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PATRIMÔNIO DE MATRIZ AFRICANA
Terreiro Ilê Obá Ogunté celebra 150 anos em Recife (PE)
Foto: Kayo Na Real
Ao longo de novembro, as comemorações pelos 150 anos do Terreiro Ilê Obá Ogunté, o Sítio de Pai Adão, reuniram celebrações religiosas, apresentações culturais e atividades formativas. As ações contaram com o apoio do Iphan, por meio de investimento aproximado de R$ 100 mil em um plano de ação voltado à valorização e difusão de bens de herança cultural afrodiaspórica em Pernambuco.
As atividades tiveram início no dia 19, em Recife (PE), com uma abertura oficial marcada por um ato solene que contou com o descerramento de uma placa de homenagem do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em reconhecimento à relevância histórica, cultural e religiosa do terreiro. O evento inicial foi conduzido pelo Babalorixá Manoel Papai, com cânticos e rituais da tradição Nagô. A celebração reuniu representantes do Iphan, da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), da Prefeitura do Recife e do Complexo Industrial Portuário de Suape (Suape).
"É grandioso celebrar um século e meio de história, resistência e fé. Que o Sítio de Pai Adão siga iluminando caminhos e sendo um legado vivo não só para Pernambuco, mas para o mundo", disse o superintendente do Iphan em Pernambuco, Fred Brennand.
Na abertura, também foi apresentada a campanha "O bem é você que faz", promovida pelo Instituto, para a conscientização sobre o respeito às pessoas e aos bens culturais de matrizes africana e indígena do Brasil.
"O terreiro está contando uma história que poucos contaram, devido ao que fizeram com o povo negro no Brasil. Esses locais sofreram muito, mas o Sítio de Pai Adão vem mantendo viva a cultura Nagô em Pernambuco", observou o Babalorixá Manoel Papai.
A historiadora e técnica do Iphan, Thamires Neves, destacou que a comemoração dos 150 anos do Terreiro Ilê Obá Ogunté reafirma o papel dos terreiros como espaços de memória, resistência e transmissão de saberes. Segundo ela, reconhecer lugares como o Sítio de Pai Adão como patrimônios vivos é fundamental para valorizar a contribuição do povo negro para a formação cultural do País.
“Mais do que um evento comemorativo, esta celebração representa um marco de continuidade histórica, de preservação das tradições nagô e de afirmação da identidade afro-brasileira”, destacou a historiadora.
A programação comemorativa reuniu ainda expressões da cultura afro-brasileira. No dia 20, foi realizada a Quinta Nagô, com apresentações culturais e religiosas que celebraram a ancestralidade e a força das tradições de matriz africana.
Já no dia 25, o Seminário do Maracatu Nação Raízes de Pai Adão debateu a importância do espaço na formação cultural de Pernambuco e na preservação das práticas Nagô. O evento contou com a apresentação da tese sobre “Ifatinuke”, pesquisa realizada pela Iyalorixá e professora universitária, Cláudia de Oxum. Também foram lançados o livro “Anaesia e a Origem das Pessoas”, da Ekedy e professora universitária Ellen Omilemi de Lima Souza, e o documentário “Obá Ogunté”, da cineasta Kátia Mesel.
Encerrando o ciclo comemorativo de 2025, o dia 29 foi marcado pelo Toque para Iemanjá, que abriu a tradicional Festa de Iemanjá, uma das manifestações mais significativas de fé e resistência da cidade. A previsão é que as festividades e celebrações dos 150 anos do Ilê Obá Ogunté continuem durante todo o ano de 2026.
“A parceria entre o Iphan e o Sítio de Pai Adão assegurou o protagonismo da comunidade e de suas lideranças na salvaguarda das memórias, práticas culturais e modos de vida", concluiu a arqueóloga e integrante do Comitê Permanente para Preservação do Patrimônio Cultural de Matriz Africana (Copmaf) do Iphan, Mônica Odòmilayé Nogueira.
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Assessoria de Comunicação Iphan - comunicacao@iphan.gov.br
Ana Carla Pereira – carla.pereira@iphan.gov.br
