Iphan e Prefeitura de Jaraguá iniciam obras de restauração do Casarão Margarida Fonseca e construção de Laboratório e Reserva Técnica

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em parceria com a Prefeitura Municipal de Jaraguá, inicia nesta quinta-feira (28/08) as obras de restauração do Casarão Margarida Fonseca e a construção da Reserva Técnica de Acervos Arqueológicos. O investimento total é de aproximadamente R$ 1,5 milhão, com conclusão prevista para agosto de 2026. 

Uma reserva técnica é o espaço físico destinado à guarda, organização e conservação de artefatos arqueológicos. Assim, esses objetos são armazenados de forma segura, recebem tratamento especializado para sua preservação e são catalogados para que possam ser estudados, fotografados e utilizados em exposições.   

O casarão, incorporado ao Museu Histórico Municipal de Jaraguá, é um dos mais importantes exemplares da arquitetura oitocentista da cidade. Além de devolver ao imóvel suas características originais e integridade construtiva, a intervenção ampliará as funções do museu, credenciado como Instituição de Guarda e Pesquisa (IGP) junto ao Iphan. As IGPs são locais reconhecidos pelo Iphan capazes de conservar, proteger, estudar e promover a extroversão dos bens arqueológicos, atendendo ao trinômio pesquisa, conservação e socialização. 

De acordo com a arqueóloga parecerista do recurso financeiro da restauração, Margareth de Lourdes Souza, a obra representa um salto para a preservação do patrimônio arqueológico local. “A construção do laboratório e da reserva técnica amplia a capacidade de conservação, proteção e estudo dos acervos arqueológicos sob guarda da instituição”, explicou. 

A nova estrutura contemplará um laboratório de arqueologia e uma reserva técnica ampliada, garantindo condições adequadas de preservação para os bens provenientes de pesquisas arqueológicas endossadas pelo museu. “Além disso, o espaço contará com uma área externa para atividades educativas, promovendo a extroversão dos acervos e atendendo ao trinômio: pesquisa, conservação e socialização”, destacou Margareth. 

Segundo ela, o laboratório também terá papel estratégico no incentivo à pesquisa científica: “O espaço atenderá pesquisadores para análises de materiais coletados em campo e estimulará a participação de estudantes da rede pública e de universidades locais, por meio de estágios”, acrescentou. 

Recursos e estrutura 

A obra será viabilizada por meio do investimento de cerca de R$ 580 mil destinados pelo Iphan, além de recurso da prefeitura. Outro valor específico será aplicado na aquisição de mobiliário especializado para a reserva técnica, como armários e demais equipamentos de conservação, conforme as normas do Centro Nacional de Arqueologia (CNA/Iphan). 

O espaço restaurado seguirá o Programa de Necessidades recomendado pela Portaria Iphan nº 196/2016 e pelas Diretrizes para preservação de bens arqueológicos móveis (2025). Entre os ambientes previstos estão: recepção, salas administrativas, espaço expositivo de arqueologia, biblioteca/arquivo, copa, depósito de material de limpeza (DML) e sanitários acessíveis. 

Também está prevista a instalação da Superintendência de Cultura do município no casarão restaurado, fortalecendo a integração das ações culturais no espaço. 

Patrimônio arqueológico e memória 

Antes do início das obras, será realizada uma pesquisa arqueológica no quintal do casarão, edificado no século 19. O estudo deverá gerar um acervo que remete aos modos de vida dos antigos moradores e à história de Jaraguá, enriquecendo ainda mais o vínculo da comunidade com seu patrimônio. 

As ações estão alinhadas às Diretrizes para Instituições de Guarda e Pesquisa (IGPs) do Iphan, que orientam sobre a responsabilidade de preservar, estudar e socializar os acervos arqueológicos. Como reforça o documento, apenas “guardar” os bens não é suficiente: é preciso garantir que se tornem referência de identidade, memória e ação para os diferentes grupos sociais.