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PRÊMIO RODRIGO 2022
Tradição ceramista dos tapajós mantém vivas raízes e memórias existentes há quase um século
A arte tem origem indígena e faz referência ao povo tapajó, que vive na região de Santarém e na vila de Alter-do-Chão, no Pará. (Fotos: Acervo do projeto)
Mãos, argila , caraipé ( cinza extraída do caraipezeiro ), pigmentos naturais , paciência e muita criatividade dão vida à tradição ceramista dos t apajós há quase 100 anos . E na família do ceramista e estudante de A rqueologia d a Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) Jefferson Paiva , a prática se transformou em um projeto multiplicador da herança cultural: “A tradição oleira dos Tapajó, produzir para não esquecer”.
A arte tem origem indígena . O nome faz referência ao povo tapajó , grupo que vive na região de Santarém e na vila de Alter-do-Chão , no Pará. De acordo com o idealizador do projeto, a maior parte da população local ainda desconhece a cerâmica tapaj ônica .
“Nosso objetivo é democratizar, socializar e divulgar a história e a memória do povo Tapajó, sua arte e seu modo de vida contados a partir de artefatos cerâmicos para que a população conheça e valorize sua cultura e sua história”, destaca .
Paiva conta que sua família deu início à produção de r éplicas das cerâmicas tapajônicas , que eram encontradas na região paraense , em 1970 . “At é então , somente minh a família era ceramista na cidade de Santarém . É ramos seis ceramistas, mas perdi meu pai, avô, tio e amigo e, em 2015 , perdermos meu avô , m estre Izauro ”, relembra.
As perdas familiares
e o
ingress
o
na universidade
,
em 2018
,
incentivaram o
estudante
a
realizar
oficinas com o intuito de ensinar
outr
as pessoas
a
fazerem a cerâmica
. “Temia
morrer e levar essa arte junto comigo”, explica.
O projeto começou de forma simple
s
, conta Jefferson
. “C
onversei com minha irmã
,
que é professora,
e
iniciamos
o
projeto nas escolas da região
.
T
emos uma cultura indígena
muit
o rica, mas que
a própria população
desconhece
” completa.
Além de coordenar o projeto, Paiva também é oficineiro . S egundo ele, em 2021 , foram alcançados mais 800 alunos de escola s pública s e instituições ; e 5 mil pessoas por meio das redes sociais da iniciativa. “ Com o car á ter formativo, o projeto possui 15 artesãos que hoje produzem peças com maior qualidade . S ete destes produzem sua própria cerâmica e auxiliam quando há uma grand e quantidade de encomendas ” , esclarece .
A ação tem 12 jovens atuando d iretamente como voluntários na produção de peças para o comércio. “Desde 2018 , já percorremos mais de 20 escolas e já atingimos um público de mais de 3 mil pessoas”, finaliza.
Jefferson conta que soube do prêmio por meio de um grupo de aplicativo de conversa. “ Fiz a inscrição , mas j amais imaginei que poderia conseguir . É uma grande emoção ter o reconhecimento de uma instituição que trabalha para preservar o nosso Patrimônio Cultural”, acrescenta o ceramista. A ação foi premiad a com R$ 13 mil, que foram investidos na compra de um forno e um torno para ajudar na fabricação das peças. O reconhecimento do Iphan também deu mais força e divulgação para o projeto, o que possibilitou o envio de algumas cerâmicas para uma loja em Londres , no Reino Unido .
A a ção intitulada “A tradição oleira dos Tapajó, produzir para não esquecer” foi uma das dez vencedoras do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade de 2022 , na C ategoria 1 - P essoa s F ísica s.
Realizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional ( Iphan ), o Prêmio Rodrigo tem como objetivo valorizar e promover ações que atuam na preservação dos bens culturais do Brasil. Em 2022, teve como tema a Sustentabilidade Socioeconômica do Patrimônio Cultural e foram escolhidos 10 projetos vencedores.
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Mariana Jardim -
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