Notícias
Bate-papo online
Em Live, Ana Marcela Cunha diz que pandemia a ensinou até a ‘nadar no seco’
Fotos: Satiro Sodré/rededoesporte.gov.br
Fenômeno das maratonas aquáticas, a baiana Ana Marcela Cunha participou, nesta segunda-feira (06.07), de uma Live promovida pela Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania. Em bate-papo com Mosiah Rodrigues, ex-atleta olímpico da ginástica artística e coordenador-geral do programa Bolsa Atleta do Ministério da Cidadania, Ana Marcela falou sobre como tem adaptado os treinos ao período de isolamento social decorrente da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), enfatizou o papel estratégico do Bolsa Atleta em sua carreira, reforçou a importância do Jogo Limpo e detalhou como tem trabalhado para brigar por um pódio nos 10km em Tóquio.
É um trabalho duro. Estou no terceiro ou quarto ciclo olímpico. Participei de 2008 (Pequim), fiquei de fora de 2012 (Londres) e em 2016 (Rio) não tive minha melhor competição. Mas, depois de 2016, venho errando muito pouco e melhorando a cada prova”
Ana Marcela Cunha
Tetracampeã mundial nos 25km e campeã nos 5km, Ana Marcela mira no Japão o preenchimento da lacuna que lhe falta na carreira: o pódio olímpico nos 10km. “É um trabalho duro. Estou no terceiro ou quarto ciclo olímpico. Participei de 2008 (Pequim), fiquei de fora de 2012 (Londres) e em 2016 (Rio) não tive minha melhor competição. Mas, depois de 2016, venho errando muito pouco e melhorando a cada prova”, afirma.
“No último Mundial, em 2019, na Coreia do Sul, não consegui sair de lá com uma medalha nos 10km (foi quinta colocada), mas pude perceber que fui uma atleta muito marcada. Eu nadava mais para a direita, para o fim do pelotão, para a esquerda e praticamente as meninas de ponta estavam sempre juntas a mim. Foi um momento importante não ter ganho aquela medalha, porque me fez pensar de outra forma, em como nadar diferente e em como ter estratégias distintas. Agora, mesmo com toda a pandemia, é voltar (aos treinos e às competições). A gente conhece o caminho para chegar no bom resultado e brigar de igual para igual. Não tem mais como errar”.
Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por Secretaria Especial do Esporte (@esportegovbr) em
A rotina de treinos da supercampeã, como a de todos os atletas, foi alterada pela pandemia do Covid-19. “É sempre complicado, mas o mundo inteiro está vivendo isso. A natação foi um esporte muito influenciado por causa do contato com a água, então houve essa perda. Agora temos a liberação para nadar no mar e isso ajuda. Aos poucos cada estado tem se adequado. Hoje, graças a Deus, o pessoal da Marinha se ajustou aos parâmetros aqui do Rio de Janeiro e abriram o Parque Aquático dentro das limitações: só um atleta por raia e a piscina só pode ser usada das 8h30 às 10h30, dentro do pré-estabelecido. É o que a gente pode fazer agora”, conta Ana Marcela.
Passei por todas as fases do Bolsa Atleta, desde a Nacional até estar hoje no top (Bolsa Pódio), e me ajuda demais. Até você chegar no alto nível, quando começa a ter esse tipo de bolsa é algo que te dá suporte. Você pode investir em alimentação melhor, em suplemento melhor, no equipamento de treino, ir atrás de profissionais melhores para te ajudar"
A mudança brusca de realidade fez com que, além dos cuidados redobrados com a alimentação, ela tivesse de aprender a “nadar no seco”. “Junto com o Comitê Olímpico do Brasil (COB), a gente conseguiu providenciar o Vasa, um equipamento que simula os movimentos que a gente faz na água. É mais ou menos nadar no seco. A gente consegue manter um trabalho de força. Não tem como ter ganhos, mas ajuda a não perder tanto. E sempre temos de estar ligados na parte de alimentação, porque estamos acostumados a fazer exercícios de manhã e à tarde e nos alimentar de forma regrada também, com café da manhã, almoço, lanche, e ter sempre um número de refeições. Se a gente mantiver esse mesmo número de refeições e consumir o mesmo número de calorias, termina engordando.
