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PATRIMÔNIO MATERIAL
Canoa de Tolda Luzitânia chega a Penedo (AL) após translado conduzido pelo Iphan
Foto: Superintendência do Iphan em Alagoas
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) concluiu nesta sexta-feira (14/11) o translado da Canoa de Tolda Luzitânia, retirada de Traipu e levada até Penedo, ambas cidades às margens do Rio São Francisco, em Alagoas. Considerada de alta complexidade, a operação foi conduzida pela Superintendência do Iphan no estado e durou três dias.
O trabalho foi iniciado em Traipu, com uma série de testes prévios para verificar a estabilidade da embarcação e garantir condições seguras para o içamento. O carregamento da Luzitânia, que pesa cerca de sete toneladas, exigiu manobras cuidadosas até que a canoa fosse acomodada corretamente na carreta. Após uma parada técnica durante o percurso, o comboio seguiu por via terrestre até Penedo, onde a embarcação foi descarregada.
O trajeto de aproximadamente 130 km exigiu o uso de maquinário pesado e protocolos rigorosos de segurança, incluindo uma carreta de até 18 metros de extensão, dois caminhões Munck para a elevação da canoa e fitas industriais de alta capacidade. A condução foi acompanhada por carros batedores, além do apoio das prefeituras de Girau do Ponciano e Penedo, que reorganizaram o trânsito e bloquearam trechos estreitos para permitir a passagem do transporte.
A ação contou ainda com a orientação da Sociedade Canoa de Tolda, proprietária da Luzitânia, e do mestre canoeiro Luiz Carlos de Brito, de Traipu, cuja experiência foi essencial para o manejo adequado da embarcação durante todo o processo.
Nova etapa prevê conservação e ações educativas
Com a chegada a Penedo, a Luzitânia inicia agora um ciclo de conservação e preservação, por meio de uma parceria entre Iphan, Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Prefeitura de Penedo e Sociedade Canoa de Tolda. A embarcação está abrigada em um galpão adaptado especialmente para recebê-la, reformado com recursos do Instituto.
As ações contam com investimento de R$500 mil do Programa Conviver, que prevê, além da conservação do bem tombado, atividades de documentação, difusão e registro de saberes tradicionais ligados à canoa, além de ações de educação patrimonial.
“Em sua primeira fase em Penedo, o Conviver irá se dedicar à relação da comunidade com o Rio São Francisco, por meio da Canoa de Tolda e outras embarcações tradicionais. Mais adiante, o programa irá se voltar à relação das pessoas com o Centro Histórico tombado de Penedo, por meio de ações de assistência e assessoria técnica gratuita à conservação do patrimônio edificado”, destacou o coordenador-geral de Conservação do Iphan, Paulo Farsette.
Segundo o historiador e técnico do Iphan, Maicon Marcante, a chegada da embarcação representa um marco para o Baixo São Francisco. “O trabalho devolve simbolicamente e culturalmente a canoa à população da região. A ação tem duração prevista de dois a três anos e integra a fase inicial do projeto que prevê, a longo prazo, a criação do Museu das Embarcações Tradicionais do Baixo São Francisco”, afirmou o técnico.
A Luzitânia permanece agora sob acompanhamento especializado e será uma das peças centrais do processo de valorização da cultura fluvial da região.
Sobre a embarcação
Tombada pelo Iphan em 2010, a Canoa de Tolda Luzitânia é uma das mais antigas embarcações ainda em atividade no Baixo São Francisco. Com capacidade para levar 250 sacos de 60 quilos e até 22 passageiros, a Luzitânia atendia a região de Penedo, levando produtos como queijo, leite, querosene e gasolina.
Ao longo do último século, as mudanças no curso do São Francisco, incluindo a construção de barragens, a instalação de hidrelétricas e a transposição, alteraram essa dinâmica. As tradicionais canoas de tolda acabaram substituídas pelos barcos a motor e pelo transporte rodoviário.
Mais informações
Assessoria de Comunicação Iphan - comunicacao@iphan.gov.br
Ana Carla Pereira – carla.pereira@iphan.gov.br
