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Reparação
A participação social na Marcha das Mulheres Negras 2025
A trajetória de luta das mulheres negras no Brasil é uma força motriz contínua, que remonta aos atos de resistência e aquilombamento desde o período colonial. Essa longa história de resistência se manifesta agora na convocação da 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras, agendada para o dia 25 de novembro de 2025 em Brasília, dez anos após a mobilização histórica que levou mais de 100 mil mulheres à capital em 2015.
Nesta 2ª edição, a Marcha das Mulheres por Reparação e Bem Viver reafirma a agenda de luta contra o racismo, o sexismo e a violência, temas sempre relevantes para a participação social no Sistema Único de Saúde. Nessa esteira, a Comissão Intersetorial de Saúde da Mulher (Cismu/CNS), por meio da Rede Nacional de Mulheres Negras no Combate à Violência, convida conselheiras e conselheiros de saúde a participarem desse marco democrático para a história brasileira.
A relevância do envolvimento de mulheres negras na participação social é inegável, especialmente nos movimentos sociais e políticos que moldaram o Brasil desde a década de 1950, quando muitas vezes no interior de movimentos populares e associações de moradores, elas começaram a se articular ativamente. A partir da década de 1970, em contato com as lutas antirracistas e feministas, fundaram as bases do Feminismo Negro no Brasil, questionando a dupla opressão de raça e gênero e exigindo melhores condições de vida.
Essa articulação foi fundamental para a Reforma Sanitária Brasileira (RSB), movimento que culminou na criação do Sistema Único de Saúde (SUS), pela Constituição de 1988. Embora a participação direta em entidades centrais da RSB não tenha sido inicialmente visibilizada, a atuação das mulheres negras em comunidades e nos movimentos pela saúde foi substancial. Assim, elas levantaram pautas cruciais como o combate às políticas de controle natalista e a plena implementação da Política Nacional de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), denunciando práticas de esterilização em massa e a falta de diversidade nos métodos contraceptivos oferecidos.
A demanda por um acesso universal e integral à saúde, que atendesse às especificidades da mulher negra, estava na essência de sua luta, influenciando a construção do SUS como um sistema universal. Nos anos seguintes à conquista do SUS, a participação do coletivo de mulheres negras se consolidou em espaços como o Conselho Nacional de Saúde (CNS) e suas conferências, atuando ativamente no Controle Social para a legitimação e efetivação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra.
História
A primeira Marcha Nacional das Mulheres Negras aconteceu em 18 de novembro de 2015 e tinha o lema "Contra o Racismo e a Violência e Pelo Bem Viver". Seu principal objetivo era denunciar o racismo estrutural e o sexismo que resultam na violência do Estado e no genocídio da Juventude Negra, bem como a violência doméstica e o feminicídio que vitimam as mulheres negras de maneira desproporcional, explica a conselheira nacional de saúde e coordenadora da CISMU, Rosa Anacleto (Unegro).
“Ao defender o Bem Viver, a Marcha propôs uma vida plena, rejeitando a mera sobrevivência, onde direitos humanos fundamentais como saúde, educação, trabalho, o direito à cidade e a terra para quilombolas e moradoras de periferia se tornassem uma realidade,ou sejam uma realidade para todas”, declara Rosa.
A conselheira acredita que a Marcha em 2015 marcou um ponto de inflexão na denúncia ao racismo e à violência, e a continuidade da luta se expressa nesta II Marcha Nacional das Mulheres Negras de 2025. “A escolha de unir esses dois conceitos reforça o entendimento do movimento de Mulheres Negras de que não é possível alcançar o Bem Viver sem que o Estado e a sociedade reconheçam e paguem a dívida histórica, política e econômica com a população negra, em especial com as Mulheres Negras , tornando a reparação a base para a construção de uma vida plena e justa”, finaliza.
A Marcha de 2025 é de extrema importância e conta com o apoio do Conselho Nacional de Saúde (CNS), que tem um histórico de defesa do SUS e da Saúde como direito, ao apoiar a mobilização e se comprometer a publicizá-la, reafirma que a luta das mulheres negras Por Reparação e Bem Viver é essencial para a saúde pública e para a garantia de direitos no Brasil.
Participe!
Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver
Organização: Comitê Nacional da Marcha das Mulheres Negras
Local: Museu Nacional, localizado no Setor Cultural Sul, Lote 2, próximo à Rodoviária do Plano Piloto, Brasília - DF.
9h - Concentração
11h - Saída da Marcha
16h - Shows com Larissa Luz, Luanna Hansen, Ebony, Prethaís, Célia Sampaio e Núbia e Bloquinho Delas.
Redes sociais: @marchadasmulheresnegras2025
Confira a programação oficial da Marcha aqui
Natália Ribeiro
Conselho Nacional de Saúde