Não há saúde sem democracia, nem democracia sem comunicação

A comunicação é uma ferramenta essencial para a defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e para o exercício da democracia participativa. Com esse propósito, o Conselho Nacional de Saúde (CNS), através da Secretaria-Executiva (SE/CNS) e com o apoio e articulação da Assessoria de Comunicação (Ascom/CNS) e do projeto Participa +, realizaram a oficina “Fortalecimento da Rede Colaborativa de Comunicação do SUS” no Distrito Federal, no Rio Grande do Norte, além do município de Novo Gama/GO. O objetivo é consolidar uma rede colaborativa ativa, plural e comprometida com a promoção efetiva do SUS e o fortalecimento do controle social. 

As duas oficinas marcaram o início de um ciclo de formações que seguirá ao longo de 2026, com novos encontros presenciais e virtuais previstos em outras regiões do país.  Segundo a secretária executiva do CNS, Jannayna Sales, a iniciativa é inédita ao longo de 89 anos do Conselho, e busca “fortalecer uma rede viva e horizontal de comunicadores que atuem em defesa do SUS, com base em princípios da educação popular, da ética e do diálogo social”. A proposta é que essas experiências sirvam para potencializar e fortalecer a Rede de Comunicação Colaborativa, criada em julho de 2023, conectando diferentes iniciativas regionais, durante a 16º Conferência Nacional de Saúde. 
 
Durante as oficinas, os participantes foram convidados a refletir sobre o papel da comunicação popular na mobilização social, as técnicas de enfrentamento à desinformação e o uso da educação midiática como ferramentas para uma comunicação democrática e autônoma. Também foram realizadas atividades práticas de produção de conteúdo, articulando as pautas da saúde pública às realidades de cada território. 

“Os territórios falam de várias formas. E é apenas com essa escuta atenta que conseguiremos construir, de fato, uma comunicação participativa. Esse processo nos fortalece como rede colaborativa de comunicação em saúde coletiva, baseada nos princípios da Educação Midiática, que busca desenvolver habilidades em três pilares: ler criticamente, escrever com responsabilidade e participar de forma ativa e consistente como cidadãos também no universo digital”, destaca Elisângela Cordeiro, coordenadora da Assessoria de Comunicação do Conselho Nacional de Saúde (Ascom/CNS). Ela também defende que comunicadores populares, organizados em redes, têm o poder de produzir e compartilhar conteúdos com credibilidade, fazendo frente à desinformação que, no caso da saúde, pode significar a diferença entre salvar ou perder vidas.   

Distrito Federal (DF) e municípios próximos 

Realizada no dia 31 de outubro, na sede da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura do Distrito Federal (CONTAG-DF), a oficina contou com a participação de conselheiros e conselheiras distrital, dos municípios do Novo Gama (GO) e Luziânia (GO), além de comunicadores (as) populares e profissionais de rádios comunitárias. 

Cris Cirino da ascom/CNS na condução da Oficina no DF e municípios próximos

O encontro fortaleceu a conexão entre comunicadores do SUS, a troca de experiências, a qualificação contínua e a criação de estratégias conjuntas para ampliar o alcance das mensagens sobre o SUS e desconstruir narrativas desinformativas sobre a saúde pública brasileira.  

Na ocasião, a presidenta do Conselho Municipal de Saúde do Novo Gama (GO), Cláudia Gouveia, falou do ineditismo do CNS ao promover o estreitamento entre as esferas federal e municipal do controle social. “Estamos lisonjeados por sermos os primeiros a participar dessa série de oficinas que continuará em 2026, um ano delicado por conta das eleições, onde, certamente, vamos ver muita informação falsa sobre o SUS”, destacou.  
 

Natal (RN), municípios próximos e Salvador (BA) 

A edição de Natal reuniu conselheiros, jornalistas, comunicadores populares, movimentos sociais e representantes do movimento sindical, com participantes vindos da capital potiguar, de diversos municípios do Rio Grande do Norte e também de Salvador (BA). A oficina foi marcada por uma intensa troca de experiências em comunicação, práticas de checagem de informações e estratégias para produzir conteúdos sobre um mesmo tema, adaptados a diferentes realidades e públicos. Ao longo das atividades, foram desenvolvidos roteiros de web novela, vídeos baseados em sotaques regionais em defesa do SUS, além de carrosséis e cards para redes sociais com informações sobre o funcionamento dos conselhos, suas recomendações e a importância da participação social. 

