Redes Privativas
As Redes Privativas são redes de telecomunicação destinadas à implementação de soluções específicas, para uso próprio ou de determinado grupo de usuários, para o desenvolvimento de aplicações sem fio ponto-multiponto ou ponto-área. Essas redes são projetadas, principalmente, para uso no setor industrial, de utilities, agropecuário, saúde, educação, negócios, entre outras aplicações privadas, cujos requisitos de rede podem divergir daqueles ofertados por redes de telecomunicações comerciais.
A regulamentação da Anatel permite o uso de diferentes faixas de radiofrequências para a implementação das Redes Privativas. Para uso das faixas de radiofrequências no Brasil, deve-se observar se a faixa de interesse possui atribuição e destinação a serviços compatíveis com a aplicação que se pretende desenvolver.
No contexto dos serviços de telecomunicações regulamentados pela Anatel, as Redes Privativas estão comumente associadas ao Serviço Limitado Privado (SLP), que é o serviço de interesse restrito, que possibilita a comunicação entre estações fixas ou móveis para o desenvolvimento de múltiplas aplicações, dentre elas a transmissão de dados, de sinais de vídeo, de voz e de texto.
As faixas de radiofrequências destinadas ao Serviço Limitado Privado que tipicamente são utilizadas por redes privativas são:
- 148 MHz a 174 MHz;
- 360 – 380 MHz;
- 380 – 400 MHz;
- 410 – 415 MHz / 420 – 425 MHz (banda 87 do 3PGG);
- 452,5 – 457,5 MHz / 462,5 – 467,5 MHz (banda 31 do 3GPP);
- 458 – 460 MHz / 468 – 470 MHz;
- 806 – 809 MHz / 851 – 854 MHz;
- 2.390 – 2.400 MHz (banda 40 do 3GPP);
- 2.485 – 2.495 MHz (banda 53 do 3GPP);
- 3.700 – 3.800 MHz (banda n78 do 3GPP); e
- 27,5 – 27,9 GHz (banda n261 do 3GPP).
Cumpre observar que há ainda outras faixas de frequências multidestinadas, por meio das quais pode ser prestado o serviço limitado privado para implementação de redes privativas. Entretanto, deve-se observar as condições de uso e compartilhamento do espectro estabelecidas pela Anatel para estas faixas.
A Agência não restringe o uso das faixas à determinada tecnologia, devendo ser observados os limites operacionais estabelecidos no requisitos técnicos aprovados. Os Requisitos Técnicos de Condições de Uso do Espectro para as faixas de radiofrequências destinadas ao Serviço Limitado Privado estão consolidados no Anexo ao Ato nº 915, de 1º de fevereiro de 2024.
A escolha da faixa de radiofrequências a ser utilizada para implementação da Rede depende das características da aplicação que se pretende desenvolver. Estações operando em faixas de radiofrequências abaixo de 1 GHz possuem maior cobertura em relação às estações operando em faixas acima de 1 GHz, por exemplo. Por outro lado, quando há maior necessidade de altas taxas de transmissão de dados do que de capacidade de cobertura, o uso de faixas de radiofrequências acima de 1 GHz seria mais apropriado.
Para o setor industrial, por exemplo, considerando aplicações que demandem maiores taxas de dados e possibilidade de uso de sistemas com tecnologia 5G, a faixa de 3.700 MHz a 3.800 MHz se caracteriza como um dos recurso espectrais que está mais aderente à aplicação pretendida. Esta faixa também pode ser utilizada em Redes Privativas para a área de educação e saúde, por exemplo, considerando um cenário em que se exige altas taxas de transmissão de dados e altos índices de disponibilidade.
Por outro lado, para aplicações do setor de agro e de utilities, que exigem maior capacidade de cobertura, as faixas de 450 MHz, 410 MHz e 225 MHz, por exemplo, estão mais aderentes a estas aplicações.
De toda forma, a escolha das faixas de radiofrequências para implementação da Rede Privativa depende das especificidades da aplicação e das circunstâncias do caso concreto.
Informações sobre as autorizações de uso de radiofrequências em áreas geográficas delimitadas, podem ser obtidas no Painel de Dados "Redes Privativas"
A implementação da rede pode ser realizada pela própria entidade interessada em utilizar a rede ou em forma de parceria com prestadoras de serviços de telecomunicações.
