Aliança Global anuncia compromissos da Plataforma de Sevilha para acelerar financiamento no combate à fome, pobreza e riscos climáticos

Durante a 4ª Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento (FfD4), realizada nesta terça-feira (1º.07), governos e parceiros de desenvolvimento social apresentaram iniciativas que visam transformar a forma como financiamento e conhecimento técnico chegam às linhas de frente do combate à fome, à pobreza e aos efeitos das mudanças climáticas. As propostas integram a Plataforma de Ação de Sevilha (SPA).

Submetidas pela Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, as iniciativas têm como objetivo unificar esforços e concentrar recursos em programas conduzidos pelos próprios países, evitando a dispersão em projetos pequenos e desconectados. 

Entre os destaques estão as iniciativas “Construindo um Financiamento Melhor Integrado para os ODS 1 e 2” e a “Parceria para Financiamento da Proteção Social Resiliente ao Clima e da Agricultura Familiar”. Ambas foram concebidas para superar barreiras históricas que limitam a eficácia da cooperação internacional, promovendo a implementação de programas nacionais em larga escala por meio da simplificação dos fluxos financeiros e da conexão direta com as necessidades locais.

Antes do lançamento oficial das propostas, Etiópia e Zâmbia apresentaram seus planos de implementação acelerada, desenvolvidos no âmbito da Aliança. Esses documentos — considerados uma das inovações centrais da iniciativa — oferecem um roteiro claro, liderado pelos próprios governos, para direcionar investimentos e ações estratégicas. A proposta é substituir projetos pontuais por estratégias nacionais integradas, baseadas em evidências e experiências bem-sucedidas. Países como Haiti, Quênia, Palestina e Tanzânia também apresentaram seus planos, e novas propostas devem ser incorporadas à linha de ação acelerada da Aliança.

“Com os recentes cortes significativos na ajuda internacional, a mudança se tornou indispensável. A abordagem da Aliança Global, com seus planos nacionais acelerados, agora fortalecidos pela Plataforma de Ação de Sevilha, busca inaugurar uma nova era de colaboração. Estamos colocando os países no comando, oferecendo as ferramentas necessárias para construir um futuro livre da fome e da pobreza”, afirmou Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome e copresidente da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.

O ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, reforçou essa visão: “A Plataforma de Ação de Sevilha é um marco de compromisso. Essas iniciativas nos tiram do discurso e nos levam à prática, com metas concretas, mensuráveis e com prazos definidos. Ao unir diferentes parceiros e fontes de financiamento em torno de ações lideradas pelos países, estamos criando uma força real de transformação, capaz de gerar resultados concretos para as pessoas.”

Financiamento Integrado

A iniciativa “Construindo um Financiamento Melhor Integrado” tem como missão apoiar a implementação dos planos acelerados da Aliança e de outros programas nacionais voltados ao combate à fome e à pobreza. Ao mesmo tempo, pretende explorar novos modelos e mecanismos de integração e coordenação entre diferentes fontes de financiamento, tradicionais e inovadoras. O foco é fortalecer as políticas de proteção social e ampliar o alcance dos programas nacionais.

O objetivo principal é reduzir significativamente os prazos de aprovação e os custos operacionais, tanto para os países em desenvolvimento quanto para os doadores — garantindo que mais recursos cheguem de forma eficaz a quem mais precisa.

Um dos principais parceiros dessa frente é o Escritório de Relações Exteriores, Commonwealth e Desenvolvimento do Reino Unido (FCDO), que tem defendido um financiamento mais diversificado e eficiente. Melinda Bohannon, diretora-geral de Ações Humanitárias e Desenvolvimento do FCDO, declarou: “Para acabar com a pobreza e a fome, precisamos tornar o financiamento ao desenvolvimento mais eficiente e alinhado com as prioridades dos países parceiros. Melhorar a coordenação entre fontes tradicionais e inovadoras é essencial para garantir que os recursos cheguem às ações e às pessoas que mais precisam. Temos orgulho de apoiar a Aliança Global nessa busca por mecanismos inovadores que impulsionem o progresso rumo aos nossos objetivos comuns.”

Proteção Social Resiliente ao Clima e Agricultura Familiar

A segunda proposta, “Parceria para Financiamento da Proteção Social Resiliente ao Clima e da Agricultura Familiar”, foca na interseção entre crise climática, pobreza e segurança alimentar. A expectativa é mobilizar, até 2028, ao menos US$ 500 milhões em financiamento climático adicional. O recurso será destinado à criação de sistemas de proteção social adaptativos e ao fortalecimento da agricultura familiar resiliente ao clima, com o objetivo de apoiar pelo menos 25 países na integração dessas abordagens em seus planos climáticos.

A mobilização já se mostrava em andamento na noite anterior, quando Etiópia e Zâmbia apresentaram seus planos validados durante o evento paralelo “Banking on Change: Integrated Financing to End Hunger and Poverty”. O ministro da Agricultura da Etiópia, Girma Amentie, afirmou: “Essa abordagem nos dá confiança de que nosso programa emblemático, Yelemat Tirufat (‘A Abundância da Cesta’), contará com intercâmbio de conhecimento de excelência e parcerias financeiras sólidas.”

Na ocasião, o presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, Akinwumi Adesina, também membro da Aliança Global, anunciou um aporte inicial de US$ 25 milhões para apoiar o programa, que busca aumentar a produtividade dos pequenos criadores de animais e conectá-los aos mercados.

As propostas submetidas à SPA também dialogam com o compromisso assumido na véspera pela coalizão Proteção Social Universal 2030, formada por países e organizações internacionais como Brasil, Espanha, OIT e Banco Mundial. A meta da parceria é ampliar a cobertura da proteção social em dois pontos percentuais ao ano, com foco nos contextos mais vulneráveis.

“O foco da Aliança Global no financiamento integrado e nas parcerias de conhecimento será um fator-chave para esse objetivo”, afirmou o ministro Wellington Dias. “É isso que permitirá destravar os recursos necessários para expandir a proteção social”, concluiu.

As iniciativas apresentadas contam com o apoio de uma coalizão crescente de países e organizações internacionais, refletindo um consenso global sobre a urgência de um novo modelo de cooperação para o desenvolvimento — mais coordenado, eficaz e centrado nas prioridades dos países mais afetados.

Países e Organizações Endossantes

Financiamento Integrado Aprimorado para os ODS 1 e 2: Ação da Cidadania, Brasil, Chile, Etiópia, Banco Europeu de Investimento (BEI), Fome de Tudo, Alemanha, Global Child Nutrition Foundation, Grécia, FIDA, Índia, Instituto Comida do Amanhã, Instituto Fome Zero, International Chamber of Commerce, Quênia, Oxford Poverty and Human Development Initiative (OPHI), Portugal, Scaling Up Nutrition Movement (SUN), Somália, Espanha, Trickle Up, PNUD, ONUDI, Reino Unido/FCDO, Village Enterprise, World Vision International.

Parceria de Financiamento para Agricultura Familiar e Proteção Social Resilientes ao Clima: Brasil, Chile, Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF), Etiópia, Banco Europeu de Investimento (BEI), França, Global Child Nutrition Foundation, FIDA, Índia, Instituto Comida do Amanhã, Instituto Fome Zero, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), International Chamber of Commerce, Quênia, Oxford Poverty and Human Development Initiative (OPHI), Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), Portugal, Somália, Espanha, Trickle Up, Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Scaling Up Nutrition Movement (SUN), PNUD, ONUDI, Village Enterprise, World Vision International.

Sobre a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza

Assessoria de Comunicação - MDS