Elis Cordeiro da ascom/CNS na condução da Oficina em Natal e municípios próximos

 
Os participantes da oficina também apontaram desafios que ainda limitam a comunicação dos conselhos de saúde, como falta de financiamento, déficit de pessoal e infraestrutura precária, incluindo equipamentos obsoletos e sites difíceis de atualizar. A ausência de profissionais dedicados, de capacitação técnica e de diretrizes claras para comunicar o controle social dificulta a produção de conteúdos acessíveis e o enfrentamento à desinformação.  

Para a secretária executiva do conselho Estadual de Natal, Isa Teixeira, a oficina de comunicação foi fundamental para o fortalecimento da rede colaborativa do SUS, criando um ambiente de troca e aprendizado que empodera conselheiros e a Comissão de Comunicação do Conselho Estadual de Saúde do RN para uma atuação mais estratégica na defesa do direito à saúde. “Mais que um encontro, a oficina de Natal foi um divisor de águas, blindando a comunicação do SUS contra a desinformação e munindo os conselheiros do RN com ferramentas essenciais para mobilizar a sociedade e garantir a efetividade do Controle Social na saúde.” 

Ela ainda ressaltou que o Conselho Nacional de Saúde deu um passo decisivo em Natal. A oficina não apenas fortaleceu a rede colaborativa, mas sim transformou conselheiros em comunicadores estratégicos, essenciais para defender o SUS e levar a verdade sobre o direito à saúde a cada cidadão potiguar. 

Comunicação Popular, democracia e participação social 

A comunicação popular desempenha um papel estratégico na aproximação entre o SUS e a população, ampliando a participação social e garantindo que as políticas públicas sejam compreendidas nos territórios. Ao valorizar a escuta ativa, as narrativas locais e a pluralidade de vozes, a comunicação popular rompe barreiras históricas de acesso à informação e amplia as possibilidades de mobilização comunitária. 
Nas oficinas realizadas pelo CNS, participantes compartilharam experiências de rádios comunitárias, coletivos de mídia, conselhos de saúde e iniciativas territoriais que demonstram como a comunicação é capaz de transformar realidades, influenciar políticas públicas e qualificar o debate sobre saúde. Esse diálogo direto com a comunidade reafirma a ideia de que não há saúde sem democracia, e a democracia se fortalece quando o povo tem protagonismo. 
 

Saúde sem Boato  

Saúde sem Boato

O avanço da desinformação em saúde representa um dos maiores desafios para o SUS. Notícias falsas, narrativas deturpadas e conteúdos manipulados colocam em risco a confiança nas políticas públicas e podem impactar diretamente a tomada de decisão das pessoas sobre sua própria saúde. Durante as oficinas, comunicadores foram qualificados a identificar, verificar e responder a conteúdos enganosos, compreendendo como funcionam as cadeias de produção e circulação da desinformação. Foram discutidas estratégias de checagem, produção de conteúdo confiável e ações colaborativas para fortalecer a rede de enfrentamento às fake news. 

Ao reconhecer que a desinformação fragiliza o controle social e compromete a vida da população, o CNS reforça que combater a desinformação é uma tarefa coletiva. Comunicar corretamente sobre o SUS é defender o direito à saúde e proteger a democracia.  Além disso, o CNS destaca que a iniciativa Saúde Sem Boato está sendo reestruturada para se tornar um instrumento estratégico do controle social no enfrentamento à desinformação.  

A iniciativa ganhará novas funcionalidades e uma atuação integrada à Rede Colaborativa de Comunicação, ampliando o monitoramento de rumores, checagem de informações e orientação à população com conteúdo qualificado. O objetivo é fortalecer ainda mais a defesa do SUS e promover uma comunicação pública baseada em evidências, transparência e participação social. Enfrentar a desinformação é defender o SUS e proteger a saúde da população.  

Cris Cirino 

Conselho Nacional de Saúde