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Adesão russa dá fôlego ao Protocolo de Quioto
O Ministério do Meio Ambiente recebeu com otimismo a iniciativa do governo russo de assinar o Protocolo de Quioto, o acordo internacional para reduzir a emissão de gases poluentes causadores do aquecimento global. Para a ministra Marina Silva, "a decisão nos traz esperança de que poderemos avançar na proteção da vida do planeta,particularmente das florestas, que são a casa das comunidades e dos povos de diferentes culturas e estilos de vida".
Segundo a ministra, a adesão também poderá contribuir para que sejam colocados em prática vários projetos já aprovados pelo secretariado da Convenção para o território brasileiro. O assessor para assuntos internacionais do Ministério do Meio Ambiente, Fernando Lyrio, considera que a adesão russa dá uma nova perspectiva à Conferência das Partes (COP-10), que será realizada em dezembro, na Argentina. Segundo Lyrio, a indecisão do governo russo sobre o assunto, e a determinação do governo dos Estados Unidos em não ratificar, já estava levando os signatários do protocolo a buscar alternativas para combater o efeito estufa.
Embora a ratificação russa ainda dependa do parlamento, a decisão do governo em aderir cria um fato positivo e estabelece como pauta prioritária da COP-10 a discussão de como implementar Quioto, disse Lyrio. O presidente Vladimir Putin anunciou ontem a decisão do governo de aderir ao protocolo, que pode entrar em vigor 90 dias depois da ratificação pelo parlamento russo.
O Protocolo de Quioto, estabelece compromissos por parte dos países industrializados e de países industrializados em processo de transição para uma economia de mercado, os chamados países integrantes do Anexo I. Os compromissos incluem uma meta de redução média de 5,2% das emissões de gases do efeito estufa, em relação ao ano de 1990, durante o período de 2008 - 2012. Até agora, 125 países assinaram o acordo, inclusive o Brasil que, como os outros países em desenvolvimento, não tem compromisso formal com a redução de gases. No entanto, para entrar em vigor, o protocolo precisa ser ratificado por países que sejam responsáveis por pelo menos 55% das emissões. Essa meta pode ser atingida com a adesão da Rússia, segundo maior emissor de gases do mundo, já que o governo dos Estados Unidos, os maiores emissores, com mais de 36% do total mundial, optou pela não adesão.
Os aumentos das concentrações de Gases de Efeito Estufa (GEE) provocam o aquecimento da Terra, intensificando processos de desertificação e inundações, perdas de produtividade agrícola e de áreas agricultáveis. Segundo pesquisas, também pode tornar mais intensos fenômenos como furacões, tufões, ciclones e tempestades tropicais. A média de temperatura da superfície da Terra começou a crescer desde 1861, se comparada aos últimos mil anos.