Protagonismo feminino marca feira da reforma agrária em Santa Catarina
As feiras da reforma agrária são sinônimo de produtos naturais e artesanais, mas em Santa Catarina, também são retrato da forte presença feminina por trás das bancas e da produção. É assim em Lebon Régis, no Planalto Norte catarinense, onde há mais de 20 anos agricultoras assentadas levam à cidade os alimentos vindos de seus lotes.
“De tudo elas plantam para encher as bancas de coisas da roça... E o que você levar, vende tudo”, comemora Loiri Turossi, agricultora do assentamento Rio dos Patos. Após passar por diversos pontos improvisados, desde 2020, ela e mais sete agricultoras conquistaram a cessão de um local definitivo, em frente à Igreja Matriz, onde se reúnem nas manhãs de sábado. A estrutura foi erguida em mutirão com material da prefeitura municipal e kit-feira fornecido pelo Incra.
“Não é à toa que quem descobriu a agricultura, há mais de 10 mil anos, foi as mulheres. E essa feira aqui é um grande exemplo desse esforço, desse compromisso que as mulheres têm com a agricultura. Essa feira existe e tem vida, há mais de 20 anos, organizada basicamente pelas mulheres”, revela o secretário de agricultura do município, Leandro Medeiros.
Elas comercializam hortifruti in natura, grãos, doces, leite, queijo, panificados e tudo o que a terra e a mão de obra das famílias permitirem. O cuidado e a qualidade dos produtos conquistam os clientes e valorizam o trabalho do campo.
“A feira tem o objetivo de fortalecer a imagem do trabalho dos agricultores familiares de nosso município e também é uma oportunidade de estar em diálogo entre a população do campo e da cidade, mostrando a importância da reforma agrária na produção de alimentos saudáveis”, explica Miana David Pizzuti, representante da Cooperativa de Produção, Industrialização e Comercialização União do Oeste (Cooproeste).
Com as medidas necessárias ao enfrentamento da pandemia por coronavírus, a feira sofreu adequações. Máscaras, álcool em gel e distanciamento agora fazem parte da rotina. E em fins de semana com atividades restritas pelo estado, a feira tem acontecido às sextas-feiras, como no último dia 5.
Nesse dia, ao invés dos clientes, foi a vez das agricultoras receberem um presente colhido da terra: flores. Uma singela homenagem às mulheres que aprenderam no campo a lidar com as intempéries e sempre cultivar a esperança.
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