Notícias
Habilidades digitais
Fortaleza (CE) fecha ciclo de oficinas Anatel/Unesco com insumos em prol da inserção digital de pessoas idosas
As pessoas com mais de 60 anos são maioria entre quem não acessa a internet e também o grupo com os menores níveis de alta conectividade significativa. Como entender melhor suas necessidades e barreiras?
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) escolheu conhecer melhor esse cenário com o projeto Práticas que Conectam: Compartilhando soluções para a inserção digital de pessoas 60+ , que ouviu no 2º semestre deste ano mais de 70 instituições de todo o país que trabalham com a inserção digital de idosos. As oficinas, que tiveram o apoio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), ocorreram nas regiões Centro-Oeste, Norte, Nordeste, Sul e Sudeste.
Fortaleza
Fortaleza (CE) sediou o segundo encontro no Nordeste, fechando o ciclo de oficinas pelo país. O grupo diverso de participantes reuniu da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), que desenvolve uma palmilha tecnológica para acompanhar a saúde do idoso, à Associação Beneficente Casa da União Coração de Maria, que realiza ações de inclusão digital.
Foram 12 iniciativas que puderam apresentar suas atividades (confira a lista no final do texto). A facilitadora Lilian Cliquet conta que era visível o orgulho e o envolvimento de cada participante ao compartilhar suas experiências.. “Muitos queriam detalhar cada etapa — desde a concepção até o desenvolvimento —, como quem fala de algo muito pessoal e significativo. Foi um momento emocionante, em que se via o brilho nos olhos e a paixão pelo trabalho que realizam”, diz Cliquet.
O encontro na capital cearense ocorreu no final de setembro.
Semelhanças
O encontro em Fortaleza repetiu características vistas nas demais cidades que receberam o projeto - Goiânia (GO), Manaus (AM), Belo Horizonte (MG), São Paulo (SP), Salvador (BA) e Porto Alegre (RS). As dificuldades de financiamento, por exemplo, são comuns. Apesar disso, Lilian Cliquet, que conduziu duas das sete oficinas pelo Brasil, diz que chama a atenção a capacidade das instituições de realizarem seus projetos mesmo diante de limitações financeiras e desafios inesperados.
Segundo a facilitadora, há uma força coletiva muito inspiradora: as pessoas envolvidas demonstram resiliência, criatividade e uma vontade enorme de superar obstáculos. “É impressionante perceber que essa postura não se restringe a um local específico — é algo que se repete em diferentes regiões e parece ser uma característica marcante de quem se dedica a promover o letramento digital de pessoas idosas”, afirma.
Cliquet destaca também o clima de respeito e humildade entre as instituições participantes, e que permeou todos os demais encontros. “Mesmo com realidades bem diferentes — inclusive uma instituição sem dificuldades financeiras, o que gerou reflexões interessantes —, todos se mostraram abertos, acolhedores e dispostos a aprender uns com os outros”, diz.
Em todos os encontros procurou-se representar a maior diversidade possível de iniciativas a fim de enriquecer as trocas, fosse pelo porte da organização, leque de atuação, quantidade de pessoas atendidas, campo do saber envolvido – saúde, educação, cultura, esfera de governo, setor público, privado e terceiro setor, entre outros.
Para a consultora Tássia Chiarelli, o mapeamento revelou a força de mobilização das iniciativas no país. “São ações que, com criatividade, empatia e compromisso, reduzem barreiras e aproximam a tecnologia da vida real da pessoa idosa”, afirma.
Regionalização
Lilian Cliquet destaca que as características locais tornam cada projeto único, mas a essência do trabalho com o público 60+ é bastante parecida em todo o país. “Pelos relatos das instituições, notei que o comportamento e as necessidades desse público não variam tanto por região, mas sim de acordo com o modo de vida e as oportunidades disponíveis”, afirma.
