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PREMIAÇÃO
Iphan anuncia as 18 ações vencedoras do Prêmio Rodrigo 2025
Arte: Iphan
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) divulgou nesta segunda-feira (01/12) as 18 ações vencedoras do 38º Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade. Este ano, o concurso bateu recorde de inscrições, com 876, das quais 834 foram habilitadas e analisadas pelas 27 Comissões Estaduais. Em seguida, 175 ações foram classificadas para a Etapa Nacional, quando a Comissão Técnica indicou as 34 que passaram para a fase final.
Resultado definitivo das ações vencedoras
“Celebramos mais uma edição desta que é uma das maiores iniciativas de valorização da nossa cultura e os 18 vencedores, que apresentaram importantes ações de preservação e salvaguarda do patrimônio cultural brasileiro”, comentou o presidente do Iphan, Leandro Grass.
Com o tema “Patrimônio Cultural, Territórios e Sustentabilidade”, o Prêmio contemplou ações de excelência, realizadas entre os anos de 2022 e 2024, no campo do patrimônio cultural brasileiro, a partir da valorização do território nos seus contextos urbanos, rurais e/ou periféricos, e da promoção da sustentabilidade social, ambiental e econômica.
“Esta foi uma edição histórica. Além do recorde de inscrições, realizamos o maior investimento da história do prêmio, contemplando mais ações do que o previsto no edital (15)”, contou Clara Marques, coordenadora-geral de Fomento e Economia do Patrimônio (Dafe) do Iphan. “Alcançamos o nosso objetivo com o tema e estamos satisfeitos com o resultado ao qual chegamos: 78% das ações vencedoras foram realizadas nas regiões Norte e Nordeste e 67% em municípios do interior dos estados; 78% foram promovidas por, com e/ou para povos e comunidades tradicionais; e 61% das propostas vieram de associações, cooperativas ou grupos e coletivos não formalizados. Isso demonstra que o Iphan está conseguindo fortalecer quem realmente faz a diferença nos territórios por meio da valorização do patrimônio cultural brasileiro”, ressaltou.
As iniciativas são de 12 estados diferentes, sendo 6 do Norte, 8 do Nordeste, 1 do Sudeste e 3 do Sul. Elas estão divididas nas seguintes categorias:
- 5 por pessoas físicas, microempreeendedores individuais (MEI) ou microempresas (ME);
- 11 por cooperativas, associações ou grupos e coletivos não formalizados;
- 1 por demais empresas e institutos privados; e
- 1 por entidades da administração pública.
Conheça as ações selecionadas que receberão a premiação de R$ 35 mil cada, como estímulo e forma de reconhecimento ao trabalho empenhado:
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Colheita e Replantio da Murta no Ciclo do Marabaixo - Salvaguarda de Memórias Ancestrais, de Macapá (AP)
Criada pela Associação Cultural Berço do Marabaixo que responde à ameaça de escassez da murta, planta aromática sagrada utilizada nas celebrações do Marabaixo em Macapá (AP), a associação organiza mutirões de replantio nas áreas de colheita e em quintais urbanos, garantindo a continuidade do rito do Domingo da Murta e aliando tradição afrodescendente, sustentabilidade ambiental e educação comunitária.
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Marujos Pataxó: preservação, formação, salvaguarda e valorização do samba indígena, as cantigas de roda ancestrais e cultura da Aldeia Mãe Barra Velha, de Porto Seguro (BA)
Idealizada pelo Grupo Musical Autoral Marujos Pataxó, a iniciativa tem como objetivo garantir a continuidade do samba indígena e das cantigas de roda ancestrais, promovendo formação e desenvolvimento social para Pataxós em vulnerabilidade na Aldeia Mãe Barra Velha, localizada em Porto Seguro (BA). Fazem isso com a promoção de oficinas de música, samba e resgate de cantigas de roda para crianças, jovens, adultos e idosos; com o registro do bem com a gravação de álbuns musicais, videoclipes e documentários; e com a realização de eventos que promovem a cultura, fortalecem os saberes e geram sustentabilidade econômica e social no território.
