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Saúde plural
Novo centro de vacinação reforça defesa do SUS e da ciência
Foto: Ascom CNS
“Cada sala de vacinação aberta é um ato de resistência contra o negacionismo, que se manifesta com a disseminação de mentiras e questionamentos sobre vacinas”. Foi o que salientou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, nesta segunda (4/08), durante a inauguração do Centro de Vacinação Viviane Rocha de Luiz, localizado na sede do Ministério da Saúde, na Esplanada dos Ministérios. O espaço foi batizado com o nome da enfermeira, assessora técnica do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), primeira vítima a perder a vida para a Covid-19, no Distrito Federal.

O ministro destacou que a luta pela ampliação da vacinação ainda não acabou.“A gente ainda não venceu esta batalha. Eu tenho dito para cada pai e para cada mãe, você só não teve paralisia infantil, só não teve meningite, porque o seu pai e a sua mãe enfrentaram a situação muito mais difícil. Às vezes só tinha vacina uma vez por semana na unidade de saúde, só chegava vacina uma vez por mês.”
Para a conselheira nacional de saúde, Vânia Leite, a inauguração do centro de vacinação reforça o compromisso com o fortalecimento do SUS e vai além da entrega de uma nova estrutura física, simboliza a defesa da vida, da saúde pública de qualidade e do acesso ampliado à vacinação. “Em tempos em que o negacionismo ameaça conquistas históricas da saúde, investir em espaços como este é reafirmar a ciência, o SUS e a proteção coletiva como prioridades inegociáveis.”
Ela também destaca que a escolha do nome Viviane Rocha de Luiz é uma homenagem a uma trajetória marcada pelo cuidado e pela promoção da saúde. Um tributo que inspira e reconhece sua dedicação à vigilância sanitária e à defesa incondicional do SUS.
Após cerceamento em Cuiabá, Maria Inês Barbosa é homenageada e reforça defesa de um SUS plural

- Foto: Ascom CNS
A inauguração contou com a presença da professora Maria Inês da Silva Barbosa, referência nacional nos estudos sobre a saúde da população negra. Sua participação foi também um gesto de solidariedade, após ter sido alvo de desrespeito e cerceamento durante a 15ª Conferência Municipal de Saúde de Cuiabá (MT), realizada na última quarta (30/07).
A pesquisadora ressaltou que a luta é por um espaço que reafirma o compromisso com um SUS plural e democrático. Destacou que o SUS é uma conquista histórica e que haverá pensamentos críticos, divergências e oposições e faz parte da trajetória de qualquer sociedade.
"Esse é o SUS em que acreditamos: territorializado, que reconhece as diversidades e responde às necessidades reais da população." É o SUS previsto na Lei 8.080, onde a epidemiologia serve de base para identificar demandas, estabelecer prioridades e alocar recursos com justiça.
Acreditamos em um sistema que não discrimina ninguém por sua identidade de gênero. A comunidade LGBTQIAPN+, com todas as letras que forem necessárias, precisa ser ouvida. São vozes historicamente silenciadas que agora dizem: "eu existo, estou aqui, quero ser enxergada, enxergado, enxergade." Esse é o Brasil que queremos construir.
Mestre em Serviço Social e doutora em Saúde Pública, Maria Inês participará da abertura da próxima Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Saúde, marcada para esta quarta-feira (7/8), às 9h. Confira a pauta.
A reunião terá transmissão ao vivo

Para a secretária-executiva do CNS, Jannayna Sales, a presença de Maria Inês reafirma o reconhecimento ao trabalho da pesquisadora e a defesa dos princípios do SUS e da atuação do controle social. “Interferências como essa comprometem um processo democrático essencial, que tem por objetivo construir políticas públicas de saúde para todas as pessoas. Atacar esse espaço é atacar a autonomia dos conselhos e a legitimidade da sociedade civil organizada, que há décadas fortalece o SUS diante de tentativas de retrocesso. O SUS é do Brasil. O SUS é de todas as pessoas.”
O Conselho já havia divulgado nota de repúdio, destacando que a tentativa de silenciar a professora sob o pretexto de “doutrinação ideológica” fere os valores do SUS e os princípios da própria Constituição Federal, que garante o direito à saúde sem exclusões, discriminações ou racismo.
