Mulheres fortalecem governança socioambiental na Reserva da Biosfera da Amazônia Central com apoio do ASL Brasil e UNESCO
Encontro reuniu lideranças femininas de quatro territórios da RBAC para fortalecer a participação das mulheres na governança socioambiental e na sociobieconomia.A força, o conhecimento e a liderança das mulheres ganharam centralidade no encontro realizado entre 16 e 18 de outubro na comunidade indígena de Três Unidos (AM). A Oficina Caruanas reuniu 26 representantes dos quatro territórios da Reserva da Biosfera da Amazônia Central (RBAC) — Médio Juruá, Médio Solimões, Uatumã e Rio Negro — para trocar saberes, mapear desafios e construir coletivamente caminhos para ampliar a participação feminina na governança socioambiental da região.
A atividade, iniciativa do Mosaico do Baixo Rio Negro, contou com o apoio do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), por meio do Projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia (ASL Brasil), e da UNESCO, via Programa Amazônia. A execução metodológica ficou a cargo do Instituto Zagaia.
Ao longo de três dias, artesãs, extrativistas, empreendedoras, educadoras, comunicadoras e jovens lideranças participaram de rodas de conversa, oficinas de cartografia afetiva e grupos temáticos sobre ancestralidade, economia da floresta, mudança do clima, educação e cultura. O processo resultou na pactuação de prioridades para fortalecer a presença das mulheres em espaços decisórios, como conselhos, colegiados e instâncias de gestão territorial.
Um dos pontos centrais do encontro foi a construção de um diagnóstico participativo que reúne histórias, desafios e contribuições das mulheres dos quatro territórios da RBAC. O documento servirá como base para a criação da Rede de Mulheres da RBAC e orientará ações estratégicas de formação, representatividade e valorização de saberes tradicionais, fortalecendo a participação das mulheres na governança do território.
Para Tainara Machado, jovem liderança indígena do povo Kambeba e moradora da Comunidade Três Unidos (AM), a oficina marcou um momento de união e reafirmação das identidades femininas. “Essa oficina mostrou que quando as mulheres se unem, a floresta se fortalece. Aqui, a gente compartilha saberes, fala de nossas vivências e constrói juntas caminhos para que a nossa voz ecoe nos espaços onde as decisões são tomadas”, afirmou Tainara.
Mais do que um encontro, a Oficina Caruanas consolida um movimento crescente de reconhecimento do papel essencial das mulheres na conservação dos ecossistemas e na transmissão de conhecimentos ancestrais. Para o ASL Brasil, fortalecer a participação feminina é ampliar a capacidade das comunidades de gerir seus territórios e promover a sociobioeconomia de forma justa e sustentável.
“A Rede de Mulheres da RBAC nasce de uma escuta profunda dos territórios. Nosso papel é garantir que essas vozes sejam valorizadas e que políticas e projetos considerem as realidades, expectativas e saberes das mulheres que constroem a Amazônia. Integrar a perspectiva de gênero às ações do ASL Brasil não é apenas uma diretriz; é uma necessidade para fortalecer a conservação e a sociobioeconomia. As mulheres são guardiãs de conhecimentos essenciais e protagonistas na gestão dos recursos naturais”, explicou Fabiana Sousa, coordenadora de Monitoramento e Avaliação do Projeto ASL Brasil, e também responsável pela organização do encontro.
A Rede de Mulheres integra as ações apoiadas pelo ASL Brasil, projeto coordenado pela Secretaria Nacional de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais (SBIO/MMA), financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) e implementado com apoio do Banco Mundial. Sua execução é realizada em parceria com órgãos ambientais federais, estaduais e municipais de meio ambiente dos estados do Acre, Amazonas, Pará e Rondônia, além de coletivos regionais de governança territorial. A iniciativa contribui para o Plano de Ação da RBAC e está alinhada às recomendações do Programa Homem e a Biosfera (MaB/UNESCO) e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, especialmente o ODS 5 (Igualdade de Gênero) e o ODS 15 (Vida Terrestre).
