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Congresso Nacional realiza sessão solene em comemoração ao 8 de março
Na ocasião, seis mulheres foram homenageadas com o prêmio Bertha Lutz
Nesta terça-feira (1º), o Congresso Nacional realizou sessão solene para comemorar o Dia Internacional da Mulher (8 de março) e conceder o Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz 2010, do Senado, às cinco vencedoras desta edição. Foram diplomadas Maria Liége, Chloris Casagrande, Maria José Silva, Maria Ruth Barreto e Carmem Helena Foro. Na ocasião, houve uma homenagem póstuma à advogada, poetisa e técnica em desenvolvimento urbano e rural Ana Maria Pacheco Vasconcelos.
A sessão foi aberta pelo presidente do Senado, José Sarney, que posteriormente, passou a condução dos trabalhos para a vice-presidenta do senado, senadora Marta Suplicy (PT/SP). Na ocasião, a ministra Iriny Lopes, da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), foi representada pela secretária-adjunta, Rosana Ramos. Compuseram a mesa da sessão, o presidente e a vice-presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT/RS) e a deputada Rose de Freitas (PMDB/ES); as ministras Luiza Bairros, da Secretaria de Igualdade Racial (SEPIR), e Ana Holanda, do Ministério da Cultura; a presidente da Bancada Feminina na Câmara dos Deputados, deputada Janete Pietá (PT-SP); a presidente do Conselho do Diploma Mulher Cidadã Bertha-Lutz, senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM); a secretária-adjunta da SPM, Rosana Ramos; e a senadora Ana Rita (PT-ES).
O presidente do Senado, destacou o progresso do país ao falar do aumento da participação feminina na vida política e social e a maturidade da sociedade brasileira ao eleger uma mulher para a presidência. Sarney citou pesquisa do DataSenado, concluída no fim de fevereiro, revelando que a maioria das mulheres (66%) acha que aumentou a violência doméstica e familiar contra o gênero feminino, ao mesmo tempo em que 60% entendem que a proteção está melhor após a Lei Maria da Penha.
“Quero homenagear, aqui, todas as mulheres que fazem a máquina deste país funcionar". Assim a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, saudou as brasileiras pelo Dia Internacional da Mulher. Lembrou das mulheres que cuidam de seus filhos e ainda buscam, com seus empregos, o sustento da família. Ela também prestou homenagem às mulheres "que iluminaram a cultura brasileira", como Lélia Abramo, Chiquinha Gonzaga, Cecília Meireles, Clarisse Lispector, Cacilda Becker, Tarsila do Amaral e Carmem Miranda.
A ministra da Seppir, Luiza Bairros, disse que a data deve servir para reforçar as ações pela igualdade de direitos entre homens e mulheres. “Mais do que homenagear a mulher, o dia 8 de março - Dia Internacional da Mulher -, deve servir para lembrar as ausências de direitos a que as mulheres estão sujeitas”, observou. Luiza espera que, nos próximos anos, não seja preciso falar da ausência de direitos das mulheres, mas da igualdade de direitos na sociedade.
Prêmio Bertha Lutz - instituído pelo Senado em 2001 para homenagear mulheres que tenham oferecido relevante contribuição na defesa dos direitos da mulher e questões do gênero no país. Bertha Maria Júlia Lutz (1894-1976) tornou-se pioneira na defesa dos direitos políticos das mulheres brasileiras.
Perfil das vencedoras
Maria Ruth Barreto Cavalcante - Nascida em 16 de abril de 1943 no Ceará, é psicopedagoga graduada na cidade de Colônia, na Alemanha. Aos 21 anos, começou a trabalhar com a educação de jovens e adultos, por meio do Movimento de Educação de Base (MEB), que utilizava o método de Paulo Freire. Esse trabalho era feito pelo rádio e acompanhado diretamente junto às comunidades rurais. Como vice-presidente do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Ceará, em 1967, preparou grupos de estudantes universitários para trabalhar com a alfabetização de adultos. Esse trabalho foi impedido pelos militares durante a ditadura e Maria Ruth foi presa enquanto ministrava aulas. Foi a primeira mulher denominada presa política no Ceará.
