Referência na luta pelos direitos de parentes de desaparecidos políticos e incansável na luta pela anistia aos perseguidos pela ditadura militar, Helena Greco morreu nesta quarta-feira (27/7) em sua casa, em Belo Horizonte, após contrair uma pneumonia. O enterro ocorreu na manhã desta quinta-feira no cemitério Parque da Colina, região Oeste da capital mineira, e contou com a presença da ministra Iriny Lopes, da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM).
Helena começou a militar aos 61 de idade, em 1977, e não parou mais. Foi presidente e fundadora do Movimento Feminino pela Anistia/MG (1977) e do Comitê Brasileiro de Anistia/MG (1978); e ajudou a construir e foi membro do Comitê Executivo Nacional/CEN destas entidades. Foi ainda a representante do Brasil no Congresso pela Anistia do Brasil em Roma, em1979.
Nascida em Abaeté, a 215 quilômetros de Belo Horizonte, em 15 de junho de 1916, ela era viúva, deixou três filhos e três netos. Primeira vereadora pelo PT na capital de Minas e uma das fundadoras da legenda, Helena Greco serviu de inspiração para a criação do Instituto de Direitos Humanos e Cidadania, que levou seu nome, e foi fundado para lutar pelas famílias com parentes desaparecidos durante a dutadura. Na Câmara Municipal, ela teve dois mandatos (1983-1988 e 1989-1992) e costumava dizer que a cidadania depende diretamente da nossa capacidade de indignação. <javascript:changeFontSize('up')>
Sob sua direção, o 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, passou a ser comemorado publicamente em Belo Horizonte (1978), na perspectiva da luta pela superação da discriminação, do preconceito, da violência, da brutal desigualdade de gênero. Também sob sua direção, e ainda em 1978, instituiu-se a contra-comemoração do Dia Internacional dos Direitos Humanos - então fazendo trinta anos - na perspectiva da luta contra a ditadura militar.
Formada em Farmácia, ela foi uma das 52 brasileiras que integraram a lista do Projeto Mil Mulheres para o Prêmio Nobel da Paz, lançado na Câmara dos Deputados em 2004. A iniciativa do projeto foi da Fundação Suíça pela Paz.
Sua frase predileta era: "A nossa cidadania depende diretamente da nossa capacidade de indignação. Esta, por sua vez, só se concretiza a partir do exercício permanente da perplexidade" - Helena Greco.