Sendo o envelhecimento um processo natural, individual e universal, o que faz a diferença é o acesso a espaços que promovam inclusão e aprendizado, observa a facilitadora. “Fiquei especialmente impressionada com a criatividade das iniciativas, muitas delas valorizando a cultura local como ponto de partida para o letramento digital — o que torna o trabalho ainda mais significativo e conectado às realidades de cada comunidade” diz.
Balanço
A coordenadora de Educação para o Consumo da Superintendência de Relações com Consumidores (SRC), Carla Daniela Badauy afirma que os workshops Práticas que Conectam posicionaram a Anatel como uma agência que escuta as pessoas e que se conecta com os cidadãos. “Os relatos dos participantes foram lindos e demonstraram uma surpresa boa com esse novo olhar da Agência. Para muito além do diagnóstico da inclusão digital das pessoas 60+ no Brasil, objetivo dos nossos eventos, criamos uma rede que está se fortalecendo a cada dia”, diz.
A servidora Cibele Drummond, que acompanhou oficinas do projeto, reforça essa percepção. “A Anatel não está entregando só a internet, a banda larga na casa das pessoas. Também está se preocupando em notar como o público 60+ recebe essa internet, como conseguem utilizar, se proteger, navegar nela”, diz.
Os próximos passos envolverão novas ações na direção de promover a conectividade significativa para pessoas idosas. Os ganhos com essa etapa, porém, já são inúmeros. “Saímos com novas ideias, parcerias em potencial e a certeza de que estamos construindo, juntos, um caminho de acesso mais justo e humano à tecnologia para as pessoas idosas. Essa vivência reforçou o sentido de rede, de propósito e de esperança”, afirma Lilian Cliquet.
A consultora do projeto, Tássia Chiarelli, conclui: “Este ciclo de eventos deixou um legado de aprendizados, diálogos e caminhos promissores para avançar rumo a um ecossistema digital mais acessível, seguro e aberto à participação de todas as idades”.
Conheça as instituições participantes:
- Viva Mais Cidadania Digital, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI);
- Projeto Conectando Vidas 60+, Associação Beneficente, de Apoio à Comunidade do Ceará (ABAC);
- Conectivid@ades, Serviço Social do Comércio (Sesc Ceará);
- Educação 60+, Secretaria dos Direitos Humanos do Ceará;
- ProEIDI - Projeto de Extensão de Inclusão Digital para Pessoa Idosa, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN);
- SeniorGeek / Cineclube Casa Séfora; Casa Séfora;
- Curso de Informática para terceira idade com uso de smartphone, Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania da Paraíba;
- Universidade Integrada da Terceira Idade e letramento digital, Instituição: Universidade Federal do Maranhão (UFMA);
- Projeto PRO-EVA, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN);
- Tecnologias de monitoramento remoto para pessoa idosa, Núcleo de Tecnologia Estratégicas em Saúde da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB);
- Luz do Saber, Leitura digital, Mais estudos, Associação Beneficente Casa da União Coração de Maria;
-
Projeto Vida e Saúde: Inclusão Digital, Projeto Vida e Saúde: Inclusão Digital;
Programa Inova 60+, Instituto Gene (SC).
Confira as demais matérias sobre o ciclo de oficinas "Práticas que conectam":
- São Paulo (SP) - Diversidade de iniciativas marca oficina Anatel/Unesco em São Paulo sobre inserção digital de idosos;
- Salvador (BA) - Formação de profissionais é tema em oficina Anatel/Unesco sobre inserção digital da pessoa idosa realizada em Salvador (BA);
- Belo Horizonte (MG) - Inclusão digital para idosos inspira de pequenos a grandes projetos, aponta Oficina Anatel/Unesco em Minas Gerais;
- Porto Alegre (RS) - Conhecimento científico alavanca inserção digital de idosos, mostra oficina Anatel e Unesco na Região Sul;
- Manaus (AM) - Oficina Anatel e Unesco amplia visão sobre desafios para a inclusão digital de idosos na Região Norte;
- Goiânia (GO) - Trocas e aprendizados marcam oficina de projeto entre Anatel e Unesco sobre inclusão digital de idosos, em Goiânia (GO).