Chloris Casagrande Justen - Nascida em Curitiba (PR), no dia 15 de setembro de 1923, é pedagoga com extensão universitária na Filadélfia (EUA). Em 1979, participou do Conselho Estadual de Educação do Paraná, onde implantou projetos e treinamentos considerados inovadores para professores de todo o estado. A convite do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), trabalhou em Roraima e organizou um congresso sobre educação em Recife (PE). Participou de conselhos tutelares em Curitiba e filiou-se a uma organização não governamental (ONG) criada na Califórnia (EUA), denominada Soroptimista, destinada a prestar serviços para melhorar as condições de vida das mulheres. A partir dessa filiação, criou clubes ligados a essa ONG no Brasil e deu palestras sobre projetos voltados para o atendimento de questões da mulher. Em 2005, durante congresso da ONG, realizado em Foz do Iguaçu (PR), foi produzido um manifesto com objetivo de denunciar e coibir o tráfico e a exploração sexual de crianças, adolescentes e de mulheres adultas. Chloris também é autora de um projeto destinado à capacitação de mulheres de baixa renda, bem como de várias publicações na área de educação. É vice-presidente da Academia Paranaense de Letras.
Maria José Silva - Natural do Piauí e criada no Maranhão, Maria José nasceu no dia 27 de dezembro de 1955. Nos anos 70, morou temporariamente em São Paulo, mudando-se, posteriormente, para o Rio de Janeiro, onde fixou residência. Depois de trabalhar oito anos como inspetora de qualidade na área metalúrgica, na década de 80, criou a Associação de Moradores do Conjunto Bento Ribeiro Dantas, no Complexo da Maré (RJ). Com apoio de outras 15 associações, estabeleceu parcerias com a prefeitura para a instalação da Vila Olímpica da Maré e a implantação do projeto Gari Comunitário, que tinha como foco a implantação da coleta de lixo em comunidades carentes. Desde 2002, atua na área da coleta seletiva e reciclagem, voltada para a inclusão social dos catadores de materiais recicláveis. Cerca de 70% desse público é composto por mulheres. Maria José teve a infância marcada pela perseguição sofrida por seu pai na ditadura militar.
Carmen Helena Ferreira Foro - Filha de lavradores e natural da cidade de Moju, no nordeste do Pará, militou nas comunidades eclesiais de base e no Sindicato dos Trabalhadores Rurais na cidade de Igarapé-Miri (PA), para onde se mudou com 15 anos de idade. Em 1991, já presidia interinamente o sindicato, tendo assumido a coordenação do movimento sindical que abrangia oito municípios do Pará. Em 1966, foi diretora da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no estado e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Pará, assumindo a então recém-criada Secretaria de Mulheres Trabalhadoras Rurais e de Políticas Sociais. Em 2003, assumiu cargo na CUT nacional e, em 2005, também entrou para a diretoria da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), com a missão de coordenar um grupo de mulheres do campo e da floresta. Em 2006, foi vice-presidente da CUT, tornando-se a primeira mulher a assumir um cargo de direção em uma central de trabalhadores no Brasil. Atualmente, é a titular da Secretaria de Mulheres na Contag.
Maria Liége Santos Rocha - Nasceu no dia 13 de outubro de 1944 na Bahia, estado onde iniciou sua militância política. Foi presa e ficou clandestina por seis anos, voltando a organizar movimentos pela anistia a partir de 1976, entre eles o 2º Congresso Nacional de Anistia, realizado em Salvador. Participou de comissão para organizar as mulheres na Bahia e foi eleita presidente da União das Mulheres de Salvador, colaborando ainda para a criação da União Brasileira de Mulheres, que coordenou por duas gestões. Em 1986, já morando em São Paulo, continuou a participar de movimentos em defesa das mulheres e trabalhou no Conselho Estadual da Condição Feminina. Participou de uma conferência mundial sobre a mulher, realizada na China, e foi também secretária adjunta da Rede Nacional Feminista de Saúde. Trabalhou na Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e integrou a delegação brasileira que participou da 54ª sessão sobre a questão da mulher, na Organização das Nações Unidas (ONU). Atualmente, participa da Federação Democrática Internacional de Mulheres.