas idosas. São empresas e agências que querem usurpar não só a terra, mas também nossos corpos e nossa existência”, denunciou.
A ministra relatou, ainda, o cenário enfrentado em seu estado de origem, Minas Gerais, onde a mineração descontrolada tem impactado profundamente comunidades tradicionais. “Quando chega a mineração, a primeira coisa que fazem é tentar expulsar nosso povo do território. E quando não conseguem, nos matam diariamente, seja pelo envenenamento das nossas terras e rios, seja pela negação de direitos à educação, à saúde, à dignidade”, lamentou.Nesse contexto, Macaé destacou o papel do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Ambientalistas e Comunicadores (PPDDH), coordenado pelo MDHC e que, atualmente, acolhe majoritariamente indígenas, quilombolas e trabalhadores da reforma agrária.
Em sua fala de encerramento, a ministra evocou a força da ancestralidade e da resistência, referenciando a escritora Conceição Evaristo: “Eles combinaram de nos matar, mas esqueceram que nós combinamos de não morrer. E essa conferência é a prova viva de que nós seguimos em luta, em marcha, até que a justiça prevaleça para todos os nossos povos”, concluiu.
Luta coletiva
Presente na solenidade, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, reforçou a importância do evento como marco histórico para o protagonismo das mulheres indígenas. “Estar aqui é renovar a força da luta coletiva, é honrar o caminho aberto por nossas anciãs, reconhecer a ousadia das mais jovens e fortalecer o presente com a coragem de quem nunca se calou”, afirmou.Já a ministra das Mulheres, Marcia Helena Carvalho Lopes, destacou a relevância do evento e a parceria entre os ministérios. “Esta conferência tem um papel fundamental. Vocês vão sair daqui com algumas prioridades que vocês têm que levar para o Congresso, para o presidente Lula. Nós queremos valorizar e fortalecer os nossos espaços, os nossos conselhos, os nossos movimentos e os nossos governos”, declarou.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, destacou a importância de traduzir palavras em ações concretas, reforçando o compromisso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os direitos dos povos indígenas. “Levar pessoas indígenas para os principais cargos é a tradução prática de que os indígenas têm o seu conhecimento, a sua ciência, a sua competência. E ela serve não só para governar o território, mas para ajudar a governar o Brasil”, completou.Para finalizar, Marina Silva destacou o papel dos povos indígenas como guardiões do planeta e faróis éticos para um novo modelo civilizatório. “O estilo de vida do povo indígena é uma escola. Mais do que preservar, eles ensinam a como ter para onde voltar quando a gente chega à beira do abismo”, declarou.
Para a ministra da Cultura, Margareth Menezes, o ato celebra o papel essencial das mulheres indígenas na construção de um país mais justo. “As mulheres indígenas não pedem espaço. Elas ocupam com dignidade, com sabedoria e com coragem”, disse. “A mulher indígena é a nossa primeira mãe nessa terra chamada Pindorama. O futuro sem ancestralidade é um futuro infértil, é um futuro sem direção”, ressaltou.
Fortalecimento de políticas
A diretora da Articulação Nacional das Mulheres Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA), Joziléia Kaingang, celebrou a concretização de um sonho coletivo. “Desde 2019, percorremos os sete biomas do nosso país, realizando conferências regionais com mais de 700 mulheres da Rede da ANMIGA. Esta conferência não é apenas um espaço de escuta, é de decisão, de protagonismo das mulheres indígenas na construção da política nacional”, destacou.
Presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana reforçou o protagonismo feminino na construção de políticas públicas “Pela primeira vez, temos uma mulher indígena na presidência e diretoras mulheres, fortalecendo a inclusão no orçamento, nas ações e na participação plena. Estamos dizendo basta à violência, à injustiça e à perseguição. Política pública se faz com inclusão e participação”.
Marcha
Além das ministras de Estado, participaram da solenidade de abertura outras autoridades do governo federal e representantes do Legislativo, do Judiciário, da sociedade civil e de organizações indígenas.
A conferência segue até o dia 8 de agosto e precede a realização da IV Marcha das Mulheres Indígenas, que será realizada no dia 7 de agosto. Com o lema “Nosso corpo, nosso território: somos as guardiãs do planeta”, as mulheres indígenas marcharão até o Congresso Nacional, onde está previsto ato político cultural, às 14h.
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Texto: E.G.
Edição: F.T.
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