Neste Novembro de 2025, o Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan) realiza pelo segundo ano seguido o ciclo de eventos "Mês da Consciência Negra", sob coordenação do Comitê Permanente para a Preservação do Patrimônio Cultural de Matriz Africana (COPMAF). Agora, com o tema "Patrimônio e Reparação", departamentos, unidades especiais, Escritórios Técnicos e Superintendências do Iphan convidam a sociedade a se engajar nas ações e atividades que se propõem a destacar o papel das políticas de Patrimônio cultural na promoção da Igualdade Racial e no reconhecimento do papel central da herança e do legado afro-brasileiro para a cultura nacional.
O patrimônio cultural ocupa um lugar singular no debate sobre reparação. Se, por um lado, ele testemunha a violência da escravidão, do racismo e da marginalização de práticas culturais negras e indígenas - seja nos registros materiais da exploração, seja nas memórias silenciadas, nos acervos destruídos -, por outro, ele também dá materialidade e vida às estratégias de resistência, criação e sobrevivência das comunidades.
Reconhecer o patrimônio cultural de matriz africana como parte indissociável da reparação é, portanto, um caminho para reverter a lógica de marginalização e afirmar a centralidade da presença negra na construção da nação.
Mais do que celebrar o mês marcado pelo feriado do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, em 20 de novembro, trata-se de afirmar o patrimônio como campo de reparação histórica e promoção de justiça social, em diálogo com as lutas contemporâneas das comunidades negras por cidadania plena, direito à memória e respeito aos modos de viver que se contrapõem ao modelo civilizacional colonial.