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PARCERIA
Iphan e universidades se unem para proteger o patrimônio arqueológico
Foto: Mariana Alves/Iphan
Como proteger vestígios de milhares de anos quando os eventos climáticos extremos aparecem? Foi pensando nisso que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), por meio do Centro Nacional de Arqueologia (CNA), assinou, no último dia 14/10, um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para a execução do projeto de pesquisa “Governança integrada e compartilhada do patrimônio arqueológico no contexto de mudanças climáticas”. O projeto contará ainda com a parceria da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), numa iniciativa que vai criar ferramentas tecnológicas para identificar quais sítios arqueológicos estão em maior risco por causa das mudanças climáticas e desenvolver estratégias para protegê-los.
O projeto foi elaborado no contexto do Programa de Pesquisa em Políticas Públicas (PPPP) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e irá envolver gestores públicos, especialistas em gestão do patrimônio, pesquisadores e comunidades locais no desenvolvimento de estratégias, normativas e protocolos de ação para a preservação do patrimônio cultural salvaguardado pelo Iphan. Ele tem como base as ações e resultados alcançados com o “Ciclo de Diálogos sobre Patrimônio Cultural e Ações Climáticas” promovidos pelo Iphan e liderados pelas pesquisadoras arqueólogas Aline Carvalho (Unicamp) e Luana Campos (UFMS).
O projeto vai trabalhar inicialmente em três regiões com características bem diferentes: Mata Atlântica (em Ubatuba/SP), Cerrado e Pantanal. A escolha dessas áreas permite entender como as mudanças climáticas afetam diferentes tipos de sítios arqueológicos de formas variadas. O Brasil tem cerca de 37 mil sítios arqueológicos cadastrados, e muitos deles já sofrem com os efeitos das alterações do clima, como chuvas concentradas, aumento de temperatura e eventos climáticos extremos.
Segundo Thiago Trindade, coordenador de Gestão da Informação e Inovação do CNA, a gestão do patrimônio arqueológico brasileiro enfrenta desafios relacionados à fragmentação institucional, insuficiência de dados integrados e à ausência de protocolos específicos para enfrentamento dos impactos das mudanças climáticas.“O projeto propõe superar esses desafios mediante uma parceria entre universidades e o órgão federal, promovendo a integração dos dados do Iphan com indicadores climáticos e socioambientais, contribuindo com soluções inovadoras e replicáveis para diferentes biomas brasileiros”.
A grande novidade é que o projeto não vai apenas fazer estudos acadêmicos, mas propor soluções práticas que os gestores públicos possam usar no dia a dia. Serão desenvolvidos sistemas de mapeamento digital que cruzam dados sobre o patrimônio arqueológico com informações ambientais, identificando áreas prioritárias para ações de preservação. Estudantes de Sistemas de Informação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) vão trabalhar em parceria com arqueólogos e técnicos do Iphan para criar essas ferramentas inovadoras.
Ainda segundo Trindade, o projeto alinha-se de maneira mais ampla com as políticas de inovação em ciência e tecnologia do Iphan ao aliar pesquisa científica para desenvolvimento de políticas públicas de preservação do patrimônio cultural. Para Trindade o projeto deverá ser uma referência para ações futuras do órgão enquanto Instituição de Ciência, Tecnologia e Inovação (ICT).
De acordo com as instituições parceiras, a instabilidade climática está se tornando o "novo normal", mas a forma como ela afeta sítios arqueológicos não tem sido adequadamente quantificada ou diagnosticada, o que impede a criação de políticas públicas eficazes. O principal objetivo final é o fortalecimento do Sistema Nacional do Patrimônio Cultural (SNPC), propondo a construção de ferramentas e políticas públicas sobre o patrimônio e mudanças climáticas em diferentes escalas no território nacional.
Juntos, Iphan, Unicamp, UFMS e IFMS esperam mapear áreas prioritárias para a socialização do patrimônio em risco e elaborar guias de boas práticas e manuais operacionais para gestores públicos. A parceria também conta com o apoio da Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB), ICOMOS Brasil, ICOMOS internacional e Climate Heritage Network (CHN), garantindo que as ações estejam alinhadas com as principais discussões globais sobre clima e cultura.
Instituições envolvidas
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Iphan (Centro Nacional de Arqueologia e Coordenação Geral de Assuntos Técnicos e Participação Social da Presidência);
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Universidade Estadual de Campinas (Unicamp);
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Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)
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Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS)
Mais informações
Assessoria de Comunicação Iphan - comunicacao@iphan.gov.br
Guilherme Gomes - guilherme.cardoso@iphan.gov.br
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