Casos de Uso de Redes Privativas
As redes privativas de telecomunicações têm uma variedade de casos de uso, que podem ser adaptados às necessidades específicas de empresas, instituições e organizações. Alguns dos principais casos de uso são:
a) Setor Agrícola
No setor agrícola, as Redes Privativas sem fio são usadas para melhorar a eficiência, produtividade e sustentabilidade das operações agrícolas. Os dispositivos conectados às Redes Privativas podem ser utilizados, por exemplo, para as seguintes aplicações:
- controle remoto e automação de sistemas de irrigação;
- telemetria de máquinas agrícolas;
- monitoramento das condições do solo;
- rastreamento de movimentação e monitoração da saúde de rebanhos.
b) Setor Industrial
O setor industrial pode se beneficiar fortemente com a implantação de Redes Privativas, incrementando a eficiência operacional, a segurança e a flexibilidade dos processos de produção. Diversas atividades podem ser aprimoradas por meio do uso de Redes Privativas, como as destacadas abaixo:
- automação industrial;
- monitoramento e diagnóstico em tempo real, por meio do uso de sensores;
- logística otimizada, por meio do rastreamento de materiais e produtos;
- integração de dispositivos IoT;
- gerenciamento de armazém, utilizando sistemas WMS (Warehouse Management System);
- aumento da eficiência nos deslocamentos na planta industrial, por meio do uso de AVGs (Automated Guided Vehicle).
c) Setor de Energia
No setor de energia elétrica, as Redes Privativas podem ser utilizadas para implementação de redes inteligentes (smart grids), que visam à melhoria da eficiência, segurança e confiabilidade das operações críticas em diversas áreas. As principais aplicações de Redes Privativas no setor de energia elétrica são:
- automação da operação de religadores de energia;
- monitoramento remoto e em tempo real de linhas de transmissão e subestações;
- programas de resposta à demanda, com ajuste de energia consumida;
- sistemas de medição avançada AMI (Advanced Metering Infraestructure);
- detecção de fraudes e perdas.
d) Setor de Óleo e Gás
No setor de extração de óleo e gás, as redes privativas desempenham um papel crucial em diversas áreas, garantindo operações seguras, eficientes e contínuas. Entre as aplicações possíveis, destaca-se:
- monitoramento das condições de operação de poços de petróleo;
- controle remoto de operações de extração;
- detecção de gases e fumaça, com acionamento automático de alarmes;
- análise de dados em tempo real, para otimização contínua dos processos;
- manutenção preditiva, para reduzir o tempo de interrupção das operações;
- monitoramento de impacto ambiental em tempo real.
Autorizações para implementação das Redes
Antes da implantação da rede privativa, a entidade, ou sua parceira, devem obter Autorização para Uso de Radiofrequências e a Outorga para Prestação de Serviços de Telecomunicações compatíveis.
As informações para obtenção de Outorga para o Serviço Limitado Privado estão disponíveis no endereço https://www.gov.br/anatel/pt-br/regulado/outorga/servico-limitado-privado.
A Autorização de Uso de Radiofrequências é conferida pela Anatel mediante processo administrativo, após requerimento pelo interessado, observadas as disposições do Regulamento de Uso do Espectro de Radiofrequência (RUE), aprovado pela Resolução nº 671/2016.
Informações adicionais sobre autorização de radiofrequências e outorga de serviços podem ser obtidas no link abaixo:
Manual para Solicitação de Ato de Radiofrequência no Mosaico
Acesse informações detalhadas sobre procedimento para solicitação de outorga de serviço ou dispensa.
É dispensada a autorização de uso de radiofrequências e outorga para a exploração de serviços de telecomunicações nos casos em que as redes de telecomunicações utilizem exclusivamente meios confinados (ex.:cabo coaxial, fibra óptica) e/ou equipamentos de radiocomunicação de radiação restrita (ex.: WiFi. LoraWAN, Bluetooth).
Prêmio de Conectividade de Redes Privativas
Com o objetivo de ampliar a visibilidade, incentivar o desenvolvimento de modelos de negócios inovadores e de identificar exemplos de uso do espectro em redes privativas, Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) promovem o prêmio de conectividade de Redes Privativas.
- Edição de 2023
28 projetos inscritos, subdivididos em 4 categorias: I. Redes Privativas – Agro; II. Redes Privativas – Indústria; III. Redes Privativas – Utilities / Mineração / Óleo e Gás; IV. Redes Privativas – Outros Setores: Smart City, Saúde, Educação.
- Edição de 2024
24 projetos inscritos, subdivididos em 4 categorias: I. Redes Privativas – Agro; II. Redes Privativas – Indústria; III. Redes Privativas – Utilities / Mineração / Óleo e Gás; IV. Redes Privativas – Outros Setores: Logística, Smart City, Saúde, Educação.