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Viva a Festa do Lixo: patrimônio vivo da periferia de Salvador (BA)
Desenvolvida pelo Grupo de Arte Popular a Pompagem, a ação é a criação de um espaço dedicado a preservar e valorizar a memória da Festa do Lixo — manifestação popular que aconteceu entre 1975 e 1985, no bairro de Fazenda Grande do Retiro, em Salvador (BA) —, a Casa do Museu Popular da Bahia. Com ações de educação patrimonial, o grupo busca conectar a juventude periférica à história de luta e resistência do território, fortalecendo a identidade local e mostrando que a periferia produz arte, cultura e cidadania.
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Repovoando as Carrancas nas margens do Rio São Francisco, de Ibotirama (BA)
Criada pelo Grupo de Teatro Mistura, esta iniciativa é um projeto de salvaguarda que valoriza a carranca, figura tradicional da proa das embarcações do Rio São Francisco, como símbolo de identidade e resistência do povo ribeirinho. O grupo promoveu exposições produzidas por mestres artesãos locais, palestras educativas sobre cultura ribeirinha e apresentações de teatro, além de ter doado 40 carrancas a pescadores locais, reativando o uso tradicional das peças e fortalecendo os vínculos identitários e a economia criativa na região do Velho Chico.
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Festa do Mangue do Cumbe, em Aracati (CE)
Pensada pela Associação Quilombola do Cumbe, a ação é um evento cultural, educativo e político realizado há mais de 10 anos pela comunidade quilombola pesqueira do Cumbe para sensibilizar a sociedade sobre a importância dos manguezais e fortalecer a luta pela demarcação e titulação do território tradicional. A Festa visa dar visibilidade à identidade quilombola pesqueira, salvaguardar conhecimentos ancestrais e denunciar as ameaças aos manguezais causadas por empreendimentos econômicos, através da valorização das práticas culturais, saberes e modos de fazer tradicionais. Assim, a comunidade afirma seu protagonismo na defesa do território e apresenta os modos de vida quilombola como resposta concreta à crise climática e civilizatória global.
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Programa Imperatriz Arqueológica, Territórios de Memória: conexões patrimoniais com as escolas de educação básica do município de Imperatriz, de Imperatriz (MA)
Idealizada pela Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL), a iniciativa é um programa de extensão universitária que leva a arqueologia regional para escolas de educação básica em Imperatriz (MA), região de ecótono Amazônia-Cerrado com significativa presença indígena. Com exposições, oficinas e visitação ao Museu Centro de Pesquisa em Arqueologia e História Timbira (CPAHT), a ação integra conhecimento arqueológicos ao currículo escolar, buscando desconstruir estereótipos, promover educação antirracista e valorizar a ancestralidade e os saberes tradicionais como elementos fundamentais da identidade cultural regional, reconhecendo o território como espaço vivo de memória e resistência.
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Prosa de saberes tradicionais - Inserção e afirmação das raizeiras e benzedeiras nas políticas públicas, de Belo Horizonte (MG)
Criada pela psicóloga, benzedeira e agitadora cultural, Ana Maria Soares, a ação promove encontros entre Mestras da Cultura Popular, Raizeiras e Benzedeiras com a comunidade, almejando a transmissão oral e salvaguarda de seus conhecimentos ancestrais. Entre 2022 e 2024, o projeto teve 12 edições, envolvendo mais de 65 detentores de saberes e impactando diretamente cerca de 800 pessoas. A iniciativa também atua politicamente pela inserção dessas práticas tradicionais nas políticas públicas, especialmente nas Práticas Integrativas Complementares do SUS (PICS), além de contribuir para discussões sobre saúde mental da população negra, uso de ervas medicinais e reparação histórica pelo protagonismo de mulheres negras mais velhas nas decisões políticas da cidade.
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Festividade de Carimbó de São Benedito, de Santarém Novo (PA)
Pensada pela Irmandade de Carimbó São Benedito, a atividade promove a transmissão dos saberes ancestrais entre gerações através de oficinas, cortejos, apresentações e vivências formativas, fortalecendo grupos de diferentes faixas etárias: do infantil, Trinca-Ferro Mirim, ao principal, Quentes da Madrugada. Além da dimensão cultural e educativa, a ação articula a festividade com economia criativa, turismo cultural e práticas sustentáveis, garantindo que o carimbó permaneça como expressão viva enraizada no território amazônico e contribuindo para o desenvolvimento local com geração de renda e inclusão social.
