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ESTUDOS E PARCERIAS
Vencedores da 2ª edição do Mérito Rondon recebem prêmios durante a cerimônia de aniversário da Anatel
Durante as comemorações dos 28 anos da Anatel, realizadas nesta terça-feira (4/11), em Brasília, ocorreu a diplomação dos três finalistas da segunda edição do Prêmio Mérito Rondon, concurso promovido pelo Centro de Altos Estudos em Comunicações Digitais e Inovações Tecnológicas (Ceadi), presidido pelo conselheiro da Anatel, Alexandre Freire.
O prêmio tem como objetivo incentivar a produção científica em temas como a aplicação da inteligência artificial às telecomunicações, os desafios de infraestrutura e sustentabilidade do setor, além do papel das comunicações digitais na promoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.
"O Prêmio Mérito Rondon, em sua segunda edição, mostra como a pesquisa acadêmica pode apoiar as decisões estratégicas da Anatel, oferecendo insumos valiosos para o Conselho Diretor e para as áreas técnicas. Esses estudos ajudam a enriquecer o entendimento sobre questões complexas e podem contribuir diretamente para a inovação, a eficiência e a qualidade das atividades regulatórias e operacionais da Agência", destacou o conselheiro Alexandre Freire.
Além do prêmio em dinheiro, os laureados receberam certificados. Os autores dos três melhores trabalhos acadêmicos foram premiados conforme a seguinte gradação:
· 1º lugar: R$ 25.000,00 – Nilo Henrique Meira Fortes, autor do artigo "Aplicação de IoT no monitoramento da qualidade do ar de escolas e sua correlação com a arborização urbana".
· 2º lugar: R$ 12.500,00 – Alexandre de Cássio Rodrigues, autor do texto "Minerais críticos e conectividade digital: desafios e oportunidades para a mitigação das mudanças climáticas".
· 3º lugar: R$ 7.500,00 – Júlia Caroline Maia de Farias, autora do artigo "Inclusão Digital e Aprendizagem Significativa: Revisão Sistemática e Estudo de Caso da Plataforma Cronos no Ensino de Ciências Humanas".
Foco na pesquisa
Durante a cerimônia, o conselheiro Alexandre Freire destacou a importância da pesquisa e da inovação como pilares do futuro das telecomunicações no Brasil. Em seu discurso, ressaltou que a premiação reconhece não apenas a excelência acadêmica, mas também o compromisso social e ético dos pesquisadores. Freire parabenizou os vencedores do concurso, que abordaram temas como Internet das Coisas na educação, sustentabilidade na conectividade e inclusão digital, "exemplos de como a tecnologia pode servir ao bem comum".
O conselheiro também valorizou os mais de 30 autores que participaram desta edição do prêmio, destacando o papel da academia como parceira estratégica da Anatel. Em tom inspirador, evocou o legado do Marechal Cândido Rondon, patrono da premiação, lembrando sua máxima de que "o verdadeiro progresso é aquele que amplia o campo da inteligência e da moral humana". Segundo Freire, o espírito de integração e respeito de Rondon deve continuar guiando a Agência e todos os que acreditam na ciência e na inovação como forças transformadoras para um Brasil mais justo, conectado e sustentável.
Freire encerrou o discurso reafirmando o compromisso da Anatel com uma regulação cada vez mais inteligente, ética e humana, voltada ao desenvolvimento tecnológico e à inclusão social. Para ele, o desafio da transformação digital exige cooperação entre governo, academia e sociedade civil, de modo que a conectividade se torne um direito efetivo de todos os brasileiros. "Conectar pessoas, ideias e esperanças é a essência da nossa missão", declarou, ao parabenizar os premiados e agradecer a todos pela presença e apoio às ações do Ceadi.
O concurso
O Ceadi recebeu 30 submissões e premiou os três melhores trabalhos, avaliados criteriosamente por uma comissão julgadora formada por cinco membros com notório saber nas temáticas propostas. Todos os prazos do edital foram cumpridos, e houve períodos destinados à apresentação de recursos, caso algum participante assim desejasse, os quais foram devidamente atendidos.
O presidente do Ceadi expressou agradecimento às pessoas que apresentaram suas candidaturas ao prêmio e, especialmente, aos três finalistas, além de reconhecer o trabalho realizado pela comissão julgadora e pelas equipes de apoio que tornaram essa iniciativa possível. "O sucesso desta segunda edição é fruto de um esforço coletivo que fortalece o papel do Ceadi como espaço de reflexão e inovação", comentou.
Os premiados

