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MEMÓRIA E VERDADE
MDHC participa do seminário “Ditadura, Resistência e Lugares de Memória no Brasil” na UFF
Entre os dias 5 e 7 de maio, a UFF sediou o seminário “Ditadura, Resistência e Lugares de Memória no Brasil”, realizado em parceria com o MDHC (Foto: Alane Lima)
Muito se fala sobre os porões da ditadura, mas será que as torturas, os sequestros, os desaparecimentos e os assassinatos praticados pela ditadura militar ocorreram apenas em espaços fechados, longe dos olhos da sociedade?
Entre os dias 5 e 7 de maio, a Universidade Federal Fluminense (UFF) sediou o seminário “Ditadura, Resistência e Lugares de Memória no Brasil”, realizado em parceria com o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). A iniciativa integra o esforço conjunto das duas instituições na formulação de diretrizes para a criação do memorial a ser implantado no imóvel conhecido como Casa da Morte, em Petrópolis (RJ).
Para Paula Franco, coordenadora-geral de Políticas de Memória e Verdade do MDHC e uma das palestrantes do seminário, o encontro simbolizou um marco importante no início dos trabalhos do MDHC em parceria com a UFF. “O intercâmbio e o diálogo foram muito além de um evento para mapear boas práticas e entender os desafios de implementação de um memorial. O seminário nos proporcionou uma interação intensa entre representantes de projetos de memória muito diferentes, espalhados pelo território brasileiro”, afirmou.
Ainda segundo Paula, foi constatado que a realização do seminário era uma necessidade muito mais profunda e que, por isso, “o evento possibilitou que pensássemos coletivamente sobre o que, afinal, a gente compreende por ‘lugar de memória’ quando pensamos no contexto brasileiro e no nosso passado recente autoritário”, finaliza.
Seminário
A cerimônia de abertura do seminário reuniu representantes de projetos de memória de todo o país. O encontro teve como objetivo promover o intercâmbio de experiências, refletir sobre os desafios enfrentados por essas iniciativas e discutir estratégias para seu aperfeiçoamento.As anfitriãs do evento foram as Professoras de História da UFF Samantha Quadrat e Ângela Moreira, que coordenam o projeto de elaboração do plano inicial para o memorial a ser instituído na antiga Casa da Morte. Para Samantha, o reconhecimento desses espaços “é uma reparação histórica e necessária para o que chamamos de políticas de memória, onde os diferentes níveis de governos devem exercer um papel fundamental no auxílio da recuperação e preservação desses espaços, a exemplo do que já vimos em outros países da América Latina e da Europa”, contou. “Trata-se de um ato de reparação às vítimas e de fortalecimentos dos valores democráticos na construção do ideal do nunca mais, ou seja, que aqueles acontecimentos não se repitam”, complementou.
Durante os três dias de programação, foram abordados temas como gestão de memoriais, curadoria museográfica, formação de acervos, educação em direitos humanos, pesquisa histórica, arqueologia e antropologia forense, entre outros. A troca de conhecimentos e metodologias fortalece a política pública de memória, verdade, justiça e reparação, eixo fundamental da atuação do MDHC.
A Casa da Morte
Utilizada nos anos 1970 como centro clandestino de repressão, a Casa da Morte está localizada em um bairro residencial da serra fluminense. O local abrigou sessões de tortura e assassinatos de militantes políticos perseguidos pela ditadura e, ao contrário do imaginário popular, não se trata de um porão isolado, mas de uma residência aparentemente comum que se tornou símbolo da violência praticada pelo Estado em plena vizinhança urbana.
A socióloga Fernanda da Rocha, familiar do desaparecido político Ezequias Bezerra da Rocha – geólogo e militante, desaparecido em março de 1972, em Recife (PE) –, é coordenadora do Memorial da Democracia da Paraíba. Para ela, criar o memorial é um compromisso com a história e com a memória das vítimas, em especial à de Etienne Romeu, única sobrevivente da Casa da Morte, e de todas as mulheres que foram violentadas, estupradas e assassinadas no local.
“É uma homenagem à resistência dessas mulheres e à militância dessas pessoas; é respeito e compromisso com essa política de memória; é um avanço, um pouco tardio, mas é um apontamento”, declarou Fernanda. De acordo com ela, a esperança trazida com a criação do memorial na Casa da Morte mostra o comprometimento do Governo Federal com a pauta e pode suscitar outras relações com a vida, a esperança, a democracia e a justiça social.
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Texto: R.M.
Edição: F.T.
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