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Iphan inaugura restauração da antiga Casa do Barão de Vassouras em conjunto urbano tombado do RJ
Integrante do Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Vassouras, a casa foi construída nos anos 1800 e foi onde Dom Pedro II assinou o contrato de construção da Estrada de Ferro Central do Brasil. (Foto: Mariana Alves/Iphan)
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) inaugurou, nesta quarta-feira (17), em parceria com a Prefeitura de Vassouras, a restauração da antiga Casa do Barão de Vassouras, no município de Vassouras, no sul do Rio de Janeiro. Com investimento de cerca de R$ 14 milhões do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC) do Governo Federal, a cerimônia marcou a entrega de uma das mais importantes edificações do conjunto histórico da cidade, integrante do Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Vassouras, tombado pelo Iphan em 1958.
O evento reuniu autoridades, pesquisadores, e representantes de instituições de proteção ao patrimônio cultural, da comunidade e de grupos detentores de manifestações culturais da região, a exemplo da roda de Jongo, registrado como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro há 20 anos, e que abriu o evento.

Durante a cerimônia, a prefeita de Vassouras, Rosi Silva, destacou o significado da entrega como um resgate histórico para a população de Vassouras e para o Brasil. “Hoje estamos comemorando, dando vida, resgatando a história da nossa cidade, e não é simplesmente levantar paredes”, comentou. O presidente substituto do Iphan, Deyvesson Gusmão, exaltou o caráter coletivo da preservação do espaço e o compromisso institucional envolvido no processo. “A gestão do patrimônio e dos centros históricos não se faz de forma isolada. Projetos como este exigem tempo, articulação e compromisso de diferentes instâncias do poder público. Foi um trabalho coletivo, que envolveu planejamento, continuidade administrativa e o empenho do Iphan, da atual prefeita Rosi Silva e também do ex-prefeito Severino Dias”, enumerou.
Também estiveram presentes na cerimônia a secretária de Articulação Federativa e Comitês de Cultura do Ministério da Cultura, Roberta Cristina Martins; o diretor do Departamento de Ações Estratégicas e Intersetoriais (DAEI) do Iphan, Daniel Sombra; o secretário municipal de Urbanismo e Patrimônio Histórico de Vassouras, Marcelo Estevão; a superintendente de Relacionamento, Marketing e Cultura do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Marina Moreira; e a técnica aposentada do Iphan e vice-presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro (CAU-RJ), Isabel Rocha.

- Participaram da cerimônia representantes do Iphan, da prefeitura de Vassouras, do MinC, do BNDES, da CAU-RJ e de detentores de manifestações culturais da região (Foto: Mariana Alves/Iphan)
Primeira e segunda etapas
Entre as intervenções realizadas na casa estão a reconstrução de partes do imóvel com técnicas originais, incluindo a fabricação de adobes no próprio canteiro de obras, a restauração do quarto do Barão com preservação do sistema de enxaimel, a recuperação de azulejos portugueses originais e o restauro de esquadrias históricas.
A inauguração marca a primeira etapa do Projeto de Revitalização Cultural da antiga Casa do Barão de Vassouras. A proposta prevê a transformação do imóvel em um espaço cultural multiuso, destinado a receber apresentações artísticas, atividades formativas e manifestações culturais dos grupos detentores da região.
A próxima fase, já aprovada e em etapa inicial de execução por meio da Lei Rouanet, com patrocínio do BNDES, prevê a equipagem do espaço, o estabelecimento do modelo de gestão e o desenvolvimento de ações formativas voltadas ao patrimônio cultural, com foco no fortalecimento do sentimento de pertencimento entre crianças e jovens.
A superintendente do Iphan no Rio de Janeiro, Patrícia Wanzeller, também ressaltou que a entrega foi resultado direto do diálogo entre as instituições. “Esse prédio é a história de quando uma boa gestão é parceira dos órgãos públicos. O que vemos aqui hoje é o resultado de parcerias e de gestões que conversam, encontram soluções por meio do diálogo e da aproximação”, destacou.
O chefe do Escritório Técnico do Iphan no Médio Vale do Paraíba, Ivan Mascarenhas, lembrou que a inauguração integra um processo mais amplo de preservação no território. “A entrega da Casa do Barão de Vassouras é a primeira de uma série de ações previstas em um projeto iniciado há mais de uma década, que reafirma o compromisso do Iphan com as políticas de valorização e preservação do patrimônio cultural do Vale do Café”, afirmou.

Por dentro da casa
A antiga Casa do Barão de Vassouras está associada à trajetória de Francisco José Teixeira Leite (1804–1884), figura central da vida política e econômica do Vale do Café no século XIX. Embora a data exata de construção seja desconhecida, registros cartográficos de 1858 já indicam a existência do espaço. Considerada uma das edificações que melhor expressam a linguagem neoclássica das casas senhoriais do período, o imóvel apresenta fachada simétrica, com porta central e oito janelas, além de amplos salões internos e uma varanda voltada para o jardim.
O imóvel integra o Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Vassouras, tombado pelo Iphan em 1958. Entre seus marcos históricos está o fato de ter sido palco da assinatura, por Dom Pedro II, do contrato de construção da Estrada de Ferro Dom Pedro II, atual Estrada de Ferro Central do Brasil, episódio registrado por uma placa comemorativa instalada na fachada desde 1933. A restauração reafirma o valor histórico, arquitetônico e simbólico da casa, garantindo sua preservação e um novo uso cultural para as futuras gerações.