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Habilidades digitais
Inclusão digital para idosos inspira de pequenos a grandes projetos, aponta Oficina Anatel/Unesco em Minas Gerais
Poder causar impactos positivos na vida de pessoas idosas a partir do uso da tecnologia é um objetivo que une desde organizações estruturadas em capitais a entidades pequenas em cidades do interior do Sudeste, mostrou a oficina do projeto Práticas que Conectam: Compartilhando soluções para a inserção digital de pessoas 60+ realizada em Belo Horizonte (MG).
Apesar das diferenças com relação a tamanho, alcance, recursos, atividades realizadas com esse público, a servidora Cibele Drummond, da Anatel Minas Gerais, destaca o elo comum de engajamento com a causa da inclusão digital de pessoas acima de 60 anos. “Nós os vimos defendendo as pessoas 60+ com unhas e dentes”, diz. O encontro foi promovido pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em conjunto com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
Cada uma das 12 instituições participantes – vindas de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro – pode dividir suas experiências, “suas dores e seus troféus”, diz Cibele. Enquanto as conquistas estão no campo do resultado concreto na vida dos idosos, as dores se concentram nos recursos financeiros. “A grande maioria das iniciativas operam com baixo investimento, o que exige muita criatividade, muita dedicação e muita garra pra seguir”, diz a facilitadora do encontro, Maria Clara Queiroz.
Segundo o servidor da Anatel Minas Gerais Roberto Lima Machado, que acompanhou esta e outras oficinas do projeto, o encontro de Belo Horizonte deixou clara a dimensão das dificuldades com captação de recursos. “Foi ali que a gente ligou o alerta e percebeu que o tema é recorrente”, diz. A questão motivou a Anatel a marcar para o próximo dia 26 um encontro online sobre o tema.
Intergeracionalidade
Outro debate que mobilizou os participantes tratou da intergeracionalidade, que se refere à relação entre gerações. Segundo Maria Clara Queiroz, logo na primeira atividade, surgiu um debate muito interessante sobre a necessidade, ou não, de incluir a palavra “intergeracional” no grande sonho coletivo que viria a partir da fala de todos.
“Foi uma conversa rica, porque algumas organizações trouxeram a importância da aprendizagem entre pares, destacando o papel de mentores 60+ como fortalecedor da autoestima e do senso de pertencimento. Outras defenderam que a troca entre gerações é essencial, pois estimula uma a quebra de uma série de estereótipos idadistas”, afirma.
O momento de reflexão vai ao encontro dos objetivos da oficina. “Percebi que as visões e abordagens de aprendizagem são diversas, e não há resposta certa ou errada, mas sim contextos onde ela pode ou não funcionar melhor”, diz a facilitadora.
Dentro do tema da intergeracionalidade houve diferenças, mas também concordâncias. “Foi legal ver que o ponto de convergência foi no reconhecimento de que a intergeracionalidade deve estar presente no desenvolvimento das tecnologias, que ainda são pensadas sem levar em conta as especificidades das pessoas idosas”, diz. “Ou seja, o desenvolvimento de tecnologias deve envolver a diversidade etária, de gênero, racial e cultural, desde a concepção até a implementação”, afirma Maria Clara Queiroz.
Ao final, o sonho coletivo – onde todo o debate começou – foi definido como: “Promover o protagonismo das pessoas idosas em uma sociedade intergeracional, com acesso pleno e digno em todas as tecnologias que surgirem, de forma equânime”.
Trocas
As oficinas têm proporcionado que instituições que trabalham no mesmo tema e que não se conheciam possam compartilhar desafios e histórias. Um dos casos que emocionou os participantes veio da Associação dos Deficientes Físicos de Poços de Caldas (ADEFIP), que nasceu da história da presidente voluntária Ana Paula Tranche com o filho com deficiência. O desafio pessoal virou propósito, e a entidade criada para auxiliar pessoas nessa condição se tornou uma organização premiada que atua em várias frentes, incluindo a inclusão digital de idosos.
A servidora Cibele Drummond destaca a gratidão com aprendizado proporcionado à Agência pelos participantes. “Foi um momento de aprendizado muito rico e muito importante para a Anatel”.
O gerente da Anatel Minas Gerais, Otávio Soares, ressalta a importância dos insumos que virão da iniciativa. “A realização desta oficina reforça o compromisso da Anatel em ouvir e compreender as necessidades do público 60+, permitindo o aperfeiçoamento de nossas ações voltadas a esse segmento e contribuindo de forma concreta para o avanço da inclusão digital no país".
A oficina do Projeto Práticas que Conectam em Belo Horizonte ocorreu em 23 de setembro. No mesmo mês, houve encontros também em Manaus/AM, Goiânia/GO, Porto Alegre/RS, Salvador/BA, São Paulo/SP e Fortaleza/CE.
Conheça as instituições participantes
- Projeto de Inclusão Digital, Associação dos Protetores das Pessoas Carentes (ASSOPOC);
- Perifa60+ e Laboratório de Ofícios e Saberes, FA.VELA;
- Transborda60+, Olabi;
- Do Idadismo ao Protagonismo: Inclusão Digital como Meio de Transformação, Associação Dos Deficientes Físicos de Poços de Caldas (ADEFIP);
- Curso de Smarphone/Celular para pessoas idosas, Universidade Aberta à Pessoa Idosa (UnAPI) – Universidade Federal do Espírito Santo (UFES);
- Inclusão Digital: Mídias Sociais A Linguagem da Web – As Multifaces dos 60+ Na Grande Rede, Núcleo do Envelhecimento Humano da Universidade do Estado do Rio de Janeiro;
- Websérie Digital Sem Medo, Instituto de Longevidade MAG;
- SmartIdoso - A melhor idade conectada, UAI – Unidade de Atenção ao Idoso;
- Programa E@IDOSO, Associação dos Aposentados e Pensionistas de Volta Redonda;
- SouSenior, Escola de Inclusão e Empreendedorismo Digital Sênior;
- Aprendizado Digital 60+, Universidade Federal de Viçosa (UFV);
- Apoio Digital, instituição Apoio Digital


