Notícias
Coletânea Rumo à 5ª CNSTT
No batente, mas sem adoecer...
Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora como Direito Humano: Trabalhar Bem, Viver Melhor
Já reparou que boa parte da nossa vida gira em torno do trabalho? Seja no escritório, no campo, na fábrica, nas ruas ou até de pijama no home office, o trabalho está sempre lá, batendo ponto. Mas será que vale a pena adoecer enquanto rala? Spoiler: de jeito nenhum! Ninguém deve “trabalhar até cair” — o objetivo é trabalhar com saúde e viver com qualidade!
A boa notícia é que o Brasil tem uma política pública que defende a saúde de quem trabalha. Não é à toa: é fruto de muita luta, participação popular e a ideia de que saúde é direito humano, e não um luxo de quem tem patrão ou plano de saúde.
O que é essa Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, afinal?
A Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (ou PNSTT, pra não complicar muito) foi criada em 2012, mas a batalha pela saúde no trabalho começa lá nos anos 1980. É, o povo já estava com a “pulga atrás da orelha” por causa das condições de trabalho e a saúde que ficava em segundo plano.
O objetivo da política é simples: cuidar da saúde de quem trabalha. Para isso, o SUS precisa identificar os riscos que existem em cada profissão, prevenir doenças relacionadas ao trabalho e dar atendimento a quem já está doente por conta dele. E não importa o cargo, a função ou a carteira assinada. A saúde é pra todos, do pedreiro ao programador, da agricultora à professora.
Ela também se preocupa com a “vigilância em saúde do trabalhador”, como se fosse uma lupa que o SUS usa pra investigar os problemas no ambiente de trabalho. E, quando encontra algo de errado, a política age para corrigir. Se todo mundo cuidasse da saúde no trabalho, o mundo seria mais equilibrado.
E as mudanças no mundo do trabalho, hein?
Ah, o trabalho mudou — e não foi pouco! Antigamente, o famoso “emprego de carteira assinada” era quase sinônimo de estabilidade e direitos. Hoje, muita gente trabalha como freelancer, tem “bico”, vira MEI, PJ ou vive de plataformas digitais.
Essa nova “moda” de trabalhar também traz seus percalços: menos direitos e mais riscos. Já pensou em ser entregador de aplicativo? Pedalar o dia inteiro, correndo contra o tempo, e sem direito a descanso? Isso é um risco! E trabalhar de casa, achando que é uma maravilha, mas sofrendo com a dor nas costas por conta de uma cadeira sem “graça”? Também não é bem a ideia de um trabalho saudável!
Apesar dessas mudanças no cenário, os problemas de saúde no trabalho continuam — ou até aumentam. O SUS precisa estar pronto para lidar com essas novas formas de trabalho e garantir que a saúde do trabalhador não seja “trabalhada” por maus cuidados.
Onde entra o povo nisso tudo?
Aqui é que a coisa fica mais interessante: a participação popular é a “alma” do SUS! Isso quer dizer que o povo tem voz, vez e até voto nas decisões sobre a saúde pública. Isso rola em conselhos de saúde, conferências, reuniões nas unidades e tantos outros espaços onde as vozes dos trabalhadores são ouvidas.
Quando o assunto é saúde do trabalhador e da trabalhadora, a participação popular é essencial! Afinal, quem melhor do que quem está no “campo de batalha” sabe o que realmente está pegando no trabalho? São os sindicatos, movimentos sociais, coletivos e associações de trabalhadores que vão fazer a diferença, cobrando ações de prevenção e buscando soluções reais.
E quem cuida disso? Os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST)! Eles são como super-heróis da saúde, acolhendo denúncias, investigando ambientes de trabalho e protegendo os trabalhadores. O melhor de tudo é que esses centros estão bem pertinho da comunidade, fazendo a “vigilância em saúde” de um jeito mais acessível e direto.
A saúde mental também merece atenção!
Antes, o foco estava muito em acidentes de trabalho, poeira, ruído e esforço repetitivo. Mas hoje, a saúde mental entrou na agenda e não sai mais. A famosa síndrome de burnout, ou o estresse extremo no trabalho, tem virado rotina em muitas profissões. Não basta mais amar o que faz se as condições de trabalho estão pedindo demais — o trabalhador “queima” por dentro.
A pressão, as metas absurdas e a falta de reconhecimento fazem parte de um pacote que ninguém deveria precisar carregar. A saúde mental tem que estar no centro das políticas públicas. E isso significa: ouvir, acolher e garantir que as condições de trabalho sejam mais humanas, respeitando os limites de cada um.
Como garantir que a saúde do trabalhador seja um direito real?
Não existe fórmula mágica, mas algumas ações são cruciais:
· Fortalecer o SUS e os CEREST, para dar conta de tanta demanda;
· Levar o cuidado em saúde para onde o trabalhador e a trabalhadora estão, seja no campo, na cidade, no aplicativo ou em qualquer lugar onde o povo bata ponto;
· Incluir os trabalhadores informais e autônomos nas ações de saúde, sem burocracia ou discriminação;
· Fiscalizar de verdade as empresas que estão mais preocupadas com o lucro do que com a vida humana;
· Valorizar a participação popular, ouvindo as necessidades de quem vive o dia a dia no trabalho.
Pra concluir…
Trabalhar faz parte da vida, mas adoecer por causa do trabalho não pode ser normalizado! Cuidar da saúde do trabalhador e da trabalhadora não é um luxo — é um direito básico. E investir na saúde é garantir qualidade de vida para quem constrói o país com seu esforço diário.
Defender a saúde do trabalhador e da trabalhadora é defender o direito de viver com dignidade. E isso, meus amigos, é uma luta de todos nós!
Autoria: Roquenei da Purificação Rodrigues
Fisioterapeuta, Mestre em Planejamento Territorial, pós-graduado em Saúde Coletiva e coordenador do Serviço Multidisciplinar de Reabilitação em São Gonçalo dos Campos - Bahia
Situação: APROVADO (CGSAT)
*A Coletânea “Rumo à 5ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (CNSTT) – Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora como Direito Humano” é uma iniciativa aberta que convida a sociedade a participar da reflexão sobre os desafios da saúde no mundo do trabalho. Trabalhadores, sindicalistas, movimentos sociais, coletivos, Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), Comissões Intersetoriais de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (Cistt), entre outros, podem enviar seus materiais, em diferentes formatos. Veja as orientações para participar.