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REPARAÇÃO
Macaé Evaristo participa de debate sobre justiça racial e bem viver no Programa Pontes e Desafios
(Foto: Duda Rodrigues/MDHC)
Nesta segunda-feira (24), a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), Macaé Evaristo, participou do Programa Pontes e Desafios para a Justiça Racial, que nesta edição teve como tema “Reparação e Bem Viver: quais os caminhos?”. O encontro ocorreu no HUB Peregum, no Lago Sul, em Brasília (DF), reunindo lideranças e especialistas dedicados à promoção da equidade racial e à defesa dos direitos das populações negras.
Realizada na véspera da Marcha Nacional das Mulheres Negras, a atividade impulsionou um diálogo qualificado sobre reparação histórica, dignidade e bem viver, com foco especial nas demandas e trajetórias das mulheres negras no Brasil e no exterior. O debate reforçou a urgência de ampliar políticas públicas capazes de enfrentar desigualdades estruturais e promover caminhos sustentáveis de justiça e equidade.
Durante o encontro, a ministra Macaé Evaristo destacou a importância da experiência das mulheres negras no Brasil e suas lutas de resistência para a construção de respostas para a justiça racial. Segundo ela, as mulheres negras têm historicamente produzido pensamento sofisticado, articulado e de forte liderança política, construindo articulações coletivas sob condições adversas.Entre os exemplos citados, estão a Irmandade da Boa Morte, na Bahia, que garantia espaço digno de sepultamento e comprava a liberdade de pessoas escravizadas, e, em Minas Gerais, as irmandades e guardas de reinado e de Congado, responsáveis por preservar a memória dos sons, rezas, cantos e tambores, além da proteção coletiva. A ministra enfatizou a resiliência desses espaços em dialogar com as religiões de matriz africana, ressaltando sua centralidade na preservação cultural e espiritual.
Outro aspecto ressaltado pela ministra foi a chamada “tecnologia do cuidado”, entendida como um conjunto de práticas que garantem a sobrevivência e emergem de coletivos de mulheres que enfrentam a violência do Estado, lutam pela memória e pela reparação e constroem redes de proteção mútua. Essa tecnologia, explicou ela, resulta de saberes compartilhados e da organização comunitária que sustenta vidas e territórios.
Em sua fala sobre reparação, a ministra defendeu a construção de um novo pacto civilizatório, que não se limite à complementação do ensino, mas que rompa com o modelo colonial e promova justiça estrutural, assegurando vidas, territórios, águas e florestas. Também propôs uma política de bem viver que garanta responsabilização, enfrente a impunidade da violência institucional e promova equidade racial no acesso à terra, educação, moradia e espaços de poder.
“A experiência de mulheres negras no Brasil e das nossas lutas de resistência podem nos ensinar muito a construir as respostas para a justiça racial no Brasil", afirmou a ministra, reforçando que “se nós chegamos até aqui, é porque mulheres negras, elas tiveram um pensamento sofisticado, inovador e com grande capacidade de articulação e liderança política”.
Ela acrescentou que, “sob as condições mais adversas, nossas mulheres que nos antecederam, nossas ancestrais, nossas matriarcas, elas souberam construir com muita força a articulação coletiva”.
Outro tema enfatizado pela titular do MDHC foi a ampliação da presença de mulheres negras nos espaços de poder. Embora representem 28% da população brasileira, a participação no Congresso Nacional permanece reduzida. Para a ministra, a consolidação de um Estado plural e representativo depende da ampliação dessas vozes e lideranças.Encerrando sua fala, destacou a importância da construção de espaços de memória e verdade que contem a real história do país a partir da perspectiva negra e indígena. Citou a inclusão da palavra “afrodescendente” nos documentos oficiais da COP30 e relatou sua experiência na África do Sul, onde visitou o Parque da Liberdade e o Museu do Apartheid. Reforçou, ainda, a necessidade de expandir políticas de memória e reconhecimento que registrem os nomes dos lutadores e militantes negros no Brasil, garantindo que o país não repita opressões do passado.
O debate também reuniu Makota Celinha, liderança religiosa e referência no movimento negro; Diambi Kabatusuila, rainha tradicional da República Democrática do Congo; Eva Cruzeiro, deputada portuguesa; Dandara Tonantzin, deputada federal brasileira; e Vanessa Nascimento, ativista, pesquisadora e mediadora da mesa. Cada uma das participantes contribuiu com perspectivas complementares sobre as lutas antirracistas no Brasil e em Portugal, compartilhando trajetórias, experiências e saberes que aprofundam a compreensão coletiva sobre estratégias de reparação e a construção do bem viver.
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Texto: R.M.
Edição: G.O.
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