- Primeiro lugar
O primeiro colocado foi o paulista Nilo, de 32 anos. "O cenário atual do mundo mostra a necessidade da criação de medidas e iniciativas de enfrentamento e adaptação aos impactos das mudanças climáticas. Nesse sentido, a expansão da rede de monitoramento da qualidade do ar aumenta a resiliência climática das cidades", explicou Nilo, citando o Projeto Ares, que o inspirou a participar do Mérito Rondon 2025.
"A escrita deste artigo envolveu uma extensa pesquisa bibliográfica em artigos nacionais e internacionais, buscando trabalhos sobre o monitoramento da qualidade do ar interior e a arborização urbana. Como resultado, o texto demonstra a aplicação prática da Internet das Coisas (IoT) em redes de sensores conectados via Wi-Fi para coleta e transmissão contínua de dados de qualidade do ar em tempo real. Nesse sentido, o setor de telecomunicações é essencial para oferecer infraestruturas robustas e seguras que suportem redes de sensores em larga escala, com baixo custo e alta eficiência energética", observou o premiado.
E arrematou Nilo: "A principal contribuição do artigo é a difusão de tecnologia aberta e soluções inovadoras para cidades inteligentes. Os protocolos de coleta, armazenamento e tratamento de dados estão bem estabelecidos, e a tecnologia de monitoramento da qualidade do ar está pronta para ser implementada em diversos ambientes, como escolas, hospitais, escritórios, praças, parques e indústrias. A disseminação da nossa tecnologia certamente trará benefícios para a expansão da rede de monitoramento da qualidade do ar, para a resiliência climática e para a criação de políticas públicas ambientais".

- Segundo lugar
O segundo colocado foi o mineiro Alexandre, de 46 anos, servidor da Agência Nacional de Mineração (ANM). "Há quase 20 anos acompanho de forma direta e contínua a evolução da discussão sobre os minerais críticos, que hoje ganham destaque tanto no cenário internacional quanto na agenda de formulação de políticas públicas nacionais. O propósito do Prêmio Mérito Rondon, ao debater o tema da conectividade digital e mitigação das mudanças climáticas, constituiu uma oportunidade de integrar agendas que historicamente caminham de forma paralela, mas que são profundamente interdependentes", enfatizou Alexandre.
O autor destacou que o aspecto mais relevante da pesquisa é observar como o Brasil pode transformar a abundância mineral que possui em soberania tecnológica e climática. "Essa é a pergunta que devemos fazer. O país reúne algumas das maiores reservas mundiais de minerais críticos (como lítio, nióbio, grafita e níquel) e de terras raras, mas ainda enfrenta o desafio de converter esse potencial em desenvolvimento sustentável, inovação tecnológica e autonomia produtiva. É por isso que focamos nosso artigo na conectividade digital, essencial para a mitigação das mudanças climáticas, que depende diretamente da disponibilidade, da governança e da sustentabilidade dos minerais críticos que compõem a infraestrutura tecnológica contemporânea", concluiu o regulador.

- Terceiro lugar
O terceiro lugar ficou com a gaúcha Júlia, de 20 anos. Ela explicou que a inspiração para participar do Mérito Rondon surgiu nas pesquisas que culminaram com a elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) durante a graduação. "Decidi aprofundar a investigação sobre as discussões em torno da inclusão digital e da aprendizagem significativa. O artigo foi construído em duas etapas principais: uma revisão sistemática da literatura e um estudo de caso. Na revisão, analisei publicações entre 2020 e 2025 que tratam de inteligência artificial, telecomunicações e metodologias ativas aplicadas à educação. Já o estudo de caso envolveu o desenvolvimento e a aplicação da plataforma Cronos, criada para apoiar estudantes do Ensino Médio em Ciências Humanas, com foco na preparação para o Enem", explicou a estudante.
E acrescentou Júlia: "Durante os testes, os resultados foram promissores ao apontarem que a inclusão digital depende diretamente da infraestrutura de telecomunicações, que é o alicerce da conectividade e da democratização do ensino. A pesquisa mostra que, embora as ferramentas digitais e a inteligência artificial ofereçam grande potencial para personalizar e enriquecer o aprendizado, sua efetividade ainda é limitada pela falta de acesso estável à internet em várias regiões do país".