Notícias
SEGURANÇA ALIMENTAR
FAO e Governo do Brasil impulsionam debate sobre o papel das cidades na transformação dos sistemas alimentares
Foto: Lyon Santos / MDS
Sob a perspectiva do fortalecimento do vínculo entre o campo e a cidade, foi realizado, nesta segunda-feira (3.11), o webinar Cidades que Alimentam o Futuro: Inovações para Sistemas Agroalimentares Urbanos Sustentáveis. Promovido em Santiago, Chile, o evento marcou o Dia Mundial das Cidades, comemorado na data, com o objetivo buscar soluções para tornar as cidades espaços mais habitáveis, inclusivos, resilientes e sustentáveis, a partir da troca de experiências bem-sucedidas.
O webinar foi coordenado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), por meio da área de Sistemas Alimentares Urbanos Sustentáveis, em parceria com a Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE) e o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), no âmbito do projeto regional Sistemas Agroalimentares Urbanos, do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO.
Representantes de governos, organizações da sociedade civil e especialistas da FAO participaram das atividades, com o propósito de trocar experiências, inovações e marcos estratégicos voltados ao fortalecimento da sustentabilidade, da segurança alimentar e da resiliência dos territórios urbanos e periurbanos.
A diretora do Departamento de Promoção da Alimentação Adequada e Saudável do MDS, Patrícia Gentil, compartilhou boas práticas voltadas para garantir a alimentação saudável de populações vulneráveis, a exemplo das políticas públicas que contribuíram para tirar o Brasil do Mapa da Fome em 2025. Entre as ações, ela destacou a Estratégia Alimenta Cidades, coordenada pela Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sesan) do MDS.
“A fome urbana é diferente da fome rural: é marcada pelo acesso, pela distribuição, pela logística, pelo preço, pelo debate sobre o abastecimento nas cidades e pela conexão rural-urbana”, ponderou a diretora Patrícia Gentil, durante participação no webinar.
Estimativas da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) apontam que a população da América Latina chegou ao patamar de 663 milhões de pessoas em 2024, consolidando uma tendência contínua de urbanização que redefine as dinâmicas territoriais, produtivas e de consumo.
“Nesse contexto, os sistemas agroalimentares enfrentam o desafio de garantir uma alimentação acessível, saudável e sustentável, integrando critérios de eficiência produtiva, inovação tecnológica e sustentabilidade ambiental”, explicou o oficial de Políticas da FAO para Sistemas Alimentares, João Intini.
Para a analista de projetos da ABC/MRE, Mariana Falcão, o evento amplia a aliança entre o Brasil e a FAO para conectar as políticas urbanas e rurais, fortalecendo as instituições públicas responsáveis pelo abastecimento e comercialização de alimentos.
“Reúne experiências e ideias que também impulsionam o futuro em espaços de inovação, diálogo e formulação de políticas”, afirmou a representante da ABC/MRE.
Sustentabilidade e inclusão
O oficial principal de Políticas em Desenvolvimento Rural da FAO, Luiz Carlos Beduschi, também coordenador da área para melhorias ambientais da FAO, salientou a importância de continuar trabalhando sobre os sistemas agroalimentares com ações alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
“A transformação dos sistemas agroalimentares no contínuo urbano-rural é essencial para alcançar a segurança alimentar, a sustentabilidade ambiental e o desenvolvimento inclusivo. Só assim poderemos avançar rumo a um melhor meio ambiente, garantindo o caminho para uma melhor produção, melhor nutrição e uma vida melhor, sem deixar ninguém para trás”, declarou Luiz Carlos Beduschi.
A coordenadora de Sistemas Agroalimentares Urbanos, Divisão de Sistemas Agroalimentares e Segurança Alimentar da FAO, Isis Núñez Ferrera, apresentou a mais recente publicação da Organização sobre a transformação dos sistemas agroalimentares a partir de uma abordagem sistêmica, considerando mudanças estruturais desde a produção até o consumo e o pós-consumo.
“Transformar os sistemas agroalimentares urbanos não é algo abstrato: é governar o solo, os alimentos e o bem-estar de formas que permitam criar cidades mais justas, mais verdes e resilientes”, afirmou Isis Núñez Ferrera.
O webinar Cidades que Alimentam o Futuro: Inovações para Sistemas Agroalimentares Urbanos Sustentáveis abriu espaço para o debate em torno de práticas envolvendo planejamento alimentar urbano, agricultura urbana e periurbana; e gestão sustentável dos sistemas de distribuição e comercialização. O evento evidenciou o impacto crescente das cidades na transformação dos sistemas agroalimentares.
Medidas de países como Costa Rica, Chile, Colômbia e Peru, que geraram resultados positivos no tema, tiveram destaque nas discussões. O Instituto Comida do Amanhã, do Brasil, apresentou o projeto Laboratório Urbano de Políticas Públicas Alimentares (LUPPA), que se tornou referência regional e global em governança dos sistemas alimentares urbanos. Outras iniciativas brasileiras também foram abordadas no evento.
Assessoria de Comunicação – MDS, com informações da Assessoria de Comunicação do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO