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Em tributo à Mãe Bernadete, ministra Macaé Evaristo reforça luta por democracia e direitos quilombolas
(Foto: Duda Rodrigues/MDHC)
Nesse domingo (17), a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, participou do tributo em memória de Mãe Bernadete, ativista e líder do Quilombo Pitanga dos Palmares, assassinada a tiros há dois anos, em Simões Filho (BA). O encontro reuniu familiares, amigos, lideranças quilombolas, movimentos sociais e representantes do poder público, que, em união, reafirmaram o legado de resistência e a exigência de justiça.
O ato teve início com um café da manhã quilombola, seguido por celebrações religiosas, uma missa e, posteriormente, a Roda de Oxumaré – orixá de Mãe Bernadete. “Hoje, mais do que uma homenagem, este é um compromisso com a vida, com a democracia e com os direitos humanos”, afirmou a ministra Macaé Evaristo, destacando a trajetória da líder quilombola na defesa do território, da educação e da comunidade.
Além da ministra Macaé Evaristo e de familiares de Mãe Bernadete, como seu filho Jurandir Wellington Pacífico, participaram do ato: a secretária nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Élida Lauris; o secretário de Justiça e Direitos Humanos da Bahia, Felipe Freitas; a secretária estadual de Políticas para as Mulheres, Neusa Cadore; além de lideranças quilombolas, representantes de movimentos sociais negros, da agricultura familiar e de povos de terreiro.
Compromisso com a memória e a luta
Em seu discurso, a ministra destacou a importância do legado de Mãe Bernadete como educadora e liderança comunitária. “Quando a gente olha a história dessa mulher, a gente sabe que ela fez uma escolha: primeiro, pela defesa do seu território, da vida e da sua comunidade. Depois, pela educação. E isso faz uma grande diferença para o nosso povo”, disse.Macaé lembrou que todos os filhos de Mãe Bernadete tiveram acesso à educação superior. “Isso não era comum na sua geração. Garantir que todos estudassem foi uma escolha política, uma visão de futuro. Mãe Bernadete anteviu a importância de construir uma base familiar sólida, capaz de resistir mesmo em momentos de tanta dor”, afirmou.
Ao falar sobre os desafios enfrentados por comunidades quilombolas, indígenas e povos de terreiro, Macaé foi enfática: “Sem democracia, não há vida para as nossas comunidades. Garantir soberania é respeitar e proteger os povos tradicionais, lutar pela titulação de terras e contra a exploração predatória que só vê a terra como mercadoria, e não como um ser vivo que nos sustenta e alimenta”, destacou.
A ministra também reforçou o papel do governo federal nesse processo: “O compromisso que reafirmo aqui não é só do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, é do governo Lula. Nosso papel é transformar o Estado brasileiro que, por séculos, negou direitos, em um Estado que reconheça e respeite as nossas comunidades”, concluiu.
A secretária nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Élida Lauris, enfatizou o legado deixado por Mãe Bernadete não só à comunidade do Quilombo Pitanga dos Palmares, mas também à sociedade brasileira. "A dor e o luto de dois anos da sua morte têm sido ressignificados num exemplo de resistência quilombola que não desiste dos seus, não abre mão do território e não tem dúvida de ir até onde for necessário pelo bem-viver das comunidades. O legado de Mãe Bernardete nos inspira, e a forma generosa como Jurandir e Wellington têm partilhado a sua luta nos inspira e nos mostra que todas e todos podemos fazer um pouco mais pelas comunidades e povos que cuidam da vida por todos nós”, declarou.
Resistência e proteção
Jurandir Wellington Pacífico, filho de Mãe Bernadete, relembrou seu juramento de continuar o legado da mãe e do irmão, Binho do Quilombo, também assassinado em 2017. “Mesmo diante de tanta dor, o legado continua. Eu fiz um juramento de sangue e vou cumprir. Sei que não estou só, a comunidade está comigo”, afirmou.O secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos da Bahia, Felipe Freitas, destacou que o ato representa memória e compromisso. “É uma homenagem ao legado de Mãe Bernadete e de Binho do Quilombo, mas também um chamado à sociedade para proteger defensores e defensoras de direitos humanos. Esses homens e mulheres prestam serviço à democracia e, infelizmente, ainda sofrem ameaças no Brasil”, afirmou.
Freitas também ressaltou os avanços recentes nas políticas públicas voltadas à comunidade: “Nos últimos dois anos, avançamos no processo de regularização fundiária, no acesso a políticas de inclusão produtiva e na articulação com diferentes secretarias. Mas seguimos atentos, porque as demandas continuam, especialmente no acesso à educação, mobilidade e saneamento básico”, explicou o secretário.
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Texto: E.G.
Edição: F.T.
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