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AQUI É BRASIL
Governo Federal lança programa "Aqui é Brasil" para acolhimento humanitário de brasileiros repatriados e deportados
(Foto: Clarice Castro/MDHC)
O Governo Federal lançou, nesta quarta-feira (6), em Brasília (DF), o programa “Aqui é Brasil”, operação interinstitucional de acolhimento humanitário a brasileiras e brasileiros repatriados ou deportados em situação de vulnerabilidade. A ação, coordenada pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), visa oferecer resposta abrangente e humanizada às necessidades dessas pessoas, desde o desembarque no país até sua plena reintegração social.
Na solenidade, a titular do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) explicou que a operação enfrenta várias frentes do problema. “O que a gente faz é garantir primeiro acolhimento humanizado para essas pessoas. Segundo, apoiar a reintegração social e econômica - desde a garantia de acesso à escolarização para as crianças que acabam retornando ao Brasil em períodos que não são exatamente o início do ano letivo, à inclusão das famílias, dos jovens, em cursos de qualificação profissional, regularização de documentos e inserção no mercado de trabalho”, relatou.
“O programa nasce principalmente como um marco civilizatório. É a materialização de uma política pública que transforma dor em cuidado, exclusão em acolhimento, abandono em presença do Estado. Isso é uma lição do presidente Lula: aqui no Brasil dignidade não se negocia, nacionalidade não se revoga e humanidade não se perde”, complementou Macaé Evaristo.
A ministra ressaltou também que a iniciativa cumpre um papel estratégico no cenário internacional. “‘Aqui é Brasil’ é um chamado à nossa sociedade para compreender que acolher nossos compatriotas também é assumir uma liderança global em defesa da paz, do multilateralismo, em respeito à soberania dos países”, enfatizou.
Participaram da cerimônia os ministros Márcia Lopes, das Mulheres, Anielle Franco, da Igualdade Racial, e Wellington Dias, do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, entre outras autoridades, representantes de instituições da sociedade civil e repatriados.
O programa
Segundo a chefe de gabinete da Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos (SNDH) do MDHC, Sueli Vieira, a iniciativa tem um caráter humanitário e afetivo. “O programa já nasceu com o intuito de alcançar as pessoas de todas as formas – com afeto, com a garantia dos direitos e com dignidade. Acho que essa é a cara do que estamos construindo. Nosso abraço é uma forma de dizer: vocês estão em casa, está tudo bem. Sejam muito bem-vindos”, reforçou.
O “Aqui é Brasil” atua em quatro eixos estratégicos: acolhimento emergencial nos aeroportos; reintegração social e econômica; fortalecimento da governança migratória; e promoção de parcerias multissetoriais. A duração inicial do programa é de 12 meses, com investimento de R$ 15 milhões por meio de Termo de Execução Descentralizada (TED) com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), assinado na cerimônia desta quarta-feira.A iniciativa articula uma ampla rede de órgãos do Governo Federal – como os ministérios das Relações Exteriores, Desenvolvimento e Assistência Social, Saúde, Justiça e Segurança Pública e Defesa. Além de governos estaduais - por meio de secretarias estaduais de direitos humanos e assistência social - Polícia Federal, Defensoria Pública da União, Instituto Federal do Ceará, organismos internacionais, como a Organização Internacional para as Migrações (OIM), iniciativa privada, através as concessionárias dos aeroportos de Fortaleza (CE) e Confins (MG), e organizações da sociedade civil.
A coordenadora-geral de Migrantes, Refugiados e Apátridas do MDHC, Ana Maria Raietparvar, salientou que esta é a consolidação de um trabalho que vem sendo operado nos últimos seis meses. “Agora, a gente consegue transformar essa operação numa política pública e garante que a recepção para os repatriados no Brasil entra como uma perspectiva de governo para que a gente continue fazendo isso a médio e longo prazo. É o reconhecimento da importância dos direitos humanos para os migrantes brasileiros”, sublinhou.
Liderança e sensibilidade
Segundo a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, a realidade dos repatriados é marcada por múltiplas violações. “Encontramos casos de tráfico de pessoas, abandono após adoções internacionais irregulares, trabalho análogo à escravidão, ação de coiotes. O programa nasce não só para acolher, mas também para escancarar essas violências e enfrentá-las com políticas públicas”, frisou.
Macaé Evaristo também fez uma reflexão crítica sobre a xenofobia e a desumanização das pessoas migrantes. “As fronteiras não podem servir para construir hierarquias e opressões. Defender os direitos humanos é reconhecer a humanidade em todas as pessoas, estejam onde estiverem”, destacou.
Retorno e acolhimento
Presente na cerimônia, João Vitor Batista Alves, de Minas Gerais, repatriado dos Estados Unidos em fevereiro, afirmou que o acolhimento foi um divisor de águas. “Aqui fui recebido com dignidade. Esse programa pode servir de exemplo para outros países. O Brasil não trata o repatriado como traidor – trata como cidadão”, ressaltou.
O repatriado Max Ranner Barbosa Garcia, de Goiás, também relatou sobre a recepção. “Fui muito bem acolhido, recebi apoio psicológico, médico, passagem para minha cidade. Essa ação é maravilhosa e precisa continuar”, concluiu.
Perfil dos repatriados
Por meio do programa, o MDHC faz um levantamento sobre o perfil dos repatriados. De acordo com a titular da pasta, este trabalho é fundamental para a reinserção dessas pessoas na sociedade brasileira. “Oitenta por cento das pessoas que estão chegando são homens na faixa etária de 19 a 39 anos. É uma força de trabalho jovem, masculina, que está indo embora do país, que tem às vezes o ensino médio, não ficou para fazer universidade e muitas vezes vai ser completamente explorado na sua força de trabalho fora do país. Olhar para essa realidade, entender o que está por trás de todo esse processo é também nos dar bases muito firmes para gente seguir construindo uma política pública de direitos humanos para a população imigrante, refugiada, que tem enfrentado cada vez mais um discurso xenofóbico”, frisou.
Desde fevereiro deste ano, 14 voos de repatriação foram realizados, beneficiando 1.223 pessoas brasileiras, segundo dados apresentados pela ministra. O atendimento inclui triagem, suporte psicossocial, alimentação, abrigo, transporte, regularização documental e apoio à reintegração social e econômica.Os dados consolidados até o último voo, em 25 de julho de 2025, revelam que 949 repatriados são homens, 220 mulheres e 54 não tiveram o gênero informado. A maioria está na faixa de 18 a 29 anos (35%), seguida de 30 a 39 anos (29,6%) e 40 a 49 anos (23,6%). Cerca de 89% desembarcaram sozinhos, e 61% foram acolhidos por familiares logo após a chegada.
Os destinos mais recorrentes foram Minas Gerais, Rondônia, São Paulo, Goiás e Espírito Santo – quase todos os estados brasileiros receberam ao menos uma pessoa repatriada. Apenas Piauí, Roraima e Amapá não tiveram registros de destino informado.
O levantamento aponta ainda que 74,2% pretendem trabalhar no Brasil, enquanto 18,3% querem conciliar trabalho e estudo. Em relação à escolaridade, a maioria tem ensino médio completo ou incompleto (53,39%), seguido por ensino fundamental (26,2%).
Grande parte das pessoas viveu por curtos períodos nos EUA, sobretudo em Massachusetts, Texas, Flórida e Nova Jersey, em contextos de trabalho precarizado. Mais de 81% relataram jornadas de oito horas ou mais por dia, e 21% afirmaram ter deixado familiares no exterior.
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Texto: E.G.
Edição: L.M.
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