Notícias
15/06 - Posse de Rosiska como 'imortal' tem ministras das Mulheres, Cultura e Meio Ambiente
Eleonora Menicucci, Marta Suplicy e Izabella Teixeira acompanharam cerimônia na Academia Brasileira de Letras na sexta, 14, na qual a escritora e ex-presidenta do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher assumiu a cadeira de Lêdo Ivo
A escritora, jornalista, conferencista, professora e ensaísta Rosiska Darcy de Oliveira transformou-se na mais nova “imortal” da Academia Brasileira de Letras em cerimônia nessa sexta-feira (14/06) com um discurso que emocionou a plateia ao somar literatura e uma visão peculiar acerca das questões das mulheres. O evento contou com mesa composta pelas ministras Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, Marta Suplicy (Cultura) e Izabella Teixeira (Meio Ambiente). "
A entrada de Rosiska para ABL tem um significado enorme para as brasileiras, não só por sua rica obra, mas pela sua trajetória na luta pelos direitos das mulheres
", avalia a ministra Eleonora.
A imortal contou que “admirava em Emília o brilho da inteligência e a impertinência”, referindo-se à boneca de pano personagem dos livros do escritor Monteiro Lobato. Lamentou, metaforicamente, que quando a ditadura se instalou no Brasil, a boneca tenha sido obrigada a se enfiar numa mala para partir. Referia-se ao período de seu exílio na Europa, onde doutorou-se e lecionou por dez anos na Universidade de Genebra.
Território masculino
– Na sua fala, Emília somou-se a um panteão de mulheres fortes que contribuíram para a formação da escritora: a feminista Simone de Beauvoir (1908-1986) , as autoras Jane Austen (1775-1817), Marguerite Yourcenar (1903-1987) e outras. Mulheres como elas, reforçou Rosiska, “não se recusaram a pisar o território proibido do masculino”. Rosiska destacou o fato de que sua admissão na academia é a primeira vez em que uma mulher presidenta da ABL – Ana Maria Machado - dá posse a outra mulher.
Ela abordou ainda outros simbolismos que a ocupação por ela da cadeira de número 10 suscita. Lembrou que o posto, fundado por Rui Barbosa e que tem como patrono Evaristo da Veiga, acolheu Laudelino Freire, Osvaldo Orico, Orígenes Lessa e, finalmente, Lêdo Ivo, a quem ela substitui. “Essa cadeira, assim, acolheu paulista, alagoano, paraibano e, hoje, uma carioca”, destacou, “assim como de diversidade se fez o Brasil, diversidades que o fazem mais rico”.
Essa multiplicidade foi apontada pela escritora como o atributo principal do escritor a quem ela substitui. “Não se pode entender a poesia de Lêdo Ivo se não se entender esse homem vário, que se aventurou no romance, conto, poesia.”
Na saudação que lhe coube fazer à nova acadêmica, Eduardo Portella destacou o fato de que “é na produção literária que o feminino se anuncia –na medida em que só uma Jane Austen ousava escrever como mulher”. Referiu-se também à atuação de Rosiska na 4a Conferência Mundial de Pequim como uma busca de ultrapassagem das diferenças ilegítimas entre mulheres e homens –diferenças estas que, apontou, levaram à marginalização das mulheres e à destruição dos caminhos da liberdade.
Atuação nacional e internacional
– Formada em direito no Rio, Rosiska já registrava passagens como jornalista em diversos órgãos quando a ditadura a forçou a se exilar. Ela utilizou o período, passado na Europa, para doutorar-se na Universidade de Genebra, onde lecionou por dez anos. Atuou em postos chave do campo nacional e internacional dos direitos das mulheres, ao participar da delegação enviada pelo Brasil às emblemáticas Conferência Mundial sobre População no Cairo e Conferência Mundial sobre a Mulher em Beijing; na presidência do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher e como embaixadora na Comissão Interamericana de Mulheres da OEA, entre outros papéis junto ao BID e Unesco.
Sua produção inclui títulos como Le féminin ambigu e La culture des femme, Elogio da Diferença e Reengenharia do Tempo, entre outros. Assina coluna nos jornais O Globo e O Estado de São Paulo e é professora de doutorado na PUC-Rio.
Secretaria de Políticas para as
Mulheres
– SPM
Presidência da República – PR
Participe das redes sociais:
/spmulheres
e
@
sp
mulheres