As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação - DCNEI estabelecem: que O currículo da Educação Infantil é concebido como um conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5 anos de idade.
Esta definição apresenta uma mudança paradigmática importante que situa a Educação Infantil numa lógica dialógica e não instrucional e diretiva, que exige dos docentes uma escuta sensível e atenta ao que as crianças sabem e um amplo conhecimento do patrimônio cultural para provocar as articulações entre as experiências e os saberes das crianças e os conhecimentos historicamente produzidos e sistematizados.
Cabe ao/à professor/a disponibilizar elementos científicos, artísticos, culturais para que as crianças possam relacionar, contrastar, comparar, definir, explicar o mundo ao seu modo. As DCNEI se referem, assim, a uma pedagogia relacional, capaz de sustentar a curiosidade das crianças, de fazê-las pensar sobre si mesmas, sobre o outro, sobre o que está ao seu redor, de criar suas teorias provisórias e de socializá-las.
Quando as crianças são o centro do planejamento, é necessário caminhar com elas e não as sobrepor com conteúdos desarticulados, dados a priori, de forma padronizada e homogênea sem considerar suas realidades e culturas.
O livro didático, sendo direcionado a uma criança em abstrato, exclui a diversidade brasileira, as formas de vida e interesses das crianças. Eles portam uma visão estreita de educação que, ao invés de abrir o mundo às crianças, acaba por limitá-lo ao que tais obras circunscrevem. O centro da proposta passa a ser o conteúdo do livro e não as crianças. Conteúdos que chegam de forma descontextualizada e que fazem pouco sentido. Pensar o desenvolvimento integral das crianças de 0 a 5 anos e 11 meses, significa ampliar experiências.
Importante ressaltar que ao dizer não ao livro didático não significa não ter livros para as crianças da Educação Infantil. Muito pelo contrário, é necessário que cada turma tenha acervos de livros de literatura e livros informativos que abarquem a diversidade de gêneros, temas, autores, culturas e, que além de bibliodiversos sejam de qualidade, isto é, cujas obras tenham sido selecionadas a partir de critérios que levem em conta a qualidade do texto escrito, das ilustrações, da abordagem do tema, do projeto gráfico e que seja isenta de preconceitos, estereótipos, racismo, sexismo, capacitismo, dentre outras discriminações.
Os documentos de cunho mandatório evidenciam uma inadequação na Educação Infantil de propostas centradas em atividades voltadas para a preparação para o Ensino Fundamental. Pois, além de limitarem a expressão das crianças, a maioria apresenta propostas descontextualizadas relacionadas à apropriação da linguagem escrita e dos conhecimentos lógico-matemáticos desarticuladas das curiosidades e indagações das crianças.