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Janereka Aiteuara: Programa de salvaguarda e fortalecimento da ciência e patrimônio cultural Awaete, de Altamira (PA)
Desenvolvida pela Instituto Janereka, a ação visa fortalecer e salvaguardar o patrimônio cultural Awaete com a gestão autônoma de acervos físicos e digitais, combinando metodologias pedagógicas tradicionais e linguagens artísticas com práticas contemporâneas, além de promover pesquisas e produção científica, a proteção dos “museus vivos”, compostos por 20 sobreviventes do genocídio sofrido pelo povo, que são fundamentais para a continuidade integeracional do projeto constantemente ameação pelo etnocídio da guerra socioambiental. O Instituto objetiva a aplicação dos direitos indígenas em ações e projetos de cultura, patrimônio e memória, a partir de estratégias de ações afirmativas em direito e educação patrimonial com propostas éticas, decoloniais, cocriativas e regenerativas.
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Preservação das memórias das lutas pela terra - ações do Memorial das Ligas e Lutas Camponesas na comunidade tradicional de Barra de Antes, de Sapé (PB)
Criada pelo Memorial das Ligas e Lutas Camponesas, a atividade articula preservação histórica da memória das Ligas Camponesas, movimento fundamental para a luta pela reforma agrária no Brasil, com lutas atuais no campo, por meio de ações como a construção participativa de um Plano Museológico, exposições temáticas que respondem a ameaças territoriais contemporâneas, atos de memória aos mártires camponeses, semanas culturais educativas, digitalização de acervos, projetos de história oral e mobilização pelo tombamento federal da instituição.
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Vivenciando Porto do Capim - Turismo de base comunitária, de João Pessoa (PB)
Pensado por coletivos locais (Jovens Garças do Sanhauá e Associação de Mulheres) em 2016, o projeto oferece experiências autênticas no centro histórico de João Pessoa, conectando visitantes à história, cultura e natureza da comunidade ribeirinha. A iniciativa funciona como ferramenta de resistência territorial e geração de renda, oferecendo tours guiados pelos resquícios do antigo porto, culinária tradicional, apresentações culturais e passeios de canoa com pescadores locais, além de promover ações educativas internas como a Gincana Cultural para engajar novas gerações.
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Serra da Capivara: territórios de memórias e saberes ancestrais, de Coronel José Dias (PI)
Desenvolvida pelo Instituto Olho d’Água como uma estratégia de preservação do patrimônio cultural da região com a realização de oficinas permanentes de saberes tradicionais (bordado, cerâmica, fibras da caatinga), com o fortalecimento do Centro de Memórias como museu vivo, atividades educativas com crianças e jovens, e promoção do turismo cultural de base comunitária. O projeto se destaca pelo protagonismo das mulheres bordadeiras, que geram renda através de suas criações, e pela transmissão intergeracional dos saberes locais, conectando memória, identidade e sustentabilidade no território da Serra da Capivara.
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Preservação e promoção de línguas, culturas, literaturas e territorialidade indígenas de Roraima, de Boa Vista (RR)
Fruto da mobilização de um coletivo pela promoção das línguas, culturas, literaturas e territorialidades indígenas, a ação desenvolve um trabalho integrado de preservação e promoção das línguas e culturas indígenas de Roraima, atuando simultaneamente na Universidade Federal de Roraima (UFRR) e em comunidades de nove municípios do estado. O projeto oferece ensino das línguas Macuxi, Wapichana, Ingaricó e Patamona em aulas abertas, formação contínua de professores indígenas e produção de literatura de autoria indígena, além de participar ativamente de festivais culturais nas comunidades. Entre as principais conquistas da iniciativa estão a contribuição para a cooficialização dessas línguas nas cidades de Bonfim, Cantá e Uiramutã, e a certificação que permite aos professores indígenas acessarem vagas em processos seletivos e concursos, fortalecendo tanto a institucionalização acadêmica quanto o uso comunitário dessas línguas.
