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Monumento que homenageia vítimas da ditadura serve como alerta para futuras gerações, diz Ministra
Ao participar da inauguração do Monumento em Homenagem aos Mortos e Desaparecidos Políticos em São Paulo, a Ministra Ideli Salvatti, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), afirmou que a obra servirá de alerta para as pessoas que não vivenciaram a ditatura e também para as futuras gerações. O monumento foi instalado no Parque do Ibirapuera, região central da capital paulista, e traz o nome de cerca de 400 pessoas que morreram ou estão desaparecidas em função da resistência contra a repressão promovida por militares durante cerca de 20 anos no país.
“Temos na sociedade brasileira uma grande parcela que não vivenciou a repressão da ditadura. Infelizmente ainda tem no Brasil segmentos conservadores que defendem a ditadura, contra isso, o melhor remédio é valorizarmos a democracia, resgatando a memoria e a verdade e exigindo a justiça, por este período que tão mal fez aos brasileiros e brasileiras”, afirmou a Ministra durante a solenidade, que contou com a participação de dezenas de familiares de mortos e desaparecidos políticos.
Emocionada, Ideli cantou trechos de Réquiem para Matraga, de Geraldo Vandré, e de Pesadelo, de Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro para celebrar a inauguração do Monumento. "Temos aqui neste evento muitos cabelos brancos, a sabedoria acumulada dos que sofreram, dos que perderam entes queridos, mas também e principalmente a sabedoria dos que lutaram contra a cruel ditadura civil-militar que durante 21 anos se abateu sobre o povo brasileiro", disse.
Presente na solenidade, Rogério Sottili, secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, destacou que o monumento é o primeiro do país a trazer o nome de todos as vitimas da ditadura que se conhece até hoje. “A instalação desta obra reforça o compromisso da prefeitura de São Paulo de promover a ressignificação dos espaços públicos da capital paulista”, explicou Sottili.
Monumento - Instalado num dos principais cartões postais da cidade, na área externa ao Parque Ibirapuera, a obra, de seis metros de altura por doze de comprimento, é formada por chapas brancas e uniformes com os nomes dos mortos e desaparecidos políticos de que se tem conhecimento até o presente, segundo o registro dos familiares, e por chapas disformes que representam as diferentes trajetórias desses resistentes.
A iniciativa da Coordenação de Políticas de Direito à Memória e à Verdade da Secretaria Municipal de Direitos Humanos busca estabelecer marcos de memória que simbolizem a luta pela democracia na cidade. A ação, realizada no marco dos 50 anos do golpe de 1964, vai ao encontro de uma antiga demanda dos familiares de mortos e desaparecidos políticos e militantes do tema de sinalizar os sítios de memória que marcam a história da resistência.
O desenho do projeto é do artista e arquiteto Ricardo Ohtake, autor do primeiro monumento a lançar luz sobre o tema, instalado no Cemitério Dom Bosco, em Perus, onde foi encontrada a vala clandestina com mais de mil ossadas de desaparecidos políticos, em 1990. O Artista também participou da solenidade.