Discurso da ministra Marina Silva na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (WSDS)

Excelências, senhoras e senhores,

Nos encontramos em um momento decisivo para o futuro do planeta. Como anfitrião da COP30, o Brasil reforça que a responsabilidade climática é coletiva e que somente através dos nossos esforços domésticos, do multilateralismo e da cooperação internacional, poderemos transformar compromissos em ações concretas.

A COP30 precisa ser a COP da aceleração da implementação, garantindo que os compromissos assumidos em Dubai e Baku se traduzam em ações concretas. Precisamos avançar na transição para o fim dos combustíveis fósseis e para o fim do desmatamento, ao mesmo tempo em que ampliamos o financiamento climático para US$ 1,3 trilhão anuais, partindo dos US$ 300 bilhões prometidos pelos países desenvolvidos. Esse mapa do caminho será crucial para o período pós-Belém.

A emergência climática também exige maior destaque para adaptação, que dialoga diretamente com a proteção da vida e a redução de vulnerabilidades em nível local. Precisamos garantir que as comunidades mais afetadas tenham acesso a recursos e tecnologia para enfrentar os impactos da crise climática.

A transição para uma economia de baixo carbono e resiliente precisa ser não apenas rápida, mas também justa. O Brasil defende um modelo de transição que não deixe ninguém para trás, garantindo alternativas econômicas e sustentáveis e meios de implementação que apoiem, sobretudo, as populações e ecossistemas mais vulnerabilizados.

Além disso, precisamos criar e fortalecer mecanismos inovadores para viabilizar essa transição. Um exemplo é o Mecanismo Florestas Tropicais para Sempre, proposta que busca garantir fluxos financeiros perenes para a proteção da natureza e a remuneração dos serviços ecossistêmicos, reconhecendo o papel essencial das florestas tropicais para a estabilidade climática global.

Para além das agendas de ação, negociação e mobilização da COP30, estamos incorporando a esta última a iniciativa de um Balanço Ético Global, proposta pelo Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres.

O Balanço Ético Global promoverá diálogos em diferentes regiões do mundo, incluindo pontos críticos como o Ártico, e reunirá jovens, mulheres, cientistas, líderes religiosos, artistas, empresários, povos indígenas, comunidades locais e ativistas para refletir sobre como alinhar nossas decisões ao objetivo inegociável de manter o aquecimento global a 1,5°C.

O Brasil está comprometido a liderar pelo exemplo. Na COP29, em Baku, anunciamos nossa nova NDC com a meta de reduzir entre 59% e 67% as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2035, tomando como base os níveis de 2005.

Também conseguimos resultados expressivos na Amazônia: reduzimos o desmatamento em 46% em relação a 2022, alcançando o menor nível dos últimos nove anos. O Presidente Lula assumiu o compromisso de zerar o desmatamento no Brasil até 2030.

Porém, sabemos que só teremos sucesso se agirmos coletivamente. A COP30 será crucial para ajudar a redefinir o futuro do planeta e construir um marco referencial, sólido e à altura do desafio climático, dez anos após o Acordo de Paris.

Muito obrigada!

Speech by minister Marina Silva at the World Sustainable Development Summit (WSDS) - Panel “NDC 3.0 and Multilateralism Towards COP30 and COP33” in New Delhi, India - March 6, 2025

Excellencies, ladies and gentlemen,

We stand at a decisive moment for the future of our planet. As the host of COP30, Brazil underscores that climate responsibility is a collective duty, and only through our domestic efforts, multilateralism and international cooperation can we turn commitments into concrete action.

COP30 must be the COP of accelerated implementation, ensuring that the commitments made in Dubai and Baku translate into tangible outcomes. We must advance the transition away from fossil fuels and deforestation while significantly increasing climate finance to $1.3 trillion annually, building on the $300 billion pledged by developed countries. This roadmap will be crucial for the post-Belém period.

The climate emergency also calls for greater emphasis on adaptation, which is directly linked to protecting lives and reducing vulnerabilities at the local level. We must ensure that the most affected communities have access to resources and technology to confront the impacts of the climate crisis.

The transition to a low-carbon and climate-resilient economy must be not only swift but also just. Brazil advocates for a transition model that leaves no one behind, guaranteeing sustainable economic alternatives and implementation mechanisms that support, above all, the most vulnerable populations and ecosystems.

Furthermore, we must establish and strengthen innovative mechanisms to enable this transition. One such initiative is the Tropical Forests Forever Mechanism, a proposal aimed at ensuring permanent financial flows for nature protection and the remuneration of ecosystem services, recognizing the essential role of tropical forests in maintaining global climate stability.

Beyond the action, negotiation, and mobilization agendas of COP30, we are incorporating the initiative of a Global Ethical Stocktake, proposed by President Luiz Inácio Lula da Silva and UN Secretary-General António Guterres.

The Global Ethical Stocktake will foster dialogues across different world regions, including critical areas such as the Arctic, bringing together young people, women, scientists, religious leaders, artists, business leaders, Indigenous peoples, local communities, and activists to reflect on how to align our decisions with the non-negotiable goal of limiting global warming to 1.5°C.

Brazil is committed to leading by example. At COP29 in Baku, we announced our new NDC with the target to reduce net greenhouse gas emissions by 59% to 67% by 2035, based on 2005 levels.

We have also achieved significant results in the Amazon: deforestation has been reduced by 46% compared to 2022, reaching its lowest level in the past nine years. President Lula has pledged to eliminate deforestation in Brazil by 2030.

However, we recognize that success can only be achieved through collective action. COP30 will be crucial in helping to redefine the planet’s future and establishing a robust framework that rises to the scale of the climate challenge—ten years after the Paris Agreement.

Thank you very much!