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MDS investe R$ 10,8 milhões em tecnologia da Embrapa para produção sustentável de alimentos
O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) vai levar a pequenos agricultores uma tecnologia de produção integrada e sustentável de alimentos desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O investimento de R$ 10,8 milhões permitirá a distribuição de 300 unidades do chamado "Sisteminha". Serão contemplados 20 municípios das cinco regiões brasileiras que integram a Estratégia Alimenta Cidades e o Programa Nacional de Agricultura Urbana e Periurbana.
A tecnologia de baixo custo e alta eficiência permite produzir alimentos de forma integrada e sustentável em pequenos espaços, inclusive na zona urbana. O “Sisteminha” está sendo exposto na AgriZone, durante a COP30, e foi criado pela Embrapa em parceria com a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
“A gente está aqui mais uma vez reconhecendo as tecnologias sociais de iniciativa local, vinculadas como uma proposta de combate à fome, de segurança alimentar e nutricional e também de resiliência climática. Essa parceria com a Embrapa dará uma resposta concreta a algumas situações específicas, sobretudo de povos e comunidades tradicionais que vivem nas áreas periféricas, levando essa tecnologia para essas famílias e também às cozinhas solidárias”, explicou a diretora do Departamento de Promoção da Alimentação Adequada e Saudável do MDS, Patrícia Gentil.
O objetivo é garantir segurança alimentar às famílias de baixa renda, além de contribuir para a redução das mudanças climáticas pelo uso racional da água e pelo cultivo agroecológico. Cada município contemplado receberá cerca de 15 unidades da tecnologia, que serão instaladas em desertos alimentares, locais onde a população tem dificuldade de acesso a alimentos naturais.
"A tecnologia foi gerada para que as famílias possam ter dignidade e viver a partir do que elas estão cultivando e criando. O MDS, junto com a Embrapa, tem como meta trazer os Sisteminhas para o Pará e outros estados. Nós temos muitas regiões vulneráveis, comunidades que precisam, e isso é uma solução, principalmente para essas famílias que não têm oportunidade de trabalhar ou produzir o próprio alimento. Elas vão poder tirar daqui para sua alimentação e para venda", detalhou o pesquisador da Embrapa João Paulo Both.
Como funciona o Sisteminha
O Sisteminha é composto por cinco módulos interligados: tanque de peixes, galinheiro, composteira, minhocário e área de produção vegetal. O sistema funciona de forma integrada, aproveitando os resíduos de cada etapa como insumo para a seguinte.
O tanque cimentado abriga peixes de espécies escolhidas de acordo com a região do país. O tanque conta com uma bomba, que filtra os resíduos e limpa a água, deixando-a rica em nutrientes. Ela pode ser usada na irrigação de cultivos como milho e mandioca, definidos pelos próprios produtores conforme as características locais.
Os resíduos dos peixes são encaminhados para um espaço de compostagem. Após alguns dias, esse material é levado a um pequeno espaço suspenso, onde ficam as minhocas, que fazem o trabalho natural de compostagem e transformam os rejeitos em húmus, um adubo orgânico rico em micro e macronutrientes. O húmus pode ser usado no plantio ou comercializado, por ter alto valor de mercado. Em outro módulo, os produtores criam galinhas, obtendo ovos e carne de frango, além de mais material para adubo.
“Essas famílias têm a oportunidade de ter a proteína do peixe, do ovo e do frango. Eles também têm a opção de se alimentar das hortaliças, frutas, ou qualquer outra cultura que seja da aptidão deles ou da região. E eles podem cultivar numa área relativamente pequena, de 400 metros quadrados. A gente está falando de ecologia, de mudanças climáticas”, detalhou o pesquisador da Embrapa.
Uma unidade completa do Sisteminha é capaz de garantir a quantidade de carboidratos e proteínas de origem animal e vegetal suficientes para atender cinco pessoas, conforme recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A tecnologia social é ideal para pequenos espaços rurais, urbanos ou periurbanos e pode ser construída em áreas comunitárias para que diversas famílias trabalhem em conjunto. “É combate à fome, segurança alimentar, geração de renda, resiliência climática unindo todas as pontas para que essas famílias consigam garantir o seu direito humano à alimentação e é por isso que este assunto está na COP”, reforçou Patrícia Gentil.
Assessoria de Comunicação - MDS