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Saúde única
Conferência Global de Clima e Saúde traz urgência de mobilizar sociedade para a ação transformadora
Foto: LF Barcelos/ Ascom CNS
Definir estratégias justas e equânimes para consolidar a saúde como pilar da agenda climática rumo à COP30. Foi com esse objetivo que a Conferência Global de Clima e Saúde 2025 foi iniciada nesta terça (29/07), em Brasília, reunindo governos, pesquisadores, movimento sociais e sociedade civil em torno da necessidade urgente de adaptação do setor saúde frente à realidade das mudanças climáticas, construindo propostas concretas para o Plano de Ação de Saúde que será elaborado em Belém.
“O desejo do Governo brasileiro é que essa Conferência inspire ações transformadoras, que conectem pessoas e ideias. E que reforça nosso compromisso com políticas públicas que sejam eficazes, inovadores e que tenham participação social, que é marca do Brasil”, afirmou a secretária de Vigilância e Saúde do Ministério da Saúde, a médica Mariângela Simão durante a abertura.
O Conselho Nacional de Saúde (CNS) compôs a cerimônia oficial de abertura, junto com ministros e ministras de estado e demais autoridades. O evento, que segue até quarta (31/07), promove sessões plenárias, painéis, oficinas e rodas de conversa com foco na troca de experiências e na apresentação de soluções inovadoras, que apresentem evidências científicas que sustentem políticas públicas integradas e compromissos concretos para saúde e meio ambiente.
A presidenta do CNS, Fernanda Magano, destacou a importância de fortalecer a participação social nos processos de governança ambiental e sanitária, reforçando o papel estratégico do SUS na mitigação e adaptação aos efeitos da crise climática.
“A presença do controle social no dispositivo de honra, já aponta os objetivos dessa atividade, que é um trato com equidade nessa pauta tão importante e candente nos dias atuais, e pensar nos recortes de raça, gênero e o enfrentamento de vulnerabilidades sociais em todo território”.
Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente, participou da cerimônia chamando atenção para o agravamento de eventos climáticos extremos que já caracterizam um estado de emergência de nível mundial, que penaliza as comunidades mais vulnerabilizadas e que menos contribuíram para a situação de crise. “Mais de 500 mil vidas são perdidas todos anos dado ao aumento das temperaturas e ondas de calor. Número maior do que muitas guerras em curso, mas infelizmente não causam o mesmo impacto nem têm a mesma responsabilização”, afirmou a ministra.
Já o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, enfatizou a importância da elaboração de propostas reais capazes de ações transformadoras. “Precisamos realizar um verdadeiro mutirão. Esse esforço coletivo é essencial, pois nenhuma pessoa ou país sozinho consegue promover as transformações necessárias. Por isso, a mobilização de toda a sociedade e de todas as nações é fundamental para coordenar e liderar esse mutirão(...). Vamos construir e apresentar no Plano de Belém uma proposta concreta de adaptação dos sistemas públicos nacionais de saúde, para enfrentar as mudanças climáticas que já são realidade do presente e vem afetando a saúde única de nossos territórios”.
Organizada pelo Governo do Brasil, Organização Mundial da Saúde (OMS) e Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), com apoio de instituições internacionais como o Reino da Espanha, Reino Unido, Fundação Gates, Fundação Rockefeller e Wellcome, a Conferência Global de Clima e Saúde 2025 também abriga a reunião presencial anual da Aliança para a Ação Transformadora em Clima e Saúde (ATACH), todos integrando o eixo de construção de sistemas resilientes às mudanças climáticas na COP30.
Preparação para a COP30 e legado para a saúde pública
A COP30 será realizada entre 10 e 21 de novembro de 2025, em Belém (PA), marcando a primeira vez que a conferência acontece na Amazônia – região estratégica para a resiliência climática e a adaptação do setor saúde.
Além do Plano de Ação em Saúde de Belém, o Brasil trabalha na implementação do AdaptaSUS, plano nacional de adaptação à mudança do clima no setor saúde, e do Plano + Saúde para a Amazônia, que também será apresentado na COP30, com objetivo de promover a equidade, reduzir desigualdades regionais e fomentar tecnologias sustentáveis, respeitando as especificidades socioculturais e ambientais dos estados da Amazônia Legal.
Outro foco é garantir legados estruturantes para a saúde pública, com a ampliação da atenção básica – por meio da construção de Unidades Básicas de Saúde em todo o território nacional e em comunidades indígenas, e do cuidado especializado. Também estão previstas ações para o monitoramento e controle da qualidade da água em Belém e no estado do Pará, priorizando a região Norte, que ainda enfrenta desafios no acesso à água potável.
Luiz Filipe Barcelos
Conselho Nacional de Saúde
Com informações da Agência Saúde