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Graffitour: arte, cidadania e turismo comunitário, de Caxias do Sul (RS)
Criada pelo VIELAS Espaço Cultural, a ação surgiu em 2023, na favela Euzébio Beltrão de Queiroz, em Caxias do Sul, e é uma projeto de turismo comunitário que oferece um percurso guiado pelos 68 murais de graffiti e muralismo que transformaram o território em um museu a céu aberto. A iniciativa atua como ferramenta de educação patrimonial, conscientização sobre direitos culturais e formação de agentes culturais locais, especialmente crianças e jovens.
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Kaa’guy Jaryi, de Araquari (SC)
Diante de ameaças como extração ilegal de madeira e violência territorial, o coletivo Tekoa Ka’aguy Mirim Porã, do território indígena Tarumã, no litoral norte de Santa Catarina, respondeu criando uma nova aldeia e desenvolvendo iniciativas integradas de proteção ambiental, valorização cultural e articulação política. A ação representa não só a reorganização física da área, mas também o fortalecimento da espiritualidade, ancestralidade e autonomia da aldeia e do povo. As atividades incluíram coautoria de três livros sobre saberes ancestrais, oficinas de cerâmica e canto tradicional, cerimônias como Nhemongarai, eventos de saúde contextualizada (Outubro Rosa Guarani), participação em festivais culturais de grande porte e articulações institucionais contra o Marco Temporal.
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Kyringue Arandua - Infância Viva Guarani, de Biguaçu (SC)
Idealizada pela professora, pesquisadora, escritora e agente cultural, Silvana Minduá Vidal Veríssimo, indígena Guarani Mbya, a iniciativa criou um espaço educativo dedicado à infância indígena na Grande Florianópolis, região metropolitana de Santa Catarina. Frente à ameaça do sedentarismo e da influência tecnológica sobre o modo de vida tradicional, o projeto construiu um território ancestral com mutirões de bioconstrução, estabeleceu parceria com a Prefeitura de Biguaçu (SC) para funcionar como escola municipal diferenciada, e realizou pesquisas sobre o brincar e os saberes tradicionais em cinco aldeias. Como resultado, houve a publicação de um livro bilíngue, a produção de uma série audiovisual Nhandereko, exposições e desenvolvimento de espaços naturalizados de brincadeira.
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Oficina de viola de buriti e dos brinquedos tradicionais, de Mateiros (TO)
Desenvolvida pelo mestre de oficina de viola de buriti, quilombola, artesão, cantor e compositor, Horlei Tavares da Silva, a atividade é uma iniciativa de preservação cultural que ensina técnicas de construção da viola de buriti e de brinquedos tradicionais feitos com esse material. Com oficinas regulares, rodas de música coletivas e participação em festivais culturais regionais, o projeto promove a transmissão de conhecimentos entre gerações e fortalece a identidade comunitária.
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Pé de Cantos da Terra (Pjê kreh kãm increr xatat): um projeto de salvaguarda das oralidades e musicalidades ancestrais do povo Krahô, de Goiatins e Itacajá (TO)
O pesquisador indígena do povo Krahô, Gregório Huhte Krahô, criou a ação de salvaguarda cultural que reconhece os cantos tradicionais como elementos fundamentais para a manutenção do território e da cosmologia indígena. Executado desde 2011 e consolidado em 2024, com apoio do Ministério dos Povos Indígenas, o projeto reuniu mestres cantadores de 12 aldeias da Terra Indígena Krahô (TO) para mapear, documentar, explicar, fortalecer e transmitir intergeracionalmente os repertórios musicais ancestrais. Além dos registros audiovisuais, a ação articula os cantos com saberes associados demonstrando que, para este povo, a música é uma tecnologia de preservação territorial e sustentabilidade cultural que educa as novas gerações e mantém viva a relação espiritual com o Cerrado.
O 38º Prêmio Rodrigo
O Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade tem abrangência nacional. O concurso é promovido pelo Iphan desde 1987 e reconhece iniciativas de preservação e salvaguarda do Patrimônio Cultural do Brasil. O nome do prêmio é uma homenagem ao advogado, jornalista e escritor Rodrigo Melo Franco de Andrade, que em 1937 esteve à frente da criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan), atual Iphan, o qual presidiu por 30 anos.
Mais informações na página do Prêmio Rodrigo 2025.
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