Bolsa Atleta
Ana Marcela Cunha enfatizou a importância estratégica da Bolsa Atleta do Governo Federal em sua carreira. Desde 2011, quando entrou no programa, o Governo Federal já investiu mais de R$ 1,128 milhão na nadadora. “Passei por todas as fases, desde a Nacional até estar hoje no top (Bolsa Pódio, a mais alta do programa), e me ajuda demais. Até você chegar no alto nível, quando você começa a ter esse tipo de bolsa é algo que te dá suporte. Você pode investir em alimentação melhor, em suplemento melhor, no equipamento de treino, ir atrás de profissionais melhores para te ajudar. É um investimento de longo prazo, porque você faz naquele momento pensando em um ou dois anos para frente. Quando você entra para um programa como o Bolsa Pódio, isso faz com que você queira permanecer lá e continuar tendo bons resultados para seguir tendo essa ajuda. Para mim, fazer parte desse programa há mais de dez anos é gratificante”, diz a nadadora.
“Foi uma excelente oportunidade para a Ana demonstrar a importância do Bolsa Atleta na vida dela e o valor que o programa tem. Certamente, um pedaço de cada medalha de nível mundial da Ana Marcela tem a marca do programa”, reforçou George Cunha, pai de Ana Marcela.
Jogo Limpo
Outro tema abordado pela atleta foi a necessidade de cuidar de todos os aspectos da alimentação e da gestão dos suplementos que consome para garantir que a premissa do Jogo Limpo seja garantida. “Esse é sempre um assunto importante. Sou uma atleta que em 2015, por exemplo, fui testada mais do que o Michael Phelps (norte-americano recordista de medalhas olímpicas na natação). Nas maratonas aquáticas, sou sempre uma das mais testadas. Acho isso importante porque faz realmente com que o esporte seja mais limpo e evita que outras atletas tentem usar algo ilícito e impróprio”.
Segundo Ana Marcela, ela recebe informações qualificadas sobre o tema em palestras, cartilhas, conversas e listas de remédios proibidos de várias fontes, como o Governo Federal, o Comitê Olímpico do Brasil e a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.
“Eu até brigo com meu nutricionista porque não gosto muito de consumir suplementos. Sou daquelas do arroz com feijão mesmo, mas uso, sim, alguns que são essenciais ao tipo de treino e de prova que disputo. Ficar mais de duas horas nadando não é algo que seja possível sem o auxílio dessas suplementações. Mas tenho cuidado com tudo. Inclusive guardo potes até um mês depois de usar. Sou segura do que utilizo e do que compro, mas nunca sabemos se um laboratório pode errar na formulação. Por isso guardo tudo”, comentou.
A um ouro de ser a maior de todos os tempos
Aos 28 anos, Ana Marcela tornou-se, ano passado, no Mundial de Desportos Aquáticos de Gwangju, na Coreia do Sul, campeã mundial pela quinta vez ao vencer as provas dos 5km e 25km. Com isso, deixou para trás a holandesa já aposentada Edith Van Dijk e se tornou a maior medalhista da história dos mundiais na modalidade. A brasileira acumula 11 pódios – cinco ouros, duas pratas e quatro bronzes.
Os pódios fazem dela a maior medalhista em mundiais em números absolutos da história do Brasil em todas as modalidades aquáticas: natação, saltos ornamentais, maratonas, polo, nado artístico e high dive. O nadador Cesar Cielo, entretanto, tem um ouro a mais, com seis triunfos. Se Ana Marcela conquistar mais um ouro na carreira, vai se tornar a atleta de maior destaque do país em Mundiais de Desportos Aquáticos.
Campeã na prova dos 10km nos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019, dona de quatro ouros, uma prata e um bronze em Jogos Sul-Americanos e bronze no Pan-Pacífico de 2018, Ana Marcela foi eleita foi eleita este ano, pela sexta vez em dez temporadas, a melhor atleta das maratonas aquáticas do planeta. Mais do que isso, seu nome consta no Livro dos Recordes, o Guinness Book, com a maior vencedora de provas do Circuito Mundial da FINA, a antiga Copa do Mundo da Federação Internacional de Natação.
ANA MARCELA EM MUNDIAIS
Ouro
» Xangai 2011 – Ana Marcela Cunha – 25km
» Kazan 2015 – Ana Marcela Cunha – 25km
» Budapeste 2017 – Ana Marcela Cunha – 25km
» Gwangju 2019 – Ana Marcela Cunha – 5km
» Gwangju 2019 – Ana Marcela Cunha – 25km
Prata
» Barcelona 2013 – Ana Marcela Cunha – 10km
» Kazan 2015 – Allan do Carmo, Ana Marcela Cunha e Diogo Villarinho – Equipe 5km
Bronze
» Barcelona 2013 – Ana Marcela Cunha – 5km
» Kazan 2015 – Ana Marcela Cunha – 10km
» Budapeste 2017 – Ana Marcela Cunha – 5km
» Budapeste 2017 – Ana Marcela Cunha – 10km
Diretoria de Comunicação - Ministério da Cidadania