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PATRIMÔNIO INDÍGENA
Centros de Ciências e Saberes são inaugurados em territórios indígenas de Pernambuco, com apoio do Iphan
Centro de Ciências e Saberes Anciões do Ouricuri. (Foto: Mônica Nogueira/Iphan)
Entre os dias 20 e 24 de outubro, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) participou da inauguração de dois Centros de Ciências e Saberes em territórios indígenas de Pernambuco. Os espaços de museus vivos, localizados nas Aldeias Pankararu Opará e Taboa Pankararu, foram celebrados com uma programação intensa que incluiu rodas de diálogo, apresentações culturais e vistorias técnicas em sítios arqueológicos.
A iniciativa, que também contemplou as comunidades indígenas de Truká-Tupan, em Paulo Afonso (BA), e Pankararé, em Glória (BA), teve como objetivo fortalecer os saberes originários e promover a valorização da cultura e da visão dos povos originários. Em Pernambuco, foram inaugurados o Centro de Ciências e Saberes Casa de Memória Lindaura Tenório, no território Pankararu Opará, e o Centro de Ciências e Saberes Anciões do Ouricuri, no território Taboa Pankararu.
Os Centros são fruto da mobilização das próprias comunidades indígenas, com apoio da Nova Cartografia Social, da Sociedade Brasileira de Ecologia Humana (SABEH) e da Superintendência do Iphan em Pernambuco.
Segundo a representante da SABEH, Alzení Tomáz, os Centros de Ciências e Saberes são “museus vivos”, que guardam acervos etnográficos preciosos e funcionam como guardiões das memórias, dos conhecimentos ancestrais e da preservação da cultura.
“Eles constituem camadas de resistência e memória, que se entrelaçam como fios de esperança para a construção de um futuro possível, justo e enraizado na sabedoria dos povos originários”, afirmou Alzení.
A cacica Josenilda Marques, do território Taboa Pankararu, destacou o papel do Centro de Ciência e Saberes Anciões do Ouricuri, na valorização da identidade e da memória do seu povo. “Cada palha trançada, cada cesto feito, guarda a nossa história e a nossa memória. Esse espaço valoriza o trabalho das mulheres e mostra que somos parte viva da história, com nossos modos próprios de construir o mundo”, disse ela.
Já a cacica Valdenuzia Pankararu Opará ressaltou que a Casa de Memória Lindaura Tenório representa a continuidade das tradições e da resistência cultural. “Esse espaço nos garante o fortalecimento das nossas raízes e reafirma nosso direito de viver e manter nossos costumes dentro dos territórios”, declarou Valdenuzia.
Preservação arqueológica e cultural
Durante o evento, a equipe de arqueologia do Iphan em Pernambuco realizou vistorias técnicas nos sítios arqueológicos Gruta dos Encantados (Taboa Pankararu), Lindaura Tenório e Jaguriçá (Pankararu Opará), em uma ação voltada à preservação do patrimônio material e imaterial desses territórios.
Para a arqueóloga do Iphan, Mônica Nogueira, a presença da autarquia nos territórios indígenas reforça o comprometimento institucional com a preservação do patrimônio material e imaterial dos povos indígenas.
“As inaugurações dos Centros de Ciências e Saberes representam um marco na valorização da cultura indígena e na construção de estratégias de proteção do patrimônio material e imaterial. As ações reforçam o protagonismo das comunidades na preservação de suas memórias e modos de vida, em diálogo com o trabalho desenvolvido pelo Iphan”, concluiu.
Os Centros de Ciências e Saberes do Sertão do São Francisco, frutos de mobilizações sociais e de formas político-organizativas, são espaços de luta e resistência cultural, simbólica e física. Neles, objetos, rituais e paisagens se entrelaçam como expressões da afirmação étnica e territorial desses povos.
Mais informações
Assessoria de Comunicação Iphan - comunicacao@iphan.gov.br
Ana Carla Pereira – carla.pereira@iphan.gov.br
