Cigarro
O consumo de cigarros pode causar diversos danos graves à saúde do fumante e dos que convivem com ele. Os fumantes tem um risco maior de desenvolver as seguintes doenças1:
Doenças coronárias (como angina e infarto): Os fumantes tem maior probabilidade de morrer por doença coronariana, especialmente os fumantes jovens. O tabagismo é responsável por 45% das mortes entre homens e 40% entre mulheres, com menos de 65 anos, por doença coronariana2.
Problemas circulatórios: Os fumantes tem um elevado fator de risco de desenvolver arteriosclerose, envolvendo as artérias da perna, o que leva a dores, dificuldade em caminhar, podendo chegar a gangrena e amputação3.
Tromboangeite obliterante: distúrbio em que ocorre obstrução completa dos vasos sangüíneos das mãos e pés em conseqüência de coágulos e inflamação no interior dos vasos. A redução do fluxo sanguíneo para as extremidades pode causar gangrena e amputação de dedos, pés e pernas. Parar de fumar é a única forma de interromper o avanço da doença, que afeta quase sempre homens de 20 a 40 anos de idade que tem histórico de tabagismo.3, 4
Aneurisma da aorta: É uma dilatação anormal e localizada da aorta, podendo levar seu rompimento. Pelo menos 80% dos aneurismas da aorta são causados pelo estreitamento das artérias. O desenvolvimento de aneurisma da aorta abdominal é mais comum entre fumantes. Aneurismas podem ocorrer também no cérebro, coração, intestino e outras partes do corpo.3, 4
Câncer de Pulmão: 90% dos casos de câncer de pulmão são em fumantes2. O câncer de pulmão é uma doença altamente letal – apenas um pequeno número de pacientes consegue sobreviver por 5 anos após o diagnóstico1.
Câncer da boca, traquéia, cavidade oral, faringe, laringe e esôfago: Cânceres da cavidade oral são fortemente associados ao tabagismo, principalmente ao uso de charutos e de fumo mascável.5, 6
Câncer no pâncreas: fumantes e usuários de fumo mascável tem risco maior de desenvolver câncer no pâncreas do que não fumantes 5, 7, 8.O câncer no pâncreas ocorre devido principalmente à presença de nitrosaminas na fumaça e no tabaco.9
Câncer nos rins: Evidências científicas sugerem a associação entre o fumo e o câncer nos rins5. Foi observado um acúmulo de cádmio maior nos rins de fumantes do que nos não fumantes10.
Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC): é uma doença crônica dos pulmões, em que ocorre diminuição da capacidade de respirar devido à obstrução nas vias aéreas. Inclui uma série de problemas pulmonares como bronquite crônica (inflamação dos brônquios) e enfisema pulmonar (destruição progressiva do tecido pulmonar). No Brasil ocupa a 5ª posição em causa de morte e 290 mil pacientes são internados anualmente11. O fumo é a principal causa da DPOC12: 90% dos casos são de fumantes ou ex-fumantes13.
Pneumonia: é uma infecção nos pulmões causada por infecção bacteriana ou viral. Os fumantes estão mais propensos a infecções do que os não fumantes, pois o fumo prejudica o sistema imunológico5.
Colesterol alto: Fumantes tendem a ter os níveis de HDL (colesterol bom) menores e níveis mais elevados de LDL (colesterol ruim). Com isso, aumenta o risco de formação de plaquetas e entupimento das artérias5.
Osteoporose: caracterizada pela perda de massa óssea, que leva ao enfraquecimento dos ossos, tornando-os vulneráveis à traumas e fraturas. Ocorre mais intensamente em fumantes que em não fumantes14, 15.
Problemas gastrointestinais: úlceras pépticas, que são lesões localizadas no estômago ou duodeno com destruição da mucosa da parede destes órgãos, ocorrem com mais freqüência em fumantes do que em não fumantes.4, 16
Impotência sexual no homem: o risco de disfunção erétil é maior em fumantes do que em não fumantes. Isso ocorre provavelmente devido à nicotina, que reduz o fluxo sanguíneo para o pênis, por constrição das artérias4, 17.
Problemas na gravidez: são diversos os problemas causados pelo fumo durante a gravidez. As questões sobre o tema estão mais detalhadas adiante.
Isso tudo sem mencionar os danos mais sutis à saúde, como cansaço, falta de ar, insônia, envelhecimento precoce, amarelamento dos dentes.
Referências Bibliográficas
1.Government of Saskatchewan. Smoking and your Health. Health Effects of Tobacco. Disponível em: http://www.health.gov.sk.ca/health-effects-tobacco. Acessado em 30/01/2009.
2.INCA (1998). Falando Sobre Tabagismo. Instituto Nacional do Câncer.
3.ASH Scotland (2008). Briefing on Tobacco and heart health. Action on Smoking and Health. September 2008. Disponível em: http://www.ashscotland.org.uk/ash/files/Tobacco%20and%20heart%20health.doc. Acessado em 27/02/2009.
4.CANCER COUNCIL VICTORIA (2008). Tobacco in Australia: Facts and Issues. Third Edition. Disponível. http://www.tobaccoinaustralia.org.au/. Acessado em 27/02/2009.
