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União e luta
“Trabalhadores unidos, jamais serão vencidos”: ato político pela saúde da classe trabalhadora marca 5ª CNSTT em Brasília
Ascom CNS
União e o grito de luta “Trabalhadores unidos, jamais serão vencidos” marcaram o Ato Político que levou 1.500 pessoas ao Museu da República, em Brasília (DF), nesta quarta (20/08), pela saúde do trabalhador e da trabalhadora como direito humano. A manifestação integra a programação da 5ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (CNSTT), organizada pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) e promovida pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) do Ministério da Saúde.
O ato contou com a participação de sindicatos, movimentos sociais e delegações de todas as regiões do Brasil, que seguiram em cortejo até o Ministério da Saúde. A última edição da Conferência ocorreu há dez anos e nesse retorno os debates acontecem em meio a um cenário de novas propostas legislativas, mudanças em normas regulamentadoras e denúncias sobre precarização do trabalho, como a jornada 6x1 amplamente criticada pelos conferencistas.
Para a presidenta do CNS, Fernanda Magano, a conjuntura exige vigilância e mobilização. “É incrível como temos que lutar contra um Congresso de direita que retira direitos e impõe jornadas exaustivas e condições insalubres. Esse ato representa o desejo da conferência: um povo de luta unido, defendendo a saúde como direito humano.”
Trabalhadores e trabalhadoras de diferentes categorias relataram as condições desafiadoras enfrentadas em seus cotidianos. “Foi um rolo compressor sobre conquistas históricas. Precisamos reconstruir direitos e acabar com a escala 6x1.”, afirma Victor Yuri, diretor do Sindicato dos Empregados de Empresas de Asseio e Conservação do município do Rio de Janeiro (SIEMACO-RJ).
Nos discursos, emergiram denúncias sobre jornadas exaustivas, adoecimento físico e mental, além da precarização que ameaça direitos historicamente conquistados. “Não temos auxílio-doença, aposentadoria, nada. Hoje o motoboy trabalha 7 por 0: se não trabalha, não come. O SUS é nossa única rede de apoio diante de tantos acidentes e doenças.” João Ferreira do Santos Júnior, motoentregador e presidente do Instituto Duas Rodas. Segundo ele, a categoria sofre principalmente no campo psicológico: “Nossa categoria é doente, com a saúde mental abalada, porque o trabalhador sofre acidente e não tem a quem recorrer.”
Resistência na Esplanada
A Esplanada dos Ministérios se tornou espaço de mobilização em defesa do trabalho digno e decente. Além de marcar posição pela saúde do(a) trabalhador(a) como um direito humano, o ato deu voz a trabalhadores que comumente são invisibilizados no centro das políticas públicas de saúde. Shirlene Pires, presidente da Federação Maranhense dos Agentes Comunitários de Saúde, destacou a falta de EPIs “Muitos agentes não têm sequer protetor solar e fardamento. Como garantir cuidado à população se não conseguimos cuidar de nós mesmos?”
William Ferreira, do Sindicato dos Frentistas de Brasília, denunciou a exposição da categoria a substâncias cancerígenas. “O combustível contém benzeno, que provoca câncer e outros males. Mesmo assim, muitas dessas doenças não são reconhecidas como relacionadas ao trabalho.”
Os manifestantes também reforçaram a importância de fortalecer o SUS como política pública essencial. Gipe, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Cametá (PA), destacou: “Estamos num momento ímpar de defender a saúde do trabalhador e da trabalhadora. Precisamos levantar a bandeira de mais investimento para o SUS e fortalecer a Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora em todos os municípios.”
O ato, considerado uma das expressões mais fortes da 5ª CNSTT, mostrou que a luta por dignidade no trabalho passa pelo fortalecimento do SUS, pela denúncia da exploração e pela união dos trabalhadores. Como concluiu a presidente do Conselho Nacional de Saúde, Fernanda Magano “É fundamental construirmos um país com trabalho digno e decente, nos moldes da Organização Internacional do Trabalho. Que a gente lute contra o assédio moral, contra a jornada 6 por 1, e esse ato representa o desejo dessa conferência, povo de luta unido, fazendo suas manifestações na defesa da saúde do trabalhador e trabalhadora”.
Thais Peniche, Comunicação Colaborativa da 5ª CNSTT


