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PATRIMÔNIO DOCUMENTAL
Acervo do Arquivo Central do Rio de Janeiro volta ao Palácio Gustavo Capanema
Foto: Mariana Alves/Iphan
O acervo do Arquivo Central do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Rio de Janeiro está voltando para casa. É assim que Andressa Furtado, chefe de Serviço do Arquivo, descreve o retorno do arquivo ao Palácio Gustavo Capanema, de onde foi retirado, em 2016, para a realização das obras de restauro, oficialmente concluídas em maio de 2025.
Considerado o mais antigo do Iphan, datado da década de 1930, o acervo do Arquivo Centro do Rio de Janeiro representa a memória do patrimônio cultural brasileiro e é um dos mais relevantes para a pesquisa sobre o tema. Grande parte do acervo é sobre patrimônio material, incluindo documentação sobre identificação dos bens, processos de tombamento, registro sobre as intervenções e extensa documentação técnica (plantas, fotografias, relatórios), além do acervo da Biblioteca Noronha Santos, que é especializada em patrimônio cultural, artes e temas correlatos.
Ao todo são, aproximadamente, 1250 metros lineares de documentação (textual e iconográfica), 160 mil fotografias, 20 mil mapas e plantas e 25 mil exemplares de livros. O processo de mudança para o Palácio Gustavo Capanema começou em maio e precisou ser planejado e executado com extremo cuidado para garantir a integridade do material histórico.A equipe técnica do Arquivo, Biblioteca e Conservação acompanhou e orientou a empresa Multiprime, selecionada por processo licitatório, em todas as fases do retorno ao Capanema, que incluem: elaboração do mapa topográfico do mobiliário, a retirada ordenada e o acondicionamento dos documentos, até o transporte e a colocação no mobiliário no local de destino. Foram utilizados plástico filme stretch (material altamente esticável, usado para proteger e unitizar cargas durante o transporte e armazenamento) e caixas de papelão triplex (feitas com três camadas de papelão ondulado) para a embalagem, enquanto as gavetas das mapotecas, por exemplo, foram acondicionadas com o acervo dentro para preservar a estabilidade dos materiais.
A movimentação dos acervos já foi finalizada, e a montagem dos móveis e reorganização dos documentos no Capanema já está em andamento. “A previsão é de que a etapa atual termine até o final de agosto. Com isso, a expectativa é que ao final dessa etapa tudo esteja pronto para a retomada imediata da pesquisa presencial”, projetou Andressa.
Palácio Gustavo Capanema
Reconhecido como um dos maiores símbolos da arquitetura moderna do Brasil e do mundo, o Palácio Gustavo Capanema foi construído entre 1937 e 1945, projetado por Lucio Costa, com participação de Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Carlos Leão, Jorge Moreira e Ernani Vasconcelos, além da consultoria do arquiteto franco-suíço Le Corbusier.
Antes sede do antigo Ministério da Educação e Saúde Pública, o edifício abriga obras de artistas como Portinari, Burle Marx e Bruno Giorgi, e foi tombado pelo Iphan em 1948, apenas três anos após sua construção, destacando sua importância histórica e artística. A obra de restauração finalizada em 2025 foi um projeto de grande envergadura, com investimento total de R$ 84,3 milhões, viabilizados pelo Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Na reinauguração do edifício, em cerimônia com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, Leandro Grass, presidente do Iphan, lembrou que o Palácio não se trata de um prédio comum, mas de um patrimônio cultural brasileiro, que tem complexidade artística e cultural. “Agora, o novo Capanema, totalmente restaurado, vai ser um espaço de ocupação pública, social e cultural”, disse Grass.
“Nós sempre estivemos no Capanema. Somos parte dele também. Acredito que haja uma relação afetiva e de pertencimento com o lugar. Olhamos os corredores e divisórias e, automaticamente, pensamos em Carlos Drummond de Andrade sentado numa mesa de madeira e fazendo uma inscrição em um dos Livros do Tombo. Na verdade, estamos voltando para casa”, reflete Andressa Furtado.
Além do Arquivo Central, a Fundação Nacional de Artes (Funarte) retornará ao edifício, ocupando três andares. A Fundação Biblioteca Nacional e a Fundação Casa de Rui Barbosa também celebram reaproximação histórica com o Palácio. No evento de apresentação da restauração, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, exaltou: “Tudo que existe aqui é memória, e é com ela que conseguimos traçar o futuro.”
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Assessoria de Comunicação Iphan - comunicacao@iphan.gov.br
Amanda Gil – amanda.gil@iphan.gov.br