5.US Department of Health and Human Services (2004). The Health Consequences of Smoking. A Report of the Surgeon General. Disponível em: http://www.cdc.gov/tobacco/data_statistics/sgr/sgr_2004/index.htm#lights. Acessado em: 29/01/2009
6.AMERICAN CANCER SOCIETY (2008). Cancer Facts & Figures 2008. Geórgia. USA. Disponível em: http://www.cancer.org/downloads/STT/2008CAFFfinalsecured.pdf. Acessado em: 27/02/2009.
7.IARC (1986). International Agency for Research on Câncer Monographs on the evaluation of the carcinogenic risk of chemicals to humans - Tobacco Smoking - vol. 38/1986. Disponível em: http://monographs.iarc.fr/ENG/Monographs/PDFs/index.php. Acessado em 27/02/2009.
8.NCI (1998). Cigars: Health Effects and Trends. Smoking and Tobacco Control Monograph Nº 9. National Cancer Institute Bethesda (MD). Disponível em: http://cancercontrol.cancer.gov/TCRB/monographs/9/index.html. Acessado em 27/01/2009.
9.NCI (1992). Smokeless Tobacco or Health: An International Perspective. Smoking and Tobacco Control Monograph Nº 2. National Cancer Institute. Bethesda (MD). Disponível em: http://cancercontrol.cancer.gov/TCRB/monographs/2/index.html. Acessado em 27/01/2009.
10.US Department of Health and Human Services (1983). The Health Consequences of Smoking: Cardiovascular Disease. A Report of the Surgeon General, pág. 226. 1983. Disponível em: http://www.cdc.gov/tobacco/data_statistics/sgr/pre_sgr_1994/index.htm. Acessado em: 29/01/2009
11.SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA (2004). II Consenso Brasileiro Sobre Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. J Bras Pneumol. 2004;30 (Supl 5):S1-S42. Disponível em: http://www.jornaldepneumologia.com.br/PDF/Suple_124_40_DPOC_COMPLETO_FINALimpresso.pdf . Acessado em: 02/03/2009.
12.WHO (2008). Chronic obstructive pulmonary disease (COPD). World Health Organization, Fact sheet N°315. Disponível em: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs315/en/ . Acessado em 02/03/2009.
13.INCA (2004). Fumantes representam 90% dos casos de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. Atualidades em Tabagismo. Instituto Nacional do Câncer. Disponível em: http://www.inca.gov.br/tabagismo/atualidades/ver.asp?id=274 . Acessado em: 02/03/2009.
14.WHO (2009). Tobacco and osteoporosis. Tobacco Free Initiative (TFI)/ World Health Organization. Disponível em: http://www.who.int/tobacco/research/osteoporosis/en/index.html. Acessado em: 04/03/2009.
15.INCA (2003). Estudo relaciona tabagismo e osteoporose. Atualidades em Tabagismo. Instituto Nacional do Câncer. Disponível em: http://www.inca.gov.br/tabagismo/atualidades/ver.asp?id=162. Acessado em 04/03/2009.
16.INCA. Perguntas e Respostas. Disponível em: http://www.inca.gov.br/tabagismo/frameset.asp?item=faq. Acessado em 04/03/2009.
17.ASH. Smoking and Erectile Dysfunction in Men. Action on Smoking and Health. Disponível em: http://old.ash.org.uk/html/health/html/impotent.html. Acessado em 04/03/2009.
Mesmo cigarros com teores mais baixos causam inúmeros danos à saúde assim como os cigarros com teores mais elevados. Não existe evidência de qualquer benefício quanto aos cigarros de baixos teores¹.
Isso porque a principal modificação feita nos cigarros para obter teores menores na fumaça tragada pelo fumante foi no filtro. Foram introduzidos orifícios de ventilação no filtro de forma a permitir a entrada de ar quando o cigarro é tragado. Esse ar dilui a fumaça e assim, reduz as concentrações dos compostos presentes.
No entanto, como o fumante depende da nicotina, tende a compensar essa redução, dando tragadas mais profundas, mantendo a fumaça mais tempo nos pulmões, fechando os poros do filtro com os dedos ou ainda fumando mais cigarros que antes² ³.
Com isso, na tentativa de obter a quantidade de nicotina de que precisa, acaba por elevar as quantidades de outros compostos presentes na fumaça, incluindo compostos altamente tóxicos e compostos cancerígenos para o homem.
Existem evidências científicas de que essa compensação que o fumante faz, tragando mais profundamente o cigarro, tem aumentado a incidência de adenocarcinoma, uma variedade antes rara de câncer de pulmão².
Não existe consumo seguro de cigarro ou de qualquer produto derivado do tabaco.
Referências Bibliográficas
1.US Department of Health and Human Services (2004). The Health Consequences of Smoking. A Report of the Surgeon General. 2004. Disponível em: http://www.cdc.gov/tobacco/data_statistics/sgr/sgr_2004/index.htm#lights. Acessado em: 29/01/2009.
2.JARVIS, M. & BATES, C. (1999). Why Low Tar Cigarettes Don't Work and How the Tobacco Industry Has Fooled the Smoking Public. ASH - ACTION ON SMOKING & HEALTH.
3.NCI (2001) - Risks Associated with Smoking Cigarettes with Low machine-Measured Yields of Tar and Nicotine. Smoking and Tobacco Control Monograph No 13. National Cancer Institute. Bethesda (MD): U.S. Department of Health and Human Services, 2001. NIH Publication No. 02-5074. Disponível em: http://cancercontrol.cancer.gov/TCRB/monographs/13/m13_preface.pdf. Acessado em 27/01/2009.