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Habilidades digitais
Conhecimento científico alavanca inserção digital de idosos, mostra oficina Anatel e Unesco na Região Sul
A pesquisa e a ciência fortalecem e impulsionam a inserção digital de idosos. Esta foi uma das mensagens que emergiram na oficina realizada em Porto Alegre (RS) pelo projeto Práticas que Conectam: Compartilhando soluções para a inserção digital de pessoas 60+, que reuniu entidades que atuam na educação digital para esse público.
“Ficamos surpreendidos com a excelência de algumas iniciativas, pois para além do engajamento e da vontade de fazer a diferença, percebemos muita técnica, muita ciência envolvida”, diz o engenheiro da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) Roberto Lima Machado, que acompanhou a oficina promovida pela Agência em conjunto com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
Um dos exemplos veio do Projeto Bê-á-bá Digital, da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), que desenvolveu a cartilha “Desvendando o celular”. O layout do material – cores, contraste, tamanho das letras, disposição dos elementos visuais e texto – foi desenvolvido a partir de conhecimentos sobre aspectos físicos e cognitivos do envelhecimento a fim de adequar-se ao público idoso.
Já o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) e a Universidade de Passo Fundo (UPF), que também estiveram no encontro, conduzem iniciativas voltadas a estimular a memória e a atenção por meio de aulas sobre a linguagem de programação visual Scratch, que permite criar animações, jogos e histórias interativas. Um artigo científico publicado em 2024 com participantes dessas atividades mostrou benefícios da atividade sobre funções neuropsicológicas e também com relação à socialização, acarretando melhoria na qualidade de vida.
A facilitadora do evento, Ingrid Bernardinelli, destaca o alto nível de estruturação e maturidade das iniciativas participantes, tanto no aspecto prático quanto científico. “Mesmo diante dos desafios regionais, percebe-se que o Sul é uma referência na temática da conectividade significativa 60+, apresentando instituições bem organizadas, respaldadas em evidências e com profissionais altamente capacitados”, diz.
Temas
Se por um lado o encontro mostrou que há conhecimentos científicos disponíveis para alavancar a presença digital de idosos, por outro evidenciou o financiamento como uma dificuldade comum à maioria das iniciativas. O debate se deu tanto sobre insuficiência de recursos quanto sobre o porquê do não acesso àqueles disponíveis. “Esse ponto provocou uma reflexão coletiva sobre a necessidade de melhorar a comunicação, o acesso à informação e o fortalecimento de redes de apoio entre instituições e profissionais da área”, diz Ingrid Bernardinelli.
Outro ponto que chamou a atenção foi o protagonismo de pessoas idosas incentivado pelo projeto “De Guru para Guri” do Instituto Gene, em Blumenau (SC), em que pessoas acima de 60 anos e jovens interagem na solução de desafios ligados à inserção digital. “ O projeto ressalta a importância do público 60+, que também tem o que ensinar além de aprender” afirma a coordenadora de Relações com Consumidores da Anatel Rio Grande do Sul, Elisângela Dagostin.
A oportunidade de diferentes organizações se reunirem para tratar dos desafios e avanços da inclusão digital de idosos foi destacada positivamente pelos envolvidos. “Foi maravilhoso. Nos impressionou o impacto, para eles, de termos reunidos essas iniciativas. Existem iniciativas ótimas e eles ficaram surpresos uns com as iniciativas dos outros”, afirma Elisângela Dagostin.
A oficina foi realizada no dia 18 de setembro na capital gaúcha e contou com representantes de entidades previamente selecionadas do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, entre elas universidades, órgãos municipais, Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), organizações com programas voltados à inclusão digital da população 60+, além de entidades de referência como o Serviço Social do Comércio (SESC). Além do encontro em Porto Alegre, também foram realizadas oficinas com organizações locais em Goiânia/GO, Belo Horizonte/MG, Salvador/BA, São Paulo/SP e Fortaleza/CE.
O gerente da Anatel Rio Grande do Sul, Maurício Peroni, ressaltou a importância desse recorte. “As oficinas regionalizadas propiciaram o reconhecimento de entidades que apesar da aproximação geográfica não tínhamos maior interação abrindo portas para parcerias futuras”. Peroni enumera também a relevância da iniciativa com relação à atuação estratégica do governo. “O diálogo com entidades e representantes da sociedade que tratam as questões do público idoso garante maior assertividade na elaboração de políticas e dos cuidados necessários com esta expressiva parcela da população brasileira”, diz.
Conheça as instituições participantes
- Projeto Bê-á-bá Digital, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA);
- Unidade de Inclusão Digital de Pessoas Idosas (UNIDI), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS);
- Amigo Idoso, Secretaria de Esportes e Lazer de Foz do Iguaçu (PR) / Itaipu Parquetec;
- Pensamento Computacional com o Scratch para melhorar memória e atenção de pessoas idosas, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS);
- Viva Digital 50+, Sesc Santa Catarina;
- ID60+: promovendo ações favoráveis à inclusão digital de idosos, Universidade Federal do Paraná (UFPR);
- Conectividade não tem Idade, Integrar Gerações (empresa, atua com SESC e CRAS);
- Programa Inova 60+, Instituto Gene (De Guru para Guri);
- Informática para todos, Pró-Família - Secretaria Municipal da Família de Blumenau (SC);
- Pensamento computacional como eixo norteador para melhorar funções neuropsicológicas de atenção e memória de pessoas idosas, Universidade de Passo Fundo (UPF);
- Vida Digital, Ciclos Educação Ltda;
- Idosos Online, Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos para Pessoas idosas – CRAS (PR)

