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PATRIMÔNIO MATERIAL
Chafariz da Glória, no Rio de Janeiro (RJ), passa por obra de restauro e requalificação
Imagem ilustrativa do projeto executivo. (Foto: Espectro Engenharia LTDA)
Marco do fornecimento público de água no Rio de Janeiro (RJ), o Chafariz da Glória passa por uma restauração completa que vai devolver ao monumento sua função social original. A obra, executada pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), tem projeto aprovado e acompanhado tecnicamente pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que participa de cada etapa para garantir a preservação do bem, tombado desde 1938.
As tratativas entre o Iphan e a Cedae começaram em 2022, com os primeiros estudos do anteprojeto que viabilizou a recuperação do chafariz. As obras foram iniciadas no segundo semestre de 2025, e, desde então, a equipe técnica do Iphan faz um acompanhamento contínuo com visitas e reuniões periódicas, oferecendo subsídios históricos, arquitetônicos e arqueológicos para assegurar que o restauro seja fiel às características originais do monumento.
De acordo com a superintendente do Iphan no Rio de Janeiro, Patricia Wanzeller, restaurar esse monumento significa preservar uma referência fundamental da memória urbana do Rio.
“Atribuir um novo uso ao chafariz, mantendo as características arquitetônicas, é uma forma de reafirmar o vínculo da cidade com seu passado e de fortalecer o sentimento de pertencimento da população”, completou a superintendente.
A intervenção é abrangente e inclui tanto a recuperação da fachada histórica, voltada para a Rua da Glória, quanto a requalificação dos espaços internos, que futuramente irão abrigar um café. Estruturas históricas, como a abóbada do antigo reservatório e as escadarias de pedra, serão preservadas. Paralelamente, o conjunto recebe sistemas modernos de infraestrutura - hidráulica, elétrica, prevenção de incêndio e segurança -, que permitirão a retomada da operação plena do chafariz e do fornecimento gratuito de água potável.
Segundo o mestre-artífice e técnico do Iphan, Antônio Carlos Corrêa, um diagnóstico prévio apontou uma série de danos, entre eles o desprendimento de materiais, fissuras e uso de argamassas e tintas impróprias.
“A umidade acumulada ao longo dos anos, agravada por intervenções inadequadas, também danificou o monumento. Além disso, antigas alterações internas, vegetação invasiva e pichações irão exigir tratamentos específicos e ações de sensibilização para evitar novas deteriorações”, explicou o técnico do Iphan Antônio Carlos.
As frentes de trabalho incluem limpeza geral, consolidação estrutural, recomposição pictórica, refazimento de argamassas históricas e proteção das cantarias, além da reprodução dos dizeres da tradicional placa de lioz português, uma pedra calcária conhecida por ser resistente e utilizada em construções antigas.
“No momento, a equipe está avançando na remoção de estruturas contemporâneas, na construção de novos elementos afastados da fachada original e no acompanhamento arqueológico, com catalogação dos vestígios encontrados”, disse o arquiteto e colaborador do Iphan, Yrvin Duarte.
Mais do que restaurar um marco histórico, a obra devolve à cidade um espaço de convivência que marcou gerações. Assim como no passado, quando os chafarizes eram pontos de encontro e sociabilidade, a expectativa é de que o monumento volte a integrar o cotidiano dos moradores, visitantes e frequentadores das tradicionais feiras de domingo. A previsão de conclusão dos trabalhos é no terceiro trimestre de 2026.
Localizado no bairro da Glória, o chafariz serviu à população carioca por mais de um século. Com estilo colonial, perdeu sua função após a chegada do encanamento residencial, mas foi preservado como peça histórica. O monumento passou por restaurações no início do século 20 e na década de 1960. Hoje, mantém um amplo tanque de cantaria com quatro bicas e segue como marco arquitetônico da cidade.
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Assessoria de Comunicação Iphan - comunicacao@iphan.gov.br
Ana Carla Pereira – carla.pereira@iphan.gov.br
