IXCHIQ (vacina chikungunya): novo registro
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Nome do produto |
IXCHIQ (vacina chikungunya [recombinante e atenuada]) |
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Empresa |
INSTITUTO BUTANTAN |
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Categoria |
Produto Biológico – Registro de Produto Novo |
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Indicação |
IXCHIQ é uma vacina indicada para a prevenção da doença causada pelo vírus da chikungunya em indivíduos com18 anos ou mais que estejam em risco aumentado de exposição ao vírus chikungunya. |
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Publicação no DOU |
14/04/2025 |
| Mais informações |
IXCHIQ é uma vacina contra Chikungunya de vírus vivo recombinante e atenuado. O produto é um pó liofilizado e será comercializado em apresentação para diluição com um frasco de pó liofilizado e uma seringa preenchida contendo 0,5 mL de água para injetável. A IXCHIQ é administrada em dose única de 0,5 mL. A Chikungunya é uma arbovirose causada pelo Chikungunya vírus e é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. A doença Chikungunya tem como sintomas febre e dor articular severa, é frequentemente debilitante e pode persistir por vários meses ou até anos. A doença pode ser grave e levar a óbito. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2024, o Brasil registrou 265.00 casos prováveis de Chikungunya e 231 óbitos pela doença. Não há atualmente vacina aprovada no Brasil para a prevenção desta doença. A avaliação da solicitação de registro da vacina incluiu a participação da Anvisa como convidada da avaliação da vacina IXCHIQ pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA), no âmbito do projeto ‘Opening our Procedures at EMA to Non-EU authorities’ (OPEN). Esse projeto permite que diferentes agências avaliem simultaneamente vacinas e medicamentos de interesse em saúde pública, trocando informações técnicas e científicas, mas mantendo a autonomia de cada autoridade reguladora. A Anvisa também contou com a avaliação independente do Grupo de Trabalho para discussão do desenvolvimento não clínico e clínico de vacinas destinadas à proteção contra Arboviroses, instituído no âmbito da Câmara Técnica de Medicamentos (CATEME), composta por especialistas em arboviroses e desenvolvimento de vacinas. Os dados clínicos apresentados para o registro da vacina incluíram avaliação de imunogenicidade e segurança em população adulta e adolescente. Os estudos de eficácia foram considerados inviáveis durante o desenvolvimento da vacina, devido aos surtos do vírus Chikungunya (CHIKV) serem de ocorrência imprevisível e de curta duração. Desta maneira, foi proposto pelo desenvolvedor a utilização de um limiar de títulos de anticorpos neutralizantes, de ≥ 150 µPRNT50 no Dia 29 (ou seja, 28 dias após a vacinação), induzidos pela vacina contra o CHIKV, como um parâmetro imunológico substituto relacionado à eficácia. O título de anticorpos neutralizantes proposto foi baseado em estudos conduzidos para demonstrar proteção contra CHIKV em primatas não humanos, após a transferência passiva de anticorpos utilizando soro humano de indivíduos vacinados. Os dados de um estudo soroepidemiológico, prospectivo, conduzido nas Filipinas também fundamentaram a definição do título de anticorpos neutralizantes, como um marcador imunológico considerado razoavelmente provável para prever proteção. Tal estratégia para inferir a proteção da vacina contra a doença foi considerada aceitável. Os dados clínicos apresentados foram provenientes de estudos conduzidos nos EUA, em população adulta saudável, que recebeu uma dose da vacina IXCHIQ. Foram conduzidos: um estudo de Fase 1, VLA1553 101, além de 2 estudos de fase 3, VLA1553 301 e VLA1553 302, e um estudo de extensão, VLA1553 303, está em andamento. Também foram apresentados resultados de avaliação de imunogenicidade do estudo de Fase 3, VLA1553- 321, conduzido no Brasil, que avaliou 502 adolescentes entre 12 e 18 anos que receberam uma dose da vacina IXCHIQ. Os resultados da avaliação de imunogenicidade do estudo pivotal de fase 3, VLA1553-301, conduzido nos EUA, demonstram que a vacina IXCHIQ induzresposta imunológica robusta, com taxa de soroconversão para título de anticorpos considerado razoavelmente provável para prever proteção (≥ 150 µPRNT50) em 98,9% dos indivíduos adultos avaliados. Resultados