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ARQUEOLOGIA
Iphan realiza o cadastro das primeiras pinturas rupestres do RJ
Foto: Cláudio Costa/Iphan
No alto da Serra da Mantiqueira, em meio ao Parque Nacional de Itatiaia, no município de Resende (RJ), foram descobertas o que seriam as primeiras pinturas rupestres já identificadas no estado do Rio de Janeiro. Em junho de 2024, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) realizou o registro da descoberta, conforme os procedimentos definidos pela Portaria 316/2019, que estabelece os procedimentos para a identificação e o reconhecimento de sítios arqueológicos pelo Iphan. Nomeado Sítio Arqueológico Agulhas Negras, o local está situado a 2.350 metros de altitude.
O sítio reúne grafismos geométricos e figuras zoomorfas, como uma que lembra um lagarto visto de cima, pintados com pigmentos em tons vivos. A descoberta foi feita no fim de 2023 e, desde então, medidas de proteção foram adotadas. A equipe do Parque Nacional de Itatiaia isolou a área para impedir o acesso de visitantes, já que o toque e até a respiração podem comprometer as pinturas.
“Esta é uma descoberta de enorme relevância para o estado do Rio de Janeiro e para a arqueologia brasileira. Pela primeira vez, temos um sítio rupestre identificado em território fluminense, o que abre novas perspectivas de pesquisa e de entendimento sobre a ocupação humana nessa região”, destaca Patricia Wanzeller, superintendente do Iphan no Rio de Janeiro.
O Museu Nacional deu início aos estudos por meio de medições astronômicas — técnica que analisa o posicionamento de elementos arqueológicos em relação a fenômenos celestes, como o nascer e o pôr do sol ou da lua. Em breve, a equipe deve encaminhar ao Iphan uma proposta para realizar sondagens na gruta e no entorno do sítio. “Vamos aguardar o recebimento do projeto e o início dessas pesquisas pelo Museu. Assim que o material for enviado, analisaremos para que saia a portaria autorizando a realização dos trabalhos”, disse o arqueólogo do Iphan, Cláudio Costa.
A confirmação de que se trata de um sítio rupestre inédito na região amplia as possibilidades de estudo sobre os povos que ocuparam a Serra da Mantiqueira e modifica a compreensão até então existente sobre a presença de pinturas rupestres no território fluminense. A descoberta permite aprofundar o conhecimento sobre os modos de vida desses povos pré-históricos e suas relações com o ambiente e com outros grupos, especialmente considerando a existência de sítios semelhantes em áreas próximas a Minas Gerais.
Ainda não há previsão para a abertura do local à visitação pública, o que só deverá ocorrer após a conclusão das pesquisas e a definição de estratégias adequadas de preservação.
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Assessoria de Comunicação Iphan - comunicacao@iphan.gov.br
Ana Carla Pereira – carla.pereira@iphan.gov.br