consistentes foram observados nos outros estudos clínicos que avaliaram a população adulta, bem como no estudo de Fase 3 realizado com adolescentes no Brasil, após a administração de uma única dose da vacina IXCHIQ. Foi demonstrada a persistência de título de anticorpos considerado razoavelmente provável para prever proteção nos indivíduos vacinados após 12 meses. A vacina demonstrou induzir resposta imune robusta também em participantes idosos com 65 anos ou mais, com títulos médios de anticorpos similares aos de adultos com menos de 65 anos. Incertezas sobre os benefícios da vacina, porém, permanecem, quanto ao valor de eficácia e duração da proteção conferida pela vacina IXCHIQ contra a doença Chikungunya. Também existem incertezas quanto ao potencial benefício do uso da vacina em indivíduos que já tiveram a doença ou que tiveram contato prévio com o vírus Chikungunya antes da vacinação, pois os resultados dos estudos mostraram que a vacina não induz aumentos significativos de títulos de anticorpos nestes indivíduos. Para suporte de segurança foram apresentados resultados de avaliação de segurança provenientes dos estudos clínicos conduzidos nos EUA, de cerca de 3.610 indivíduos adultos saudáveis que receberam uma dose da vacina. Foram avaliados, nestes estudos, cerca de 360 participantes com mais de 65 anos nos estudos. Foram apresentados também resultados de avaliação de segurança do estudo de Fase 3, conduzido no Brasil, envolvendo 502 adolescentes com idade entre 12 e 18 anos. O estudo conduzido em adolescentes no Brasil, foi o único conduzido em população endêmica para Chikungunya e possui limitações devido ao pequeno tamanho amostral, com inclusão de 52 participantes soropositivos para o vírus Chikungunya (CHKGV), em situação de base, antes da administração da vacina no estudo. As reações adversas mais frequentemente observadas nos estudos clínicos conduzidos em adultos e adolescentes foram dor de cabeça, fadiga, dor muscular, dor nas articulações, febre, náusea e sensibilidade no local da injeção. Embora incomuns, reações adversas graves semelhantes a Chikungunya foram verificadas em indivíduos que receberam a vacina. As reações adversas foram uma combinação de febre e artralgia (e/ou com outros efeitos adversos, como dor nas costas, erupção cutânea, edema periférico, linfadenopatia). A maioria dos sintomas foi leve ou moderado em intensidade e autolimitado após 2 a 4 dias. Dois participantes avaliados nos estudos clínicos, porém, apresentaram sintomas prolongados, de pelo menos 30 dias de duração. Os eventos adversos locais e sistêmicos solicitados foram menos frequentes em participantes ≥ 65 anos em comparação com os participantes de 18 a 64 anos. Os eventos adversos graves e os eventos adversos com necessidade de atendimento médico associados à vacina foram mais frequentes em participantes ≥ 65 anos. Incertezas sobre o risco da vacina incluem o perfil de segurança em longo prazo, o perfil de segurança em pacientes com doenças autoimunes ou inflamatórias, e em indivíduos debilitados com condições clínicas agudas ou progressivas, instáveis ou descontroladas. Existem também incertezas quanto às reações adversas incomuns e raras, incluindo a ocorrência destas reações em populações endêmicas e pediátricas. Considerando a totalidade dos dados apresentados, o perfil de segurança da vacina foi considerado aceitável, com a maioria dos efeitos adversos relatados sendo leves ou moderados e, em geral, de curta duração. A vacina contém vírus vivos atenuados e é contraindicada para pessoas imunodeficientes ou imunossuprimidas. A vacina também é contraindicada para mulheres grávidas. Considerando a totalidade dos dados apresentados como suporte para o registro da vacina, que o Brasil é um pais endêmico para a Chikungunya, e os impactos conhecidos da doença, conclui-se que o benefício/risco é favorável para o uso da vacina IXCHIQ (vacina Chikungunya recombinante e atenuada) para a prevenção da doença causada pelo vírus da Chikungunya em indivíduos com 18 anos ou mais que estejam em risco aumentado de exposição ao vírus Chikungunya, com a condicionante de celebração de Termo de Compromisso para condução de estudos adicionais para avaliação de efetividade e segurança, além da condução e atividades de farmacovigilância ativa, para dirimir as incertezas existentes. O registro desta vacina foi concedido com base da RDC nº 